MARINA RELATA PARTICIPAÇÃO EM REUNIÃO DA SBPC
"Que a Amazônia, além de ser sinônimo de moderno, também consiga ser eterna", disse hoje (dia 21) a senadora Marina Silva (PT-AC), ao relatar sua participação na 49ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), realizada em Belo Horizonte. No evento, ela fez uma conferência sobre o uso múltiplo da floresta amazônica, mostrando que é possível construir um modelo de desenvolvimento racional que leve em conta as peculiaridades da região.
- Em primeiro lugar, é bom ressaltar que a palavra amazônica, por natureza, é diversidade. Portanto, não podemos tratar nenhuma proposta de atividade econômica ali como sendo a solução única - disse a senadora em seu relato.
Na opinião de Marina Silva, o uso múltiplo da floresta comporta várias atividades, incluindo a exploração de madeira, a cultura agro-florestal e a agricultura, desde que sejam respeitados critérios de sustentabilidade. "Precisamos fazer uma revisão do modelo de desenvolvimento que impera na Amazônia. Os grandes projetos sempre fracassaram. O governo precisa incorporar as várias experiências de desenvolvimento sustentável que vem sendo realizadas na região", alertou a senadora.
Ela criticou os fundamentos teóricos que amparam a ocupação da região amazônica, entre eles o de que a floresta é homogênea e o de que a região é um vazio demográfico. Marina rejeitou a idéia do "deserto verde" e disse que a Amazônia é habitada e que a visibilidade conquistada pelos povos da floresta tornou mais difícil a idéia de um desenvolvimento baseado na colonização.
A senadora explicou que todos os recursos naturais da Amazônia podem ser explorados de forma sustentável, inclusive a madeira. Lembrando que, na infância, aprendeu a respeitar o meio ambiente em razão do receio que os povos da floresta tinham de ofender divindades, como a mãe-d'água (deusa dos rios), Marina Silva lamentou que a exploração realizada hoje tenha revogado esses mitos, não os substituindo por nenhum método mais eficaz de conservação dos seus recursos naturais.21/07/1997
Agência Senado
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