Malta faz relato de reunião da CPI da Pedofilia em Alagoas



Matéria retificada às 20h45

O senador Magno Malta (PR-ES), que preside a CPI da Pedofilia , fez um relato nesta terça-feira (20) sobre reunião da comissão ocorrida em Arapiraca (AL), há no último fim de semana. Os integrantes da CPI foram ouvir os depoimentos de ex-coroinhas que acusaram padres e dois monsenhores da Igreja Católica de abuso sexual.

O parlamentar disse que o inquérito policial envolvendo denúncia de abuso sexual de menores praticado por religiosos enfrenta sempre grandes dificuldades porque as pessoas convocadas ficam reticentes ou se calam devido ao que ele chamou de "império do medo".

- É uma denúncia de ex-coroinhas que não aguentavam mais o fardo do abuso e, mais que isso, do império do medo sobre suas cabeças. E o império do medo inclui: 'Olha, se você falar alguma coisa, quem vai acreditar em você? Eu tenho poder. Aqui, todo mundo beija a minha mão. Veja os políticos: eles passam por aqui, tiram fotos comigo para ter o voto dos fiéis. Ninguém vai acreditar em vocês' - disse o senador.

Classificando o caso como "absolutamente emblemático", o senador disse que os ex-coroinhas gravaram em vídeo os abusos sofridos por parte dos monsenhores Luiz Marques e Raimundo e do padre Edilson, quando tinham 12 e 13 anos de idade. O padre Edilson optou pela delação premiada e confirmou o abuso, segundo Magno Malta.

O senador ressaltou que a CPI da Pedofilia não está investigando a Igreja Católica que, como instituição, "é maior do que o homem", conforme afirmou.

- Estamos investigando indivíduos que, travestidos de religiosos, abusam de crianças - disse o senador, acrescentando que, para sua vergonha, pois é evangélico, no mesmo dia participou, junto com o Ministério Público, da prisão de quatro pastores.

Magno Malta assinalou que os pedófilos usam o ambiente religioso para ficar acima de qualquer suspeita e porque ali sempre irão encontrar quem os defenda. Além disso, sabem da vulnerabilidade das crianças pobres e se tornam seus benfeitores. Para ele, a instituição só erra quando é conivente, quando descobre que o indivíduo abusa de crianças e, em vez de entregá-lo às autoridades, o promove e o coloca em outra paróquia.

O senador louvou a decisão do papa Bento XVI, de entregar às autoridades os religiosos denunciados por pedofilia. Ele disse ter apresentado na CPI da Pedofilia um voto de aplauso ao Papa por sua decisão e se solidarizou com todos os católicos, pedindo que não se deixem abalar em sua fé.

- A decepção é com homens, não é com Deus; Deus nunca decepciona - afirmou.



20/04/2010

Agência Senado


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