Mais que educador, Paulo Freire foi militante político, diz José Nery



 Em pronunciamento pela passagem dos dez anos da morte do educador Paulo Freire, nesta quarta-feira (2), o senador José Nery (PSOL-PA) utilizou palavras do próprio educador para homenagear sua inconformidade diante das injustiças sociais.

"Não há mudança sem sonho, como não há sonho sem esperança... A compreensão da história como possibilidade e não como determinismo seria ininteligível sem o sonho, assim como a concepção determinista se sente incompatível com ele e, por isso, o nega", citou o senador.

Nery afirmou que Paulo Freire "questionou de forma contundente todas as formas de ensinar e aprender impostas pela classe dominante" e fez da educação um "instrumento político de combate ao autoritarismo e de luta pela democracia".

José Nery relembrou a trajetória do pernambucano que aprendeu a ler em casa, escrevendo com gravetos, e se tornou referência mundial para intelectuais da educação. O senador recordou que foi nos anos 60 que Paulo Freire desenvolveu seu método revolucionário de alfabetização, "para além da mera aquisição da linguagem escrita", e observou que, na origem de sua teoria do conhecimento, estão suas atividades junto ao Movimento de Cultura Popular de Recife.

- Essa nova teoria valoriza o universo cultural e vivencial dos educandos, estabelece o diálogo como método e, através dele, a construção coletiva do conhecimento. Ao estabelecer uma relação dialógica entre natureza e cultura, faz com que os alunos se percebam como sujeitos, e, portanto, construtores de sua própria história - disse.

Dentro desta perspectiva, prosseguiu José Nery, a alfabetização é um processo de educação permanente, constituindo-se em instrumento de conscientização que gera projetos de transformação da realidade.

- Daí porque, insistia o professor, o ato de educar é eminentemente político, e o ato pedagógico, necessariamente coletivo - pontuou o parlamentar.

José Nery cumprimentou a viúva de Paulo Freire, a professora Ana Maria Araújo Freire, presente à sessão plenária. O presidente do Senado, Renan Calheiros, se associou à homenagem.

Também se manifestaram os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP), que solicitou ao governo providências para a instalação da Fundação Paulo Freire, em São Paulo, e Epitácio Cafeteira (PTB-MA), que observou ser digno de louvor encontrar alguém com o espírito do educador "num mundo em que cada um cuida de si".

02/05/2007

Agência Senado


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