Malta afirma que abandona vida pública se houver provas do seu envolvimento com a máfia das ambulâncias



Em defesa no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar nesta terça-feira (21), o senador Magno Malta (PL-ES), que responde a processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar, afirmou que se for encontrada qualquer prova do seu envolvimento no esquema de fraudes criado para utilizar irregularmente recursos do Orçamento da União na compra superfaturada de ambulâncias, vai abandonar a vida pública.

- Se alguma coisa for provada em relação a um envolvimento meu com os Vedoin, eu me despeço da vida pública - afirmou Malta, após jurar jamais ter ouvido falar na Planam ou em qualquer membro da família Vedoin, proprietária da empresa acusada de gerenciar a chamada "máfia das ambulâncias".

Magno Malta está sendo investigado pelo Conselho de Ética porque teve seu nome citado no relatório parcial da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito dos Sanguessugas por suposto envolvimento com a máfia das ambulâncias.

Em cerca de uma hora, Malta relatou aos membros do Conselho de Ética toda a sua trajetória política e social, desde a época em que, como deputado federal, presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico, até a sua vocação religiosa. Relatou também que foi o fundador, há 25 anos, em seu estado, de uma instituição sem fins lucrativos que dirige até hoje com o objetivo de recuperar usuários de drogas, Disse ainda que possui uma banda Gospel, com a qual viaja pelo interior para divulgar a palavra de Deus, e que, a essa altura da sua vida, não iria "sujar o seu nome" e o seu trabalho social "fazendo acordo com bandido".

-Cresci com um histórico de fazer enfrentamento a bandidos e não de dar a mão e eles - ressaltou.

Quanto à utilização de uma Van por cerca de um ano e meio, que segundo o empresário Luiz Antônio Vedoin teria sido dada como adiantamento de pagamento pela apresentação de emendas ao Orçamento para beneficiar a quadrilha na aquisição de ambulâncias, Malta insistiu na versão de que o carro teria sido um empréstimo pessoal do deputado federal Lino Rossi (PP-MT), que também está sendo investigado pela CPI Mista dos Sanguessugas.

O relator do processo contra Magno Malta, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), chegou a perguntar se o parlamentar pelo Espírito Santo confiava em Rossi e qual o tipo de relacionamento que havia entre os dois, e Malta logo respondeu que o deputado era um "amigo e companheiro" dos tempos em que os dois atuavam na CPI do Narcotráfico. Questionado sobre a possibilidade de Lino Rossi ter usado o seu nome em negociações com a máfia das ambulâncias, Malta disse que não duvidada dessa hipótese.

- Hoje eu acredito em tudo. Mas se houve negociação nas trevas, nada chegou a mim - admitiu o senador.

A respeito das acusações da família Vedoin de que Malta teria recebido propina para colaborar com a quadrilha, o senador mostrou aos membros do Conselho de Ética a cópia de uma ação penal protocolada por ele em Mato Grosso contra tais declarações.



21/11/2006

Agência Senado


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