Maguito Vilela desafia políticos a apontar "banda podre" do PMDB
Para Maguito Vilela, "é obrigação" de quem denunciou mostrar qual é a "banda podre" do partido, pois "o PMDB não quer conviver com ela".
O parlamentar lamentou que seu discurso no dia anterior, quando pregou o desligamento de seu partido do governo, tenha sido desautorizado pelo líder da agremiação no Senado, Renan Calheiros (AL).
- Talvez o líder do meu partido não tenha lido ou ouvido o meu pronunciamento. O que vim fazer (na tribuna) foi defender o meu partido - afirmou Maguito Vilela.
Em entrevista após o discurso, o senador afirmou ter estranhado a posição de Renan Calheiros. De acordo com o presidente do partido, alguns líderes não estão ouvindo as bases e, talvez por esse motivo, o senador por Alagoas tenha dito que ele, Maguito, não falava em nome do PMDB.
Na entrevista, o parlamentar por Goiás disse que 90% do partido quer o desligamento do governo. Afirmou ter conversado com todos os presidentes estaduais do PMDB, assim como todos os presidentes regionais do PMDB Jovem. Maguito Vilela afirmou que, segundo eles, as bases querem o desligamento do governo.
- Quando vou à tribuna fazer um pronunciamento tão contundente como o de quinta-feira, tenho de estar respaldado - afirmou aos jornalistas.
Na tribuna, Maguito propôs que todos os integrantes do PMDB façam uma trégua nas acusações contra o presidente do Senado Federal e seu antecessor na presidência do partido, Jader Barbalho. Lembrou que Jader "não saiu da capital, não saiu da presidência do Senado e está pedindo para acelerar as investigações, para responder uma a uma as acusações".
De acordo com o representante de Goiás, o PMDB é solidário ao presidente do Senado porque não foi apresentada "nem uma prova concreta contra ele". Afirmou que, caso esta prova surja, o partido vai pedir para que ele dê uma resposta.
Maguito Vilela lembrou que o partido "tem responsabilidade histórica e política" com o país. De acordo com ele, o PMDB não tem por que continuar em "um governo insensível à fome e à miséria em todo o país, um governo que privilegia acordos com o FMI (Fundo Monetário Internacional) em detrimento do povo brasileiro". Disse ainda que o PMDB não tem ligação com os grandes escândalos que abalaram recentemente o país, como o programa de socorro aos bancos e o desvio de dinheiro do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.
O presidente do partido disse que o PMDB nunca foi ouvido neste governo. Lembrou que, no pronunciamento anterior, o vice-presidente do Senado, Edison Lobão (PFL-MA), criticou o estado das estradas brasileiras. Para Maguito, cabe ao ministro dos Transportes, Eliseu Padilha - que é do PMDB - mostrar ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, que deixar as rodovias no precário estado em que se encontram "é o mesmo que deixar os hospitais sem soro".
Apesar de pregar o imediato distanciamento do governo, Maguito afirmou que aceitará a vontade da maioria, a ser manifestada na convenção nacional do partido, no próximo dia 9 de setembro.
- Comigo na presidência do PMDB, não vai mandar a cúpula, mas as bases do partido - afirmou.
Em aparte, o senador Amir Lando (PMDB-RO) afirmou que o partido "não pode ser mula de cargas, para carregar candidatos sempre em um papel secundário". Já a senadora Marluce Pinto (PMDB-RR) ressaltou que o presidente do Senado "mostrou todos os documentos" para se defender das acusações. "É bom que agora se relate esse fato para a nação brasileira", observou.
22/06/2001
Agência Senado
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