Mercadante discute agenda bilateral com secretário norte-americano
A agenda bilateral de comércio entre o Brasil e os Estados Unidos foi o tema de encontro do líder do governo, senador Aloizio Mercadante (PT-SP), com o secretário adjunto de Comércio dos Estados Unidos, William Lash III, na manhã desta quinta-feira (27) Enquanto este manifestou o interesse norte-americano em um combate mais eficiente à pirataria nas áreas de CDs e de programas de computador, o senador observou que o Brasil quer ver reduzidas as barreiras comerciais impostas pelos americanos a produtos onde possui maior competitividade, como álcool, açúcar, suco de laranja, têxteis e aço.
Lash não quis comentar se o possível conflito entre os Estados Unidos e o Iraque e suas prováveis repercussões sobre a economia brasileira foram tratados durante o encontro. Mas Mercadante informou ter deixado claro ao secretário norte-americano que a posição brasileira é em defesa da paz mundial. Segundo o senador, a guerra não interessa ao Brasil, já que existem ainda saídas diplomáticas.
O líder do governo disse, após receber Lash em seu gabinete, que o comércio bilateral poderia alcançar US$ 100 bilhões anuais em um período de 10 anos. O atual patamar de US$ 30 bilhões foi apontado por Mercadante como muito limitado em relação à potencialidade das trocas bilaterais. O comércio dos EUA com o Canadá, comparou o senador, supera a casa dos US$ 500 bilhões por ano.
Para tanto, ele considera fundamental a redução das barreiras tarifárias impostas pelos EUA aos produtos brasileiros de maior competitividade naquele mercado. O senador disse ainda que manifestou a Lash a preocupação do Brasil com os CDs piratas, independentemente do interesse norte-americano. -São cerca de 100 milhões de cópias que deixam de pagar impostos e direitos autorais aos músicos brasileiros-, quantificou.
Os assuntos discutidos na reunião fazem parte de uma agenda que inclui as negociações para a criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Lash, que está envolvido diretamente com o tema, fez questão de esclarecer que não houve nenhum objetivo de prejudicar os países do Mercosul na proposta apresentada no último dia 15, de liberalização tarifária no âmbito da Alca.
O secretário disse que foi uma proposta inicial dentro de um processo de negociação -contínuo-. O tratamento tarifário oferecido ao Mercosul foi menos vantajoso que o proposto para outros blocos americanos, que envolvem países do Caribe, América Central e os signatários do Pacto Andino.
De acordo com a proposta norte-americana, enquanto as economias do Caribe teriam 91% dos seus produtos industrializados e 85% dos agrícolas liberados de tarifas para os EUA, os países do Mercosul só seriam beneficiados em 58% das exportações de industrializados e 50% das agrícolas. A justificativa dos norte-americanos é de que, nesse trabalho de reconhecer as -necessidades especiais- das economias de menor porte, levou-se em conta que o Mercosul possui países mais desenvolvidos, como o Brasil e a Argentina. -Mesmo o Paraguai e o Uruguai, embora pequenos, são muito maiores que outras economias do Caribe-, disse Lash.
27/02/2003
Agência Senado
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