Ministros não acreditam em sabotagem em Alcântara



A hipótese de sabotagem não está descartada, mas é a mais remota na linha de investigações que estão sendo feitas para desvendar as causas da explosão ocorrida no Centro de Lançamento da Base Aérea de Alcântara, no Maranhão, em 22 de agosto passado, quando morreram 21 técnicos e especialistas espaciais. A informação foi a mesma nos depoimentos da equipe do governo brasileiro que participou nesta quinta-feira (4) de reunião conjunta entre as comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), de Educação (CE) e de Fiscalização e Controle (CFC).

O ministro da Defesa, José Viegas Filho, afirmou, em resposta ao senador Hélio Costa (PMDB-MG) - autor de um dos requerimentos pela realização da reunião e primeiro a questionar a possibilidade de sabotagem -, que o governo tomou precauções e adotou medidas de segurança para evitar qualquer interferência eletromagnética no lançamento em curso.

- Temos a obrigação de investigar a possibilidade de sabotagem, mas não temos indícios que nos permitam apontar a probabilidade dessa causa - declarou Viegas.

O tenente-brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, comandante da Aeronáutica, disse que o governo não descartava totalmente essa hipótese, nem antes do acidente. Prova dessa preocupação, frisou, foram as medidas de salva-guardas implementadas no período prévio à explosão. Havia monitoramento de todas as embarcações estrangeiras em território brasileiro, o avião R-99 da Embraer sobrevoava ininterruptamente o sítio das operações, fazendo análise eletromagnética do local, e unidades do Exército cercavam o local, com escuta e observação do Veículo Lançador de Satélites (VLS).

- Nós tomamos tantos cuidados que a data do lançamento do VLS não foi anunciada em momento algum. E sempre trabalhamos com a possibilidade de ocorrer ação estranha, tendo em vista as cifras e os elevados interesses envolvidos no projeto. Havia muitos estrangeiros na região, mas podemos quase que afiançar que não houve no local nenhuma interferência externa que pudesse ter causado aquele acidente - reforçou Bueno.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que, apesar de a equipe de defesa do governo não trabalhar a hipótese de sabotagem ao programa, -existem tantas situações desconhecidas ocorrendo no mundo-, que essa possibilidade deveria ser examinada pelas autoridades. Simon disse ainda que o Congresso quer ajudar nas apurações.

O ministro José Viegas Filho disse ao senador Simon que a ansiedade da sociedade em descobrir as causas do acidente é uma atitude natural, mas reafirmou sua confiança em que a equipe de investigações vai desvendar o ocorrido.



04/09/2003

Agência Senado


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