Mantega: está difícil conceder aumento real elevado para o salário mínimo



O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega, praticamente descartou na Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização , na tarde desta terça-feira (18), a concessão de um aumento real elevado para o salário mínimo, a ser anunciado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos próximos 40 dias.

- Está difícil. O aumento deve ser algo muito próximo da correção monetária - disse.

Mantega respondeu a indagações de deputados de oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que lembraram a insistência do PT, nos últimos anos, para que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso elevasse o salário mínimo para US$ 100.

O deputado Pauderney Avelino (PFL-AM) insistiu que o PT fez um acordo na Comissão de Orçamento, no ano passado, para que o governo que fosse eleito em outubro de 2002 elevasse o salário mínimo para pelo menos para R$ 240. Agora, com o recrudescimento da inflação nos últimos meses, só para acompanhar a inflação o salário terá de ser elevado para R$ 234, conforme cálculos do deputado.

Guido Mantega reafirmou que, neste momento, um dos grandes objetivos do governo Lula é ganhar confiança dos investidores. Por isso, o Palácio do Planalto cortou gastos de R$ 14 bilhões, aumentou os juros -porque a inflação subiu um pouco-, elevou o superávit primário e negociou um acordo com o Fundo Monetário Internacional. Isso abre espaço para que sejam reduzidos os juros e o tamanho da dívida pública, além de controlar a inflação e permitir o crescimento econômico de forma sustentada.

O alto gasto com os juros da dívida pública - segundo o ministro de R$ 118 bilhões em 2002 - é hoje o maior problema que o governo enfrenta, ao lado dos gastos com inativos do serviço público. Ele insistiu na aprovação, pelo Congresso, da reforma da Previdência, não apenas para reduzir os gastos públicos a médio e longo prazos, mas também para sinalizar aos investidores que o governo Lula -busca realmente o equilíbrio fiscal do Estado-.

Ao explicar o adiamento dos gastos de R$ 14 bilhões do orçamento, Guido Mantega admitiu que, se a arrecadação federal se elevar, o governo poderá autorizar a liberação destas verbas. Por enquanto, esta perspectiva -ainda não existe-, citando que a arrecadação dos dois primeiros meses deste ano caiu 0,18% em relação ao mesmo período do ano passado.



18/03/2003

Agência Senado


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