MÉDICO BRASILEIRO APONTA PREJUÍZOS DA MENSTRUAÇÃO
A menstruação feminina é anti-natural, prejudica a saúde e o bem-estar da mulher, e deveria ser abolida pelo uso de anticoncepcionais injetáveis: o autor destas afirmações polêmicas, que provocaram intenso debate nos meios científicos e agora chegam ao grande público, é Elsimar Coutinho, professor da Universidade Federal da Bahia, entrevistado pelos jornalistas Fernando Cesar Mesquita e Cláudia Carneiro para a TV Senado. O programa Vai ao ar sábado e domingo, às 11h, com reapresentação às 23h.Coutinho tem entre suas clientes que fizeram opção por não menstruar algumas mulheres famosas, como a apresentadora de televisão Marília Gabriela. Escreveu o livro Menstruação, a sangria inútil, já editado nos Estados Unidos, a partir de observações clínicas e pesquisas realizadas nos últimos 30 anos, e sustenta que a menstruação não é um fenômeno natural, e sim um acontecimento raro na Natureza, a qual programa as fêmeas para alternar gravidez e amamentação, processos hormonais que impedem a ovulação e o posterior sangramento uterino.A mesma situação teria sido característica da espécie humana em seus primórdios, e também da maior parte da população do planeta, até há poucas gerações: "as mães que tinham dez, 15 filhos, quase nunca menstruavam; menstruar não é natural, e sim amamentar e engravidar", explica o médico.Segundo Coutinho, a suspensão da menstruação traz benefícios para a saúde da mulher, suprimindo distúrbios que atingem o corpo e a mente, como a tensão pré-menstrual, as cólicas e a anemia crônica:- A menstruação é um aborto mensal, um desperdício enorme de sangue. Toda mulher é anêmica, tem menos hemoglobina que o homem, e, portanto, os tecidos de seus órgãos recebem menos oxigenação - afirmou.O cientista contestou a opinião de que a supressão da ovulação causaria problemas psicológicos, dificuldades sexuais ou infertilidade, defendendo o ponto de vista exatamente oposto:- Na verdade a menstruação é que é geradora de infertilidade, porque toda mulher experimenta o refluxo de parte do sangue menstrual para outros órgãos, como trompas, ovários e até intestinos, que em 10% delas transforma-se em endometriose, a doença que é a principal causa da infertilidade feminina - assinalou.Coutinho desenvolveu anticoncepcionais que suspendem a ovulação e a menstruação sob forma de injeções, cápsulas vaginais e implantes intramusculares (esses, somente colocados por médicos), todos de longa duração, a partir de três meses. Ele acredita que a fórmula dos contraceptivos orais mantém a menstruação porque se esperava que o método pudesse, por isso, ser aceito pela Igreja Católica, e indaga: "por que as mulheres jogam esse sangue fora, se ao tomar a pílula não estão ovulando?"Atualmente pesquisando um anticoncepcional masculino, a partir da substância gossipol, retirada do algodoeiro, o cientista acredita também na tendência de que, com a evolução das técnicas da fertilização in vitro e da clonagem de células, a reprodução humana vá se tornando independente da relação sexual, e que esta, por sua vez, seja cada vez mais destinada à satisfação do casal.
16/06/2000
Agência Senado
Artigos Relacionados
LAURO CAMPOS APONTA PREJUÍZOS DA LEI KANDIR
Sérgio Souza aponta prejuízos da seca na região Sul
Cristovam aponta prejuízos do Congresso com "escândalos invisíveis"
Rosalba Ciarlini aponta prejuízos à economia do RN decorrentes das chuvas
ALCÂNTARA APONTA DEFICIÊNCIAS DO ENSINO MÉDICO
Sarney apresenta melhora, aponta boletim médico