MARINA PROPÕE MORATÓRIA PARA PRODUTOS DE ENGENHARIA GENÉTICA



A senadora Marina Silva (PT-AC) propõe a suspensão por dois anos do plantio, comércio e consumo de organismos modificados através de engenharia genética. A senadora quer que durante a moratória sejam aprofundados os estudos sobre o impacto destes produtos na saúde e no meio ambiente. Ao final dos dois anos, a Comissão Nacional de Biossegurança decidiria pela prorrogação ou não desta proibição, através de ampla consulta junto a órgãos de defesa do consumidor, da saúde e do meio ambiente, além das partes envolvidas com o uso, a exploração e o consumo de sementes geneticamente alteradas.- A utilização destes organismos tem sido objeto de imensa polêmica. Trata-se de uma tecnologia nova, que ainda não passou pelo crivo de estudos de longo prazo que poderiam determinar seus potenciais efeitos sobre o meio ambiente e a saúde - justifica a senadora.Marina lembra os recentes lançamentos nos Estados Unidos, pela empresa Monsanto, da soja RR, resultado da adição de genes de uma bactéria, de vírus e de petúnia. Em seguida, outra empresa, a Novartis, lançou o milho Bt, também alterado geneticamente. Segundo a senadora, esses fatos foram suficientes para dar início a um amplo debate, principalmente na Europa, maior mercado desses grãos, sobre a oportunidade do seu consumo. "Cientistas, governos, ambientalistas e órgãos de defesa do consumidor argumentam que não há garantias de que estes organismos sejam isentos de potencial alergênico", relata a senadora.O cruzamento desses produtos com espécies nativas poderia gerar perda de biodiversidade, segundo avaliação da senadora. De acordo com Marina Silva, importantes organismos europeus vêm se pronunciando contra o consumo dos organismos alterados. Ela informa que o Parlamento Europeu votou recentemente moção de censura à liberação do milho alterado e países como a Itália, França e Áustria já proibiram a sua entrada em seus territórios. Além disso, relata a senadora acreana, o Congresso Mundial dos Trabalhadores em Alimentação, realizado no ano passado em Genebra, também aprovou resolução contra esses produtos até que se tenha segurança sobre os seus efeitos.Marina Silva acha que o Brasil deve se diferenciar no mercado como um dos países que não admitem os organismos alterados geneticamente, dada a procura por produtos biologicamente seguros nos mercados europeus.- A introdução da soja modificada nas plantações argentinas e americanas, mesmo que ainda em pequena escala, as tornou alvo de boicote na Europa. Isto nos faz os únicos exportadores de peso a não utilizar soja geneticamente modificada, cuja procura vem crescendo. A introdução dos organismos geneticamente alterados eliminaria uma significativa vantagem econômica em potencial - ressalta.

28/09/1998

Agência Senado


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