Marisa Serrano: Lula e o PT não querem imprensa livre 'porque não querem ser cobrados'




A senadora Marisa Serrano (PSDB-MS) considerou "preocupantes" as críticas que o presidente Luís Inácio Lula da Silva, a candidata à Presidência da República Dilma Rousseff e o ex-ministro José Dirceu fizeram nos últimos dias à imprensa. Ela assinalou que não é a primeira vez que o presidente e líderes do PT e de centrais sindicais "atacam a imprensa" quando discordam de fatos noticiados, especialmente acusações de corrupção no governo.

- Eles não querem imprensa livre, porque não querem ser cobrados. Essa é a essência da questão. Quem é honesto, bom administrador, responsável, respeita o Estado Democrático de Direito, não tem medo da imprensa. Mais ainda: respeita a imprensa - acrescentou a senadora, ressaltando que ameaçar a liberdade de imprensa é ameaçar a democracia.

Marisa Serrano lembrou que o ex-ministro José Dirceu declarou a militantes petistas, na Bahia, que a vitória de Dilma Rousseff nas eleições facilitará o projeto político do PT. Esse projeto, disse, inclui o controle dos meios de informação. Já o presidente Lula teria declarado, em comício na cidade de Campinas (SP), depois de criticar os "formadores de opinião": "Nós somos a opinião pública".

- Opinião pública são todos os brasileiros exercendo sua autonomia, seus julgamentos pessoais, seu escrutínio, seu livre arbítrio. A opinião pública não pode ser confundida com a cabeça de uma só pessoa. Só quem gosta de ditadura é que imagina que pode comandar a cabeça das pessoas - afirmou.

A senadora também criticou a intenção do PT e de organizações sindicais de realizarem "um ato contra a liberdade de imprensa" nos próximos dias, em São Paulo. Ela afirmou que se "trata de uma insensatez que assombra aqueles que acreditam na democracia e que lutaram contra a ditadura". Os organizadores do ato alegam, disse Marisa Serrano, que as recentes denúncias de corrupção e tráfico de influência seriam "uma manobra eleitoreira das oposições para prejudicar" a candidata Dilma Rousseff.

Marisa Serrano disse ainda que o presidente Lula chegou a afirmar na semana passada que órgãos de imprensa estariam agindo "como partidos políticos" e, por isso, deveriam ser combatidos, "sugerindo, em última instância, que eles devem ser extirpados". Ela se disse impressionada com o fato de que, "em pleno século 21, o presidente Lula não tenha conseguido se atualizar numa matéria tão essencial como essa" e que a militância do PT chame a imprensa que faz críticas de "mídia golpista".

- Neste aspecto, dou razão a Caetano Veloso, golpista é todo aquele que investe contra a liberdade de imprensa. Golpistas são aqueles que querem criar uma cortina de fumaça contra as malfeitorias da Casa Civil e dos Correios. Golpistas são aqueles que desejam de todas as maneiras ir contra o debate democrático. Golpistas são aqueles que querem infantilizar a sociedade brasileira, afirmando que o povo não tem discernimento para julgar o que os seus olhos estão vendo e seus ouvidos estão escutando - sustentou a senadora Marisa Serrano.

Em aparte, ela foi apoiada pelos senadores João Faustino (PSDB-RN) e Roberto Cavalcanti (PRB-PB). Cavalcanti informou que um primo que dirigia empresas de comunicação da família foi assassinado, em 1984, por grupos descontentes com críticas que recebiam. Fora isso, houve pressão econômica sobre as emissoras de rádio e televisão da família do senador. No entanto, Cavalcanti disse que, se houve excesso nos discursos de Lula, ele se deve à campanha eleitoral.

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) informou, também em aparte, que se encontrava no palanque quando Lula fez críticas aos jornais, em Campinas, pois estava "muito indignado" com fatos que vinham sendo noticiados. No entanto, garantiu que o PT "sempre defenderá a liberdade de expressão, pois ela é fundamental".



21/09/2010

Agência Senado


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