'Mais Mulher na Política' cobra reforma voltada à participação feminina
Vanessa no lançamento: no atual ritmo, só em 150 anos será alcançada a igualdade de gêneros
A Procuradoria da Mulher do Senado lançou nesta quarta-feira (11) o livreto Mais Mulher na Política, editado em parceria com a Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados.
A publicação mostra a baixa presença feminina na política, apontada por estudo da Consultoria Legislativa baseado em dados da União Interparlamentar da Organização das Nações Unidas. Dos 188 países avaliados, o Brasil ocupa a 156ª posição em termos de ocupação de cargos no Parlamento. A situação também é bastante desfavorável ao país em termos continentais: dos 34 países americanos, o Brasil aparece na 30ª colocação.
O lançamento do livreto marca a segunda fase da campanha “Mulher, Tome Partido”, movimento de conscientização das mulheres para que ocupem cada vez mais espaços na política.
- Se continuarmos no atual ritmo de crescimento de participação da mulher na política, demoraremos 150 anos para atingir a igualdade de gêneros - alertou a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), primeira procuradora da Mulher do Senado, durante o lançamento.
Para a senadora, a baixa participação feminina na política está em total dissonância com o papel e a responsabilidade da mulher na sociedade. A procuradora ressaltou que as nações que avançaram nesse campo instituíram em lei ou de forma voluntária, por iniciativa dos próprios partidos, a alternância de gênero nas candidaturas.
- Devemos avançar para uma reforma política democrática e inclusiva, com lista fechada contendo alternância de gêneros. E que possamos também promover campanhas de maior participação feminina. Dessa forma, estaríamos avançando para uma representatividade de gêneros na política - afirmou Vanessa.
Durante o lançamento, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), lastimou que a representatividade da mulher na política brasileira ainda não tenha alcançado um índice satisfatório. Para ele, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer quando se fala em questões de gênero.
- Embora seja maioria no eleitorado, as mulheres ainda não alcançaram igual representação nas instâncias políticas - ressaltou Renan.
Os números da discriminação
Segundo dados do IBGE, as mulheres no país compõem 51,5% da população e são a maioria do eleitorado, representando exatamente 51,7% do total. Elas estão em maior número nas universidades do país e ocupam 41,9% dos postos de trabalho. Quanto aos salários, a situação se inverte. Elas recebem 27,1% a menos que os homens.
Conforme a senadora, a discrepância dos dados fica evidente quando as estatísticas mostram que aumenta a cada ano o numero de famílias chefiadas por mulheres - hoje já são 38%.
Renan Calheiros lembrou que, tão logo assumiu a Presidência do Senado, em fevereiro deste ano, aprovou a criação da Procuradoria da Mulher, comandada por Vanessa Grazziotin.
- A senadora Vanessa fez um desafio para que eu me comprometesse com a instalação da Procuradoria da Mulher e, de pronto, eu aceitei - disse o senador, para quem a instituição é um importante instrumento de luta pela emancipação da mulher. Ele acrescentou que a política não pode ser um reduto masculino e que são necessárias “campanhas nacionais para estimular a mulher a participar, a ingressar no mundo político”.
O presidente do Senado acrescentou que, durante o mês de outubro, o Congresso Nacional ficou iluminado com a cor rosa, para demonstrar o compromisso da instituição com a campanha do combate ao câncer de mama. Ele falou também da aprovação de projetos apresentados pela CPMI da Violência contra a Mulher, como o que classifica a violência doméstica como crime de tortura.
Também participaram do lançamento a procuradora da Mulher na Câmara, deputada Elcione Barbalho (PMDB-PA); a coordenadora da bancada feminina na Câmara, deputada Jô Moraes (PCdoB-MG); a secretária executiva da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Lurdes Bandeira; a representante da ONU Mulheres para o Brasil, Nadine Gasman; o coordenador do Banco Mundial para o Brasil, Boris Dutra; a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaíde Miranda Arantes; a secretária de Estado da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia; e o presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), Fichél Davi Chargel.
11/12/2013
Agência Senado
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