Mercadante: 'Só a concorrência pode reduzir os juros'



Durante os debates com os presidentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, Antonio Francisco de Lima Neto e Maria Fernanda Coelho, realizado na tarde desta quarta-feira (18), vários senadores opinaram sobre os caminhos que podem levar a uma queda nos juros que os bancos cobram dos correntistas. Aloizio Mercadante (PT-SP) acredita que "só a concorrência entre os bancos irá baixar os juros" e lamentou que esteja ocorrendo concentração no setor bancário com a crise financeira - o Banco do Brasil já comprou a Nossa Caixa do governo de São Paulo e parte do Votorantim.

Mercadante previu ainda que o mundo irátrabalhar "por muito tempo" com restrição de crédito, o que tem afetado seriamente o comércio internacional. Para ele, a existência de bancos oficiais no Brasil, especialmente o BB, a Caixa e o BNDES, evitou que a crise atingisse com mais violência a economia do país. Ele considerou também que o BB e a Caixa, apesar de apresentarem as taxas mais baixas do sistema bancário, "ainda trabalham com spreads altos demais".

O senador João Tenório (PSDB-AL) levantou dúvidas sobre a importância da inadimplência, apontada pelos bancos, nos elevados juros cobrados dos consumidores e correntistas, "que chegam a absurdos 192 por cento ao ano no cheque especial". Tenório também desconfia que a redução dos juros sozinha não irá reativar a economia nacional aos níveis dos primeiros nove meses de 2008.

- Nos Estados Unidos, na Europa e no Japão os juros estão praticamente em zero e suas economias continuam enfrentando dificuldades - disse João Tenório.

Já o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), que defendeu o "cadastro positivo" de bons pagadores, sugeriu que o governo faça uma campanha educativa para levar o consumidor a procurar os bancos e financeiras que têm os juros mais baixos. Ele propôs ainda, para reativação da indústria, que os bancos oficiais ofereçam financiamentos de móveis e eletrodomésticos às pessoas que tomam empréstimo para construção ou compra da casa própria. Crivella também sustentou que "bancos oficiais não deveriam executar mutuários que não conseguem pagar prestações da casa própria".

A audiência pública foi realizada conjuntamente entre as Comissões de Assuntos Econômicos (CAE) e de Acompanhamento da Crise Financeira e da Empregabilidade.



18/03/2009

Agência Senado


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