Mozarildo critica concessão de asilo a Battisti e diz que Tarso Genro não devia ser ministro da Justiça
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) criticou, em discurso nesta quarta-feira (11), o ministro da Justiça, Tarso Genro, a quem acusou de não saber que o país vive um estado de direito e de acreditar que ainda é necessário "fazer guerrilhas e movimentos". A crítica do senador fundamentou-se na decisão do ministro de conceder asilo político ao italiano Cesare Battisti, condenado pelo assassinato de quatro pessoas em seu país.
- Ele [Tarso Genro] realmente se pauta por medidas de exceção; não devia nunca ser ministro da Justiça - afirmou o senador.
Mozarildo demonstrou preocupação pelo abalo que a decisão causa às relações entre os dois países e à perda da simpatia e prestígio brasileiros acumulados ao longo dos anos em virtude da "decisão desastrada e quase inexplicável" do ministro.
O senador citou trechos de artigos e reportagens veiculados na imprensa para referendar sua opinião, como o de Sérgio Fausto, coordenador de Estudos e Debates do Instituto Fernando Henrique Cardoso e membro do Grupo de Acompanhamento da Conjuntura Internacional da Universidade de São Paulo. No texto, o pesquisador afirma que Tarso Genro esqueceu a revolta que tal decisão causaria à população italiana, que sofreu nos "anos de chumbo" com os ataques a um Estado democrático, e que tem repulsa ao terrorismo.
Mozarildo também citou artigo do jornalista Augusto Nunes afirmando que "Tarso Genro precisa ser matriculado em um curso de direito para crianças". No texto, o jornalista compara a concessão do asilo político a Battisti com a entrega da militante comunista Olga Benário à Alemanha de Adolf Hitler, onde foi assassinada pouco depois. Para Augusto Nunes, ambas as decisões foram "soberanas, mas ultrajantes".
O parlamentar também citou reportagem em que o ministro das Relações Exteriores da Itália, Franco Frattini, acusou Tarso Genro de "apoiar ideais de guerrilha" e de "confundir os anos 70 do Brasil com a situação vivenciada na Itália no mesmo período".
Mozarildo mencionou ainda que Tarso se sente injustiçado pela grande imprensa, que, em sua opinião, atua para "consolidar o neoliberalismo". O senador ressaltou que o importante para a "boa imprensa" é a livre iniciativa, para sobreviver por seus próprios meios, e não "o modelo de que o ministro parece gostar", dependente do Estado e cumprindo orientações de autoridades, com "trágico resultado" para a liberdade de expressão.
11/02/2009
Agência Senado
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