Mão Santa diz que reforma previdenciária mal feita pode inviabilizar serviço público



O Senado não vai abdicar de sua função constitucional de analisar, debater e modificar uma proposta de emenda constitucional (PEC), mesmo porque, na opinião do senador Mão Santa (PMDB-PI), se isso acontecesse, no caso da reforma da Previdência, por exemplo, o texto final poderia sair do Congresso repleto de equívocos. Ele informou que, além de discordar de vários pontos da proposta do governo, vai lutar para evitar a votação apressada da matéria na Casa, que poderá inviabilizar o serviço público.

- Como dizia Maquiavel, em O Príncipe, reformar já é complicado, porque retira privilégios e os que vão ser beneficiados não acreditam na intenção, portanto não pode ser feito de chofre. Em Roma já se dizia que quando se faz um julgamento com pressa, nós podemos nos arrepender do erro. Isso não será feito aqui, pois a reforma que está chegando ao Senado deverá ser modificada - previu o senador.

Comunicando que já apresentou cinco emendas à proposta votada na Câmara, Mão Santa disse temer que, em caso de ser aprovada do jeito que está, a reforma da Previdência vá abalar para pior a estrutura do serviço público do país. Em sua opinião, haverá um verdadeiro desmonte do serviço público, especialmente no âmbito do Executivo.

Para o parlamentar, será impossível manter no serviço público aqueles profissionais mais qualificados que dedicaram toda a vida a esse trabalho se estes souberem que vão receber um salário de cerca de R$ 2.500.

- Como você vai pagar um valor desses a um professor universitário, um médico, que se dedica a atender os mais pobres, exatamente aqueles que mais precisam do serviço público. Está claro que o profissional vai buscar um serviço privado - afirmou, acrescentando que também é contrário à idade mínima para aposentadoria e à redução das pensões.

Para Mão Santa, o Congresso é foro adequado de debate e modificação de uma proposta, pois nele se encontram os mais legítimos representantes do povo. -Por isso o Congresso não pode ser lacaio do Poder Executivo. Não é assim a democracia-.

Em apoio ao orador, o senador Papaléo Paes (PMDB-AP) disse que também discorda da intenção do governo de querer votar com rapidez reformas que alteram, essencialmente, a vida das pessoas.



05/09/2003

Agência Senado


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