Mercadante: ministro da Justiça deve esclarecer denúncias da "Veja"



O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), concordou da tribuna que o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, preste todos os esclarecimentos que estiverem ao seu alcance sobre a denúncia da revista Veja desta semana. Conforme a revista, o PT montou uma equipe, durante a campanha eleitoral do ano passado, destinada a torpedear os outros candidatos à Presidência e a defender Luiz Inácio Lula da Silva.

Mercadante disse que, a princípio, algumas coisas não fazem sentido como denúncia, como é o caso da renúncia do vice-presidente do candidato Anthony Garotinho, Costa Leite.

- Ele deixou a candidatura porque se descobriu que ele trabalhara para o antigo Serviço Nacional de Informações. O PT antes de ser governo nunca teve acesso ao SNI - afirmou.

Sobre a destruição das fitas cassete do episódio do seqüestro e morte do prefeito petista Celso Daniel, de Santo André, Mercadante sustentou que quem mandou destruí-las foi um juiz, por entender que elas tinham sido obtidas ilegalmente, por grampo telefônico não autorizado. Com a destruição, também foi anulado o inquérito policial.

Já o suposto dossiê de mil páginas que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) teria entregue a uma pessoa da equipe encarregada de torpedear os adversários de Lula, -é um fato que o próprio senador pode esclarecer-, disse Mercadante.

Em aparte, Antonio Carlos confirmou ter sido procurado há poucos dias pelo jornalista Policarpo Júnior, da revista Veja, mas disse que não entregou dossiê de mil páginas envolvendo o ex-diretor do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-caixa de campanha de José Serra na candidatura ao governo paulista.

- Até porque o dossiê de Ricardo Sérgio não tem mil páginas, apesar de quase chegar a isso - afirmou de forma irônica o senador baiano.

O líder Aloizio Mercadante disse também considerar -pouco provável- que o sindicalista Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, vice na chapa comandada por Ciro Gomes, tenha se envolvido nos episódios citados pela revista - ele teria sido ameaçado por telefonemas avisando que seria distribuído um dossiê sobre irregularidades que Paulo Pereira teria cometido na direção da Força Sindical. O senador lembrou ainda que as denúncias contra Paulo Pereira foram feitas muito antes da campanha eleitoral e não havia nenhuma novidade no caso.

- No entanto, quem tem muito a explicar sobre espionagem telefônica é José Serra - sustentou Mercadante. Ele lembrou as denúncias de contratação, durante sua gestão no Ministério da Saúde, de uma empresa destinada a fazer varredura de telefones do ministério.



28/10/2003

Agência Senado


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