Mercadante: licença de Sarney depende de Lula, "em prol da governabilidade"



O líder do PT e do Bloco da Maioria no Senado, Aloízio Mercadante (SP), reafirmou, nesta quinta-feira (2), a posição que o partido irá levar logo mais ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a respeito da crise na Casa: o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), deve se licenciar do cargo, a fim de permitir uma ampla reforma administrativa encaminhada de forma suprapartidária. Mercadante, no entanto, disse que a manutenção dessa proposta dependerá da orientação de Lula, analisadas as conseqüências que tiver para a aliança com o PMDB e, por extensão, da governabilidade.

Dizendo esperar o apoio de Lula a essa posição, Mercadante defendeu a bancada das acusações de "covardia" que tem partido da imprensa, baseadas na interpretação de que os petistas não estariam sendo duros o suficiente com Sarney. E procurou mostrar ao PMDB que a idéia não é dar um golpe no presidente.

- Não estamos pedindo a renúncia de Sarney, mas apenas um afastamento temporário - disse o senador, que relatou a pouca disposição de Sarney para com a receita levada a ele em duas ocasiões pelo PT.

Do DEM, Mercadante cobrou que assuma suas responsabilidades com os erros cometidos, além de viabilizar uma solução que evite culpar apenas uma pessoa pelas irregularidades. Os democratas apoiaram a eleição de Sarney, mas na terça (30) retiraram seu apoio e pediram a licença do presidente.

- O DEM não pode desembarcar agora, romper com o presidente Sarney. Até porque como tem ocupado a 1ª Secretaria nos últimos anos, sua responsabilidade administrativa tem sido decisiva - afirmou o senador paulista.

Mercadante procurou também ressalvar que não é intenção do PT depor a atual Mesa Diretora, que continuaria seu trabalho. A reforma administrativa poderia, no entender dele, ser discutida em uma comissão especial. O caminho seria elaborar um projeto de lei de responsabilidade fiscal e administrativa para o Senado com metas de redução de despesas e aumento da eficiência.

Entre as saídas para o corte de despesas, o parlamentar voltou a mencionar a diminuição gradual de servidores; a transformação do serviço médico do Senado em um pronto-socorro; e a extinção do Instituto Legislativo Brasileiro (ILB), órgão de treinamento, e do Interlegis, que funciona como órgão de integração com as assembléias legislativas estaduais e as câmaras de vereadores.

- Nós não temos direito de ter um serviço médico próprio quando há hospitais que não tem nem maca - disse o líder petista, observando que os parlamentares e servidores já tem direito a um plano de saúde com direito a consultas e outros procedimentos fora das instalações do Senado.

Mesmo reconhecendo que a atual Mesa tem reagido com medidas às pressões por mais transparência e moralidade administrativa, o líder do PT assinalou a importância de que o Senado passe a ser comandado de forma cooperativa pela Mesa e um colégio de líderes partidários, assim como já ocorreria na Câmara dos Deputados.



02/07/2009

Agência Senado


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