Mais de 80% das empresas sob ameaça de expurgo do Refis
Mais de 80% das empresas sob ameaça de expurgo do Refis
Um levantamento do Ministério da Previdência constatou que 82,43% da 17.488 empresas que aderiram ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis) na Região Sul estão ameaçadas de serem excluídas do programa por apresentarem irregularidades no pagamento das contribuições previdenciárias correntes. A informação é do coordenador geral de cobrança do INSS em Brasília, Luiz Spricigo.
A inadimplência no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina está bem acima da média nacional. Das 117 mil empresas que fizeram Refis no País, 48,71% apresentam atraso no pagamento das parcelas mensais de INSS deste ano.
O prazo para que as companhias colocassem em dia seus tributos ou enviassem justificativas pelo atraso das contribuições encerrou-se na última quarta-feira. As empresas que não regularizaram a situação serão expurgadas imediatamente do Refis, e os tributos em atraso passam a constar na dívida ativa da União, devendo ser executados judicialmente.
“A situação é muito grave”, afirmou o chefe de divisão de arrecadação da gerência executiva do INSS em Porto Alegre, José Amilton Freire. Ele diz que as empresas que não conseguiram manter o pagamento em dia, mesmo com o parcelamento da dívida antiga, fora do Refis poderão ir à falência.
Na avaliação de Freire, a maioria das empresas inadimplentes não conseguiram reestruturar seus negócios. “Os empresários apostaram na melhoria de faturamento, o que não se concretizou”, disse.
Em Porto Alegre, por exemplo, das 1.900 empresas que aderiram ao Refis, 1.018 estão inadimplentes, o que significa 53,5% do total. A chefe de arrecadação da gerência executiva de Florianópolis, Ranúsia Bonin Correia, afirma que em Santa Catarina, das 4.658 empresas que optaram por Refis, 3.840 têm tributos em atraso. “Os empresários temem as conseqüências, porque não podem contestar a dívida”, comentou.
O valor aproximado da dívida nacional referente às contribuições correntes é de R$ 1,5 bilhão no acumulado de fevereiro de 2000, data de adesão ao programa, a setembro deste ano. O Refis parcelou a dívida das empresas não somente com o INSS, mas também com a Receita Federal e com a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional.
Transporte marítimo na capital catarinense
O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin, recebeu ontem o estudo de viabilidade técnica, econômica e financeira para a implantação do sistema de transporte marítimo na Região Metropolitana de Florianópolis, elaborado pelo Consórcio Geitran-Magna, e comprometeu-se a atuar como um agente promotor no processo de implantação do projeto. A captação de recursos, no entanto, caberá à iniciativa privada.
Os estudos indicam a necessidade de investimentos de R$ 23 milhões. Amin sugeriu que a Geitran-Magna e o Departamento de Transportes e Terminais Rodoviários (Deter) elaborem um programa de edital para apresentar ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para que o órgão tenha conhecimento do programa de investimentos, já que será o agente financiador.
Conforme o projeto, as embarcações serão construídas em alumínio tipo B e poderão transportar 125 passageiros entre os terminais de Florianópolis, Biguaçu, Palhoça e São José. Além da construção das estações de embarque e desembarque, serão necessárias obras de dragagem em diversos trechos das baías Norte e Sul. A estimativa de demanda é de 15 mil passageiros por dia e o valor previsto para a tarifa, de R$ 1,40.
Granito beneficiado do Paraná para a China
Quarta maior exportadora de mármore e granito beneficiado do Brasil, com produção de 32,5 mil metros quadrados por mês, a paranaense Michelangelo faz em dezembro, no Porto de Paranaguá, os últimos embarques de um lote de 14 mil m² de ladrilhos de granito calibrados vendidos para a China, a primeira operação da empresa naquele País. O contrato, fechado em abril, um ano depois de iniciadas as negociações com importadores de Xangai, pode ser apenas o primeiro de uma série de outras vendas para o mercado chinês.
“Estamos participando de uma série de cotações”, informa Priscila Fleischfresser Costa, gerente da área internacional da Michelangelo, esperando que outros negócios possam ser fechados a partir do primeiro semestre de 2002. Ela está otimista porque o produto da fábrica paranaense, que será usado na construção de um hotel em Xangai e em um condomínio residencial de luxo em Hong Kong, está competindo com os próprios chineses e com as indústrias italianas, as mais tradicionais e tecnologicamente avançadas do setor.
Com previsão de chegar a abril do próximo ano produzindo 41 mil m² de chapas e ladrinhos por mês, 20,7% mais do que os atuais 32,5 mil m² fabricados em sua planta industrial de Quatro Barras, Região Metropolitana de Curitiba, a empresa credita sua expansão à competitividade de seu produto no mercado externo, principalmente por causa de preços e prazos de entrega menores. “Hoje, os compradores exigem de duas semanas a um mês para receber o material”, informa.
Com 85% de sua produção comprometida com vendas para outros países, uma participação pelo menos 10 pontos percentuais superior aos números do último exercício, a Michelangelo vem mantendo uma postura agressiva no que se refere ao mercado externo. Mantém nove pessoas exclusivamente voltadas para essa área, participa de feiras do setor em todos os continentes e envia pelo menos uma vez por mês, uma pessoa aos Estados Unidos, país que absorve 85% de suas vendas externas.
Somente na semana passada, dois de seus funcionários desembarcaram em Curitiba, vindos do Chile e da África do Sul, para onde foram em busca de novos clientes. A fábrica também está exportando para toda a América Latina, Austrália, Alemanha, Inglaterra, Canadá e México. Além do extremo Oriente, a empresa vem tentando abrir outros canais de vendas, como o Oriente Médio.
A Michelangelo nasceu em 1972 com uma configuração exportadora e foi a pioneira no Brasil a produzir modulados de mármore e granito calibrados com um centímetro de espessura. Fabricado na dimensão exigidos pelos mercados norte-americano e europeu, o produto é exportado em três dimensões graças aos dois conjuntos de cinco máquinas cada importadas da Itália a valores que Priscila não revela. É também estratégico e não divulgado o faturamento da empresa, que deverá crescer 30% no próximo ano, acompanhando a evolução da produção.
Com 250 funcionários trabalhando em sua fábrica na região metropolitana e nas jazidas de mármore e granito nos municípios norte-paranaenses de Serro Azul e Tunas, a empresa informa que é, atualmente, a líder do segmento no Sul do Brasil. O setor de rochas ornamentais é praticamente dominado pelos Estados do Espírito Santo, Minas Gerais e Bahia que, juntos, respondiam, no ano passado, por 80% da produção brasileira, segundo relatório da Associação Brasileira de Rochas Ornamentais (Abirocha). O Espírito Santo lidera o mercado, com 47% do volume total. De acordo com o levantamento da entidade, o Paraná estaria na quinta posição, atrás do Rio de Janeiro.
Segundo a Abirocha, 56,7% da produção nacional de rocha de 5,2 milhões de toneladas é de granito, 18,3% de mármores e 8,6% de ardósia. Os 16,4% restantes englobam todos os outros produtos. No ano passado, o País exportou US$ 267,4 milhões em rochas ornamentais (US$ 34,9 milhões a mais do que o exercício anterior) e US$ 153,2 milhões em rochas processadas (US$ 37,4 milhões a mais do que em 1999). O material beneficiado agrega de oito a 10 vezes mais valor que o produto não processado.
Calçados e têxteis na preferência do consumo no Natal
Empresários calçadistas gaúchos e da indústria têxtil catarinense estão otimistas com as vendas de final de ano. Números da última pesquisa da Confederação Nacional da Indústria feita pelo Ibope apontam a preferência de 49% dos consumidores do Sul do Brasil para a compra de roupas e calçados no Natal deste ano.
A indústria calçadista do Rio Grande do Sul projeta um crescimento entre 10% e 15% nas vendas para o varejo este ano sobre o ano passado, percentual que é acompanhado pela indústria têxtil de Santa Catarina.
A Maria e Cia, fabricante de calçados femininos para as classes A e B, com sede em Sapiranga (RS), aumentou em 15% a sua produção em relação neste mesmo período do ano passado.
“As respostas dos nossos clientes varejistas confirmam as pesquisas”, disse o diretor comercial, Moacir Dresch. Para este ano a Maria e Cia criou uma linha especial para as festas de final de ano, como forma de garantir o crescimento das vendas. Os novos modelos têm brilho e cores claras, com predominância do branco.
O Grupo Marisol, uma dos grandes fabricantes de têxteis do País, está com o nível de atividades em 95%, quando normalmente nesta época do ano sofria queda de produção. Com parques fabris em cinco municípios catarinenses - Jaraguá do Sul, Benedito Novo, Corupá, Manaranduba e Schroeder -, em três semanas a empresa estará com sua coleção de verão finalizada. A produção mensal deve fechar o ano em 2,2 milhões de peças. “Já tínhamos boas perspectivas, e pelas vendas de novembro isso está se confirmando”, disse o diretor industrial, Sílvio Punchirolli.
A Cia Hering, maior fabricante brasileiro de produtos de vestuário, com sede em Blumenau (SC), observa um acréscimo de 15% a 25% nas vendas para o varejo desde setembro. O superintendente de mercado, Ronaldo Loss, disse que os produtos mais acessíveis, como o vestuário, terão um forte crescimento.
O presidente da Calçados Bibi, de Parobé (RS), Marlin Kohlrausch, informou que “se as lojas de calçados e de confecções souberem ver as necessidades dos clientes, este Natal será muito positivo”. Segundo ele, a empresa, voltada para o segmento infantil, criou 25 novos modelos para incentivar as vendas nos últimos meses do ano.
A expectativa, conforme Kohlrausch, é de fechar o ano com uma produção de 5 milhões de pares de calçados, dos quais 650 mil foram fabricados somente para o final do ano, o que representa 14% da produção total anual. No Natal passado a produção foi cerca de 30% menor, informou o presidente.
A Calçados Bottero, de Parobé (RS), também já sentiu os reflexos positivos do mercado. Disse o presidente Paulo Victor Kauer que a produção deste ano para venda em novembro e dezembro deve aumentar entre 10% e 15% sobre os mesmos meses de 2000.
“Nesta ano, o Natal será das roupas e do sapato, e venderá mais quem tiver qualidade e variedade para atender esta demanda”, afirmou o empresário. Para o verão a Bottero lançou seis linhas, o que reforça a produção anual de 2,5 milhões de pares.
Com as mesmas perspectivas, a Perchet, do Grupo Disport do Brasil, também de Sapiranga, preparou para o final do ano cinco lançamentos de calçados femininos. “Com isso pretendemos fazer parte das boas estimativas de vendas e aumentá-las em 15% sobre o ano passado”, disse o executivo comercial Écio Reis Farias. Nos últimos dois meses de 2000 a produção foi de cerca de 600 mil pares.
Colunistas
NOMES & NOTAS
Rejeição
Dos 50 pareceres prévios emitidos pelo Tribunal de Contas de Santa Catarina desde 1º de outubro, quando o pleno do órgão começou a analisar os dados do ano passado, 27 (54%) recomendam a rejeição das contas às câmaras de vereadores. A maioria das prefeituras deixou de cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, contraindo obrigações de despesas nos últimos dois meses de 2000 sem disponibilidade de caixa para pagamento no mesmo exercício. Na lista dos municípios com recomendação pela rejeição estão Caçador, Cocal do Sul, Cunha Porã e Turvo.
Arrecadação
O BNDES aprovou um financiamento de R$ 4,18 milhões para o projeto de modernização e reestruturação do sistema de arrecadação tributária de Blumenau. Com a verba, a prefeitura vai modernizar os equipamentos e informatizar todos os documentos de arrecadação, treinar funcionários e atualizar cadastros. Em cinco anos, o município espera elevar sua arrecadação, que atualmente é de R$ 40,2 milhões por ano, em 66%.l
Interiorização
O projeto de interiorização do Judiciário catarinense começou ontem, quando a 4.a Câmara Civil do Tribunal de Justiça realizou sua sessão de julgamento nas dependências do Tribunal do Júri do fórum da comarca de Blumenau. Já a 1.a Câmara Civil tem sessões em Tubarão, nesta quinta-feira, e em Joinville, no dia 29 de novembro.
Site Agrícola
Será lançado nesta quarta-feira (21) o site SC-Rural-Informações Agrícolas de Santa Catarina, desenvolvido pelas empresas vinculadas à Secretaria da Agricultura sob a coordenação do Instituto Cepa. No endereço www.sc-rural.com.br estarão informações sobre o meio rural catarinense e sobre os serviços prestados pela Secretaria da Agricultura.
Brut Marson
A alta do dólar, com o conseqüente freio nas compras de importados, foi um dos motivos para a vinícola Marson, de Cotiporã, no interior gaúcho, apostar numa produção especial do seu premiado espumante Brut Marson para as festas de fim de ano. Serão 10 mil garrafas produzidas pelo método tradicional, com a fermentação ocorrendo na própria garrafa.
Prêmios
Produzido com base nas variedades Chardonnay (85%) e Pinot Noir (15%), o espumante Brut Marson, em dois anos, conquistou cinco medalhas em grandes concursos do setor. No “Chardonnay du Monde”, na França, ano passado, o espumante ficou com a medalha de bronze. Conquistou prata, também ano passado, no segundo Concurso Internacional Cidade do Porto, em Portugal, e no Beijing International Wine Challenge, na China.
Embalagem
A Tetra Pak produziu uma nova embalagem para os iogurtes líquidos da Batavo. As garrafas plásticas das linhas Bio Fibras, Kissy, Light e Batido Batavo passam a ter pequenas saliências na parte média superior, o que vai facilitar seu manuseio, oferecendo ao consumidor maior firmeza. A produção das novas garrafas está totalmente concentrada na fábrica da Tetra Pak, que funciona no sistema “parede a parede”, junto à de iogurtes da Batávia, em Carambeí (PR).
Movisoft
Incubada no Pólo de Informática em São Leopoldo (RS), a Movisoft fechou contratos com a Dupont (distribuidor Nestlé), Afubra (20 lojas no Brasil)Agrosys (empresa fornecedora de software para frigoríficos) e Câmara (distribuidor Kibon de Santa Catarina) para o fornecimento de sistemas em plataformas móveis para automação de força de vendas, com participação da Steffen & Pozzi S/A.
Construlista
A New Lead Marketing, editora especializada na produção e distribuição de revistas de conteúdo técnico sobre novos produtos e suas aplicações, lança na região Sul, no próximo dia 5, a Construlista, revista especializada, em construção. Com distribuição dirigida e gratuita, a Construlista pretende ser o meio de comunicação entre arquitetos, engenheiros, decoradores, construtores, lojistas, entidades de classe. A revista terá periodicidade bimestral e tiragem inicial de 10 mil exemplares.
Eventos no Costão
Só na primeira quinzena deste mês, foram 10 eventos. Outros 40 estão marcados até o final do ano, lotando a agenda do Costão do Santinho Resort, em Florianópolis. Empresas como a BMW, Renault, Tim, Brasil Telecom e Ambev estão entre as que escolheram o hotel, situado no norte da Ilha de Santa Catarina, para sediar seus eventos.
Catarinense
A mais antiga empresa de transporte de passageiros do Brasil, a Auto Viação Catarinense, transfere todas as suas atividades de Blu menau para Florianópolis nesta terça-feira. A mudança visa facilitar o trabalho administrativo e concentrar as operações da empresa num só local. A nova sede tem 7,9 mil metros quadrados de área coberta, num terreno de 34 mil metros quadrados. Na cerimônia de inauguração também serão apresentados 40 novos ônibus com chassis Volvo e carrocerias Busscar, que se incorporam à frota de 300 veículos da empresa, que atende 600 mil usuários por mês.
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11/20/2001
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