Mais uma atriz global diz que está com medo
Mais uma atriz global diz que está com medo
Beatriz Segall vai ao programa do PSDB para se dizer alarmada com a possibilidade de PT virar governo
A atriz Beatriz Segall estrelou ontem o programa eleitoral do candidato a presidente José Serra, do PSDB. Ela fez um discurso semelhante ao de Regina Duarte, defendendo a eleição do candidato tucano e dizendo-se alarmada com a possibilidade de que o PT chegue ao governo do País.
A atriz procurou a produção do programa de Serra para gravar o depoimento e defender Regina Duarte das críticas que vem sofrendo por se declarar "com medo" da vitória de Lula.
Beatriz irá dizer que, além de temer uma eventual vitória de Lula, também "tem medo de dizer que está com medo". É uma crítica ao que o PSDB vem chamando de patrulhamento petista.
O depoimento da atriz estava programado para ser veiculado às 13h, mas os marqueteiros do PSDB preferiram reservá-lo para o programa da noite, que alcança índices maiores de audiência.
O depoimento de Regina Duarte, no qual ela dizia que tinha medo de uma eventual vitória de Lula porque o candidato do PT teria "mudado muito" nos últimos anos, vem causando polêmica na classe artística.
Ao ouvir o depoimento, a atriz Paloma Duarte procurou o comando da campanha de Lula para criticar a atitude de sua colega e defender a candidatura do petista. O vídeo também foi exibido no horário eleitoral.
Ontem, no Rio, foi a vez do ator Carlos Vereza entrar na polêmica. Ele participou de um evento de apoio a Serra e disse que, assim como Regina, também estava "com medo". Ele disse ainda que sua colega tinha direito a expor sua posição.
O cantor Chico Buarque, que já participou do programa de Lula, também deu sua opinião e, apesar de apoiar o petista, disse acreditar que todos têm o direito de manifestar suas idéias. Segundo ele, Regina Duarte não deve ser criticada.
O depoimento de Beatriz Segall coloca ainda mais "lenha na fogueira". Por enquanto, não se sabe se outros artistas participaram dos programas eleitorais dos dois candidatos.
A prefeitura de São Paulo está contestando as informações apresentadas pelo candidato José Serra (PSDB) durante o seu horário eleitoral. A assessoria da prefeita Marta Suplicy entrou ontem com pedido de direito de resposta no Tribunal Superior Eleitoral contra o tucano. No seu programa de ontem à tarde o PSDB reiterou que a prefeitura do PT em São Paulo é a pior entre as avaliadas por uma pesquisa do Datafolha.
Serra chama PT de "Lulassic Park"
O site da campanha presidencial de José Serra, do PSDB, que estreou ontem reformulado, voltou a ser uma das formas de ataque ao adversário Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
Adotando a mesma estratégia de Serra na TV de chamar Lula para os debates e tentar taxá-lo de fujão, o site ataca agora principalmente os apoios conquistados pelo petista neste segundo turno. Segundo o site, o petista está construindo um Lulassic Park, por causa dos políticos antigos que agora apóiam Lula.
"Lula e seu partido estão reunindo velhos dinossauros da política brasileira. Espécimes que caminhariam para a extinção", afirma um dos textos do site. A referência imediata é aos peemedebistas Orestes Quércia e Newton Cardoso, a Leonel Brizola (PDT) e a um eventual apoio de Paulo Maluf (PPB).
O texto, no entanto, não menciona que Maluf não se pronunciou sobre qual candidato irá apoiar, e que tanto José Genoino (PT), quanto Geraldo Alckmin (PSDB), que disputam o governo de São Paulo, buscam a adesão de Maluf neste segundo turno.
O site de Lula não sofreu reformulação do primeiro para o segundo turno. O petista apenas incluiu em sua página principal na Internet as imagens e declarações de apoio de Anthony Garotinho (PSB) e Ciro Gomes (PPS), derrotados no primeiro turno da eleição presidencial.
Campanha entre tapas e beijos
O candidato José Serra criticou ontem, durante campanha em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, as administrações do PT no Estado. Serra disse que o governo do PT "levou o Rio Grande do Sul para trás". Ele fez campanha ao lado do candidato a governador Germano Rigotto (PMDB), que lidera as pesquisas no Estado. Após um discurso, Serra chegou a dar um beijo no rosto de Rigotto.
Serra atribuiu ao governo estadual a perda de investimentos, aumento da insegurança, falta de habitação e de obras urbanas importantes, sem citar dados comparativos. "Este é o PT da administração, diferente do PT da tevê, e tem também o PT do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)", afirmou.
Serra disse que o Rio Grande do Sul é o Estado onde há mais latrocínios e relacionou ao PT do MST o suposto boicote que o governo estadual teria feito ao Banco da Terra. O candidato tucano enfatizou a votação que obteve no Estado e em cidades do Pará administradas pelo PT, onde disse ter vencido a eleição em três de cinco municípios governados pela legenda de seu adversário Lula.
Lula diz que adversário busca cartão vermelho
Lula disse ontem que Serra adotou uma estratégia errada. "Meu adversário está tentando fazer na política o que um time que está perdendo faz no futebol, ou seja, perdido por um perdido por mil".
O petista comentava as repetidas críticas que vem recebendo do tucano. O principal motivo dos ataques dos últimos dias foi o fato de Lula se recusar a participar de mais de um debate neste segundo turno.
Lula disse que Serra está tentando provocá-lo, exatamente como fazem jogadores de um time que está perdendo. No futebol, assim como na política, o objetivo é tentar forçar a expulsão de atletas da equipe adversária.
O petista voltou a dizer que recusa os debates para viajar pelo País e apoiar os candidatos a governador que estão no segundo turno. "Parece que o adversário não tem viagem para fazer, porque ninguém quer recebê-lo", disse Lula.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, disse que ele e o partido não estão preocupados com o pronunciamento que Serra promete fazer no próximo domingo, conforme tem anunciado. "Tenho preocupação com o Corinthians que vai jogar no final de semana", ironizou.
Genoíno conta com os votos do rival Maluf
O deputado federal José Genoino, candidato do PT ao governo paulista, confirmou ontem que manteve contato – "não pessoalmente", frisou – com o PPB do ex-prefeito Paulo Maluf para discutir o apoio do partido no segundo turno. Mas negou uma eventual coligação ou aliança entre PT e PPB na disputa contra o governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP), que tenta a reeleição. A decisão do PPB sobre o destino, ao menos em teoria, dos quatro milhões de votos malufistas, só deve ser anunciada na próxima semana.
"Quero o voto dos que votaram no Maluf e reafirmo que o voto dos malufistas, pelas críticas que fizeram ao Alckmin na campanha do primeiro turno, tende a vir para mim", disse Genoino. Ele não vê constrangimento, por exemplo, se o deputado Delfim Netto, que é muito ligado a Maluf, pedir votos para ele. "Nos conhecemos há 15 anos, somos adversários, votamos diferente, mas temos uma relação de convívio respeitosa", disse.
Genoino desconversa, entretanto, se o apoio do PPB incluir, por exemplo, a participação de pepebistas tradicionais num ato de campanha, como uma caminhada pelo centro da cidade. "Eu quero os votos, não estou discutindo caminhada, quero caminhar bastante para ganhar muitos votos", disse.
Fica difícil adiar posse para o dia 6 de janeiro
A obstrução da pauta da Câmara por medidas provisórias, e não questões de ordem política, é que deve dificultar a aprovação ainda este ano da emenda constitucional que transfere a posse do presidente da República do dia 1º para o dia 6 de janeiro. A proposta tem o apoio dos presidentes da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), e de boa part e dos parlamentares, mas o tempo será curto para a tramitação.
Aécio criou todas as condições para facilitar o encaminhamento da emenda cuja tramitação está mais adiantada: é a de autoria do deputado José Genoino (PT-SP), já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça, que muda a data da posse para o dia 15 de janeiro.
O presidente da Câmara criou em agosto a comissão especial encarregada de analisar o texto. Sua expectativa é a de que a comissão altere a data de posse do presidente da República e a dos governadores para os dias 6 e 7 de janeiro, respectivamente.
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça, deputado Ney Lopes (PFL-RN), afirma que fará o possível para aprovar a proposta o quanto antes. "É uma medida sensata, que deve ter prioridade", alega. "Marcar a data da posse em 1º de janeiro foi um equívoco dos constituintes".
Mas para votar a emenda da data da posse, os deputados teriam de examinar, antes, 35 medidas provisórias e quatro projetos de lei que tramitam sob regime de urgência constitucional. Se eles conseguirem limpar a pauta e aprovar a emenda, o presidente do Senado, Ramez Tebet, promete aprová-la "voando".
Para Aécio Neves, a posse em pleno Reveillon dificulta a presença de chefes estrangeiros e tira um pouco do brilho da cerimônia.
Rejeição a Serra passa dos 50%
Pesquisa Sensus reitera vantagem de Lula, que tem quase o dobro das intenções de voto do adversário
José Serra tem o mais alto índice de rejeição no segundo turno das eleições presidenciais: 52% dos eleitores ouvidos em pesquisa CNT/Sensus, divulgada pela revista IstoÉ que está chegando às bancas, dizem que não votariam nele de forma alguma. A rejeição do seu concorrente Lula, do PT, fica em 28%. De acordo com o diretor do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, a rejeição a Serra deixa-o numa situação eleitoral "muito difícil", segundo a revista.
A pesquisa CNT/Sensus confirma a liderança de Lula, com 59,3% das intenções de voto no segundo turno da eleição. É quase o dobro do obtido por Serra, que aparece com 30,8%.
A pesquisa Sensus é semelhante ao resultado da última pesquisa Datafolha, realizada no dia 11. No Datafolha, o petista aparece com 58% das intenções de voto e o tucano, 32%.
Nos votos válidos, que não levam em consideração os votos nulos e os em branco, Lula tem 65,8% e Serra 34,2%.
A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 16 deste mês, os dois primeiros dias do horário eleitoral gratuito no rádio e na TV. A CNT/Sensus ouviu 2.000 eleitores em 24 estados. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Virada fica difícil, dizem analistas
A pesquisa Sensus/CNT mostra a consolidação do cenário eleitoral no segundo turno da corrida presidencial, com a liderança de Lula. Além disso, de acordo com os dados divulgados – 65,8% contra 34,2% – a publicidade eleitoral gratuita ainda não provocou impacto sobre a intenção de votos. A avaliação é da socióloga e analista de pesquisas Fátima Pacheco Jordão.
Segundo Fátima, o levantamento indica um cenário de dificuldades para Serra. "Isso porque os dados mostram sinais mais claros e fortes de estabilização dos patamares que os dois adversários vêm registrando neste segundo turno". Apesar da observação, ela acredita que ainda é necessário esperar as sondagens da próxima semana – nas quais os efeitos dos programas do horário gratuito serão mais evidentes - para avaliar se os espaços de Lula e de Serra nas sondagens estão consolidados.
Ao comentar os programas da publicidade eleitoral gratuita, Fátima destaca que, apesar de toda polêmica, a propaganda do PT foi pautada pelo discurso dos tucanos, que o querem os debates. "Se o eleitor tiver a percepção de que Lula se recusa a ir aos debates, isso poderá afetar a campanha dele. Por isso, o formato que o PT está utilizando nos programas é uma maneira de neutralizar esse mote".
A cientista política Lúcia Hipólito, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, acredita que apenas "uma hecatombe ou uma catástrofe" poderá tirar a vitória de Lula. "É muito difícil que ele seja derrotado", disse.
Segundo ela, os índices dessa pesquisa são consistentes com o de sondagens anteriores e também com o resultado do primeiro turno. O crescimento da rejeição de Serra também aponta a dificuldade de reversão desse quadro. "É uma rejeição a um estado de coisas e um conjunto de forças que vem governando esse País", afirmou Lúcia.
A estratégia do medo, adotada pela campanha de Serra contra Lula, é "muito perigosa", na avaliação da cientista política. "Tenho receito da utilização desse tipo de estratégia. É uma faca de dois gumes", disse, ponderando que campanhas negativas podem se reverter contra os autores.
A participação da atriz Regina Duarte, que disse ter medo de ver Lula eleito, não deve ter grande impacto, segundo ela. "Aquele texto parecia um texto decorado", analisou Lúcia.
Presidente entra na TV
Na tentativa de continuar ajudando o candidato tucano José Serra, o presidente Fernando Henrique Cardoso convocou para a quarta-feira uma nova reunião com líderes, dirigentes e governadores dos partidos aliados no Palácio da Alvorada.
Antes, no programa de Serra no horário eleitoral de hoje, o presidente dará novo depoimento em defesa do candidato. Essa participação, a primeira na campanha do segundo turno, foi gravada quinta-feira com o apresentador Gugu Liberato.
No encontro do Alvorada, o presidente e os aliados de Serra vão definir quais serão os últimos passos com que se tentará reverter o favoritismo de Lula.
Carro blindado é reação de Benedita a ameaças
Governadora do Rio, intimidada por traficantes, diz que não se sente acuada, mas passa a ter mais cuidado
A governadora do Rio, Benedita da Silva, disse ontem que não vai reforçar sua segurança e que não se sente intimidada pelas ameaças que recebeu de traficantes. No entanto, ela chegou em um carro blindado, de manhã, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, para visitar obras de um hospital. Benedita afirmou que "os traficantes do Rio estão incomodados com as ações da polícia".
Traficantes ameaçaram a governadora, na madrugada de ontem, por meio da rede de comunicação da PM. Por volta das 4h, prováveis integrantes da facção CV (Comando Vermelho) interromperam as transmissões do sistema de rádio na freqüência do 16º Batalhão (Olaria) e 22º Batalhão (Benfica), da área do Complexo do Alemão.
Os homens se identificaram como integrantes das facções rivais CV e TC (Terceiro Comando) e disseram: "Vamos sair em um "bonde", vamos tocar o terror e matar a governadora Benedita". A Secretaria da Segurança está investigando a origem das transmissões.
Na madrugada da última quarta-feira, traficantes espalharam pânico no Rio, com atentados e confrontos com policiais. Um policial civil morreu, outro ficou ferido, assim como um policial militar.
Na noite anterior, um grupo tentou resgatar traficantes do presídio Bangu 3. A ação foi impedida pela PM. Os presos, então, fizeram uma rebelião, que terminou na manhã do dia seguinte.
Pela madrugada, tiros de fuzil foram disparados contra o Palácio Guanabara, sede do governo, uma granada foi arremessada contra a frente do Shopping Rio Sul e tiros atingiram a fachada da 6ª DP, que fica perto do Batalhão de Choque, no centro, onde estão detidos os principais líderes do CV, como Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, e Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP. Houve confronto com a polícia em outras duas áreas do Rio.
Na noite de quarta-feira, um tiroteio em São Cristóvão, Zona Norte, resultou na morte de dois supostos traficantes e uma moradora ficou ferida por bala perdida.
STJ mant
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