MARINA VAI AO INPE OUVIR DADOS DE DEVASTAÇÃO DA AMAZÔNIA



A senadora Marina Silva (PT-AC) afirmou ontem (dia 23) que é bem-vinda, ainda que tardia, a publicação dos dados referentes às áreas desmatadasna Amazônia durante os três anos do governo Fernando Henrique Cardoso. Elaanunciou que vai a São José dos Campos, São Paulo, na próxima segunda-feira (dia 26) para acompanhar, junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a divulgação desses números.

Embora afirme que não quer "ter ilusões", Marina Silva espera que os índices não sejam "tão drásticos" quantos os levantamentos anunciados durante os governos Collor (desmatamento total de 12.062 quilômetros quadrados) e Itamar Franco ( 14.896 quilômetros quadrados destruídos). Segundo informou, a comunidade científica, ONGs e sociedade estão na expectativa para saber se houve redução acelerada da cobertura vegetal.

A senadora espera que, ao anunciar os dados, o governo não acene apenas com medidas meramente discursivas para diminuir o impacto: "Não basta jogar para a platéia. É preciso que se tomem medidas adequadas e com participação da sociedade." Ela defendeu que o Executivo consulte setoresligados à discussão de preservação da biodiversidade amazônica, colocando-se ela mesma |à disposição, porque existem "riquezas em abundância - hoje desperdiçadas - que podem gerar a auto-sustentação da região, sem que seja preciso devastar a sua floresta."

- O governo dispensa quase R$ 5 bilhões para a Zona Franca de Manaus, que não utiliza a matéria-prima local Com um pouco mais de inteligência e recursos, poderíamos incentivar atividades produtivas no campo da agroindústria, processando a matéria-prima, incorporando mão-de-obra local, gerando empregos e tributos - comentou Marina.

Marina Silva a senadora destacou que a maior oposição que o governo federal sofre dentro da Amazônia, entretanto, vem da sua própria base de sustentação, que identifica ações alternativas e como algo contrário aos interesses da região." Adoção de tais medidas - como o aproveitamento da jarina, um marfim vegetal que é o quarto produto de exportação do Equador para a Itália, que o transforma em botões e acessórios femininos - são a solução para quem não pode competir com Sul e Sudeste na produção de grãos, ponderou.



23/01/1998

Agência Senado


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