MARINA DEFENDE ÍNDIO QUE LEU CARTA DE PROTESTO
- Não há motivo para vergonha nem para pedido de desculpas, já que o índio apenas descreveu como foram cometidos os pecados contra seu povo nesses 500 anos - disse a senadora. Ela leu na íntegra a carta do Pataxó, que entrou na igreja acompanhado de 40 índios levando nas mãos uma faixa preta em sinal de luto.
"Vocês têm que ter respeito porque essa terra pertence a nós. Quando chegaram aqui, essa terra já era nossa. O que vocês fazem com a gente? Mais de seis milhões de índios foram reduzidos a apenas 350 mil", disse Matalauê em seu discurso. O ritmo das frases e a escolha da linguagem levaram a senadora à convicção de que o índios não dependeram de ninguém para realizar o ato.
A senadora lembrou que o Papa já havia pedido perdão pelos "pecados" cometidos pela Igreja Católica durante o processo de colonização do território brasileiro. A própria Confederação Nacional dos Bispos do Brasil já havia também feito um pedido de perdão em razão dos massacres de índios e negros.
- Pedir perdão depois da confissão de um pecado está de acordo com a homilia da Igreja - disse a senadora. Ela citou passagens da bíblia como recurso para justificar a manifestação dos índios. Uma delas foi o episódio em que Jesus Cristo expulsa os mercadores do templo, chamando-os de "ladrões", palavra bem mais dura do que as utilizadas pelo índio Pataxó.
A senadora denunciou a forma "preconceituosa" com que estão sendo tratados os índios da Bahia, impedidos até de registrar seus filhos com nomes de seu repertório. Matalauê, por exemplo, oficialmente se chama Jerry Adriani. Marina Silva, que têm duas filhas registradas como nomes índios (Amoara e Mayara) observou que muitos nomes inventados "e até feios" são aceitos pelos cartórios.
28/04/2000
Agência Senado
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