Saturnino apóia convite ao ministro para esclarecer entrevista à "Veja"
Ao manifestar sua concordância com o requerimento assinado pelos senadores Romero Jucá (PSDB-RR) e Paulo Octávio (PFL-DF) convidando o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, a prestar esclarecimentos em Plenário sobre entrevista concedida à revista Veja sobre a reforma agrária, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) registrou que o debate com os senadores será importante para esclarecer as declarações do ministro.
- Nessas circunstâncias de entrevistas dadas a órgãos de imprensa, nem sempre se reflete o pensamento do entrevistado. Colocações inesperadas, questionamentos que pegam de surpresa o entrevistado ou a própria composição das perguntas e respostas muitas vezes distorcem os pensamentos. Se isso tiver acontecido, não será a primeira vez que constataremos - afirmou Roberto Saturnino.
Antes de Saturnino, da tribuna do Plenário, Romero Jucá disse que as declarações do ministro precisavam ser melhor explicadas, já que poderiam incitar os sem-terra a invadir áreas rurais. O senador por Roraima também havia registrado que Rossetto, na entrevista, confundiu -legalidade e democracia com anarquia, bagunça e agressão ao Estado de Direito-.
Respondendo ao senador do PSDB, Saturnino lembrou do tempo em que era deputado federal, no governo João Goulart. Ele disse que Jango foi deposto pela força das armas a partir de uma conspiração que envolvia os setores da sociedade que repudiavam todas as reformas, em particular a reforma agrária.
- Houve uma reação da sociedade conservadora que se apoiou nas armas das Forças Armadas para derrubar o governo. Havia reação às reformas de base como um todo, mas especialmente à reforma agrária. Por isso, é perfeitamente natural que representantes das forças conservadoras subam à tribuna do Senado para, baseados em entrevistas, alertarem sobre perigos que a sociedade está sofrendo. Como houve no tempo de João Goulart - comparou Saturnino.
O senador pelo Rio de Janeiro também destacou a importância da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para a reforma agrária no Brasil. Mesmo reconhecendo que o governo Fernando Henrique Cardoso avançou no assentamento de trabalhadores, Saturnino observou que, não fossem as invasões de propriedades improdutivas e as demais ações do MST, as conquistas dos sem-terra seriam bem menores.
Logo em seguida, o senador Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM) discordou da opinião de Saturnino sobre os motivos que derrubaram o governo João Goulart. Ele disse que Jango -caiu muito mais porque havia pessoas que colocavam dubiedades como essas de Rossetto do que pela tese da reforma agrária-.
24/03/2003
Agência Senado
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