Mozarildo contesta reportagem do 'The New York Times'



O senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) repudiou nesta terça-feira reportagem publicada no jornal americano The New York Times no último dia 15 e republicada em português na página na Internet do Conselho Indigenista Missionário (Cimi, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil [CNBB], cujo endereço eletrônico é www.cimi.org.br). De autoria do correspondente Larry Rohter - o mesmo que causou polêmica ao afirmar, em outra reportagem, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva estaria bebendo demais -, a matéria afirma que pecuaristas e plantadores de arroz estão convencendo juízes a ordenar que os índios saiam da reserva Raposa-Serra do Sol.

O parlamentar qualificou a reportagem como "um conjunto absurdo de mentiras", lamentando o respaldo dado pelo Cimi à publicação. Afirmou que todo o processo de demarcação da reserva está sub judice no Supremo Tribunal Federal, após a Justiça de Roraima ter constatado nele diversas fraudes, até mesmo de assinaturas.

A reportagem afirma que o presidente Lula hesitou em assinar o decreto formalizando o registro da reserva, o que ensejou os agricultores a entrarem com ações contra a demarcação da reserva. Para Mozarildo, trata-se de "uma grande injustiça" com o atual presidente, que demarcou mais terras que seus antecessores no mesmo tempo de mandato. Só em Roraima, afirmou o senador, foram seis novas reservas, totalizando 36 em todo o país nos quase dois anos do governo de Lula.

De acordo com o representante roraimense, 57% de seu estado foram rateados entre 32 reservas de índios, que representam 8% da população de Roraima. Ele afirmou que os senadores de Roraima, contrários à demarcação da reserva como está planejado, querem retirar 320 mil hectares dos 1,7 milhões de hectares da demarcação original, para excluir da reserva a sede do município de Uiramutã, algumas outras vilas e áreas reservadas à produção de arroz.

A reportagem qualifica como um "procedimento complexo" a demarcação de áreas indígenas no país, procedimento considerado "leviano" por Mozarildo. Ele lamentou que o Senado, que representa a Federação no Estado brasileiro, sequer seja ouvido no processo. Afirmou que em boa hora a Casa constituiu uma comissão temporária externa para tratar da questão das reservas indígenas, uma questão que envolve a segurança e a soberania nacional e também a defesa do patrimônio brasileiro, seja ele em minérios ou em biodiversidade.



19/10/2004

Agência Senado


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