MOZARILDO DEFENDE EXTINÇÃO DA FUNAI E DA FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE
A extinção da Funai e da Fundação Nacional de Saúde (FNS) foi defendida nesta quarta-feira (dia 10) pelo senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) ao comentar notícia sobre epidemia de malária que se abateu sobre a população de índios Yanomamis. Segundo o senador, a notícia veiculada pela TV Globo na noite desta terça-feira (dia 9) dava conta de que cinco mil Yanomamis - de uma população de nove mil - estava contaminada pela malária. Para o senador, esse número é inexato e a contaminação já pode ter atingido toda a população Yanomami, que não conta com o amparo da Funai e da FNS.Mozarildo explicou que após demarcar uma enorme área para os Yanomamis, "com show pirotécnico de explosão de pistas de pouso", a Funai abandonou os índios à própria sorte. O senador disse que depois da divulgação da notícia o governo irá tomar medidas, serão baixadas portarias proibindo isso e aquilo, mas os órgãos responsáveis pelas comunidades indígenas estão inoperantes e em condições precárias.O senador sugeriu que, sendo difícil o governo extinguir esses órgãos, a Funai e a FNS sejam anexadas às secretarias estaduais e prefeituras, que vêm realmente atendendo as comunidades indígenas. "A Funai e a Fundação Nacional de Saúde são órgãos anacrônicos, monstrengos que servem apenas para sugar recursos, como o Ibama que só proíbe o que não pode executar", afirmou Mozarildo.Em aparte, o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) disse que as políticas ambientalista e indigenista merecem revisão e lembrou quando o Brasil e o mundo defendiam a demarcação da reserva Yanomami, "parecia que eles eram a coisa mais importante sobre a terra". Para o senador, não havia preocupação real com os índios, mas sim com o impedimento da exploração das riquezas da região, e as organizações "supostamente protetoras" esqueceram os Yanomamis depois da demarcação.- Sou defensor da demarcação de áreas indígenas por uma razão muito simples, minha mãe era índia. Mas, é preciso que sejam demarcadas de acordo com as reais necessidades dos índios - explicou o senador.A senadora Marina Silva (PT-AC) disse que também é conhecedora da Amazônia, "pelo seu lado mais perverso, o lado dos excluídos". A senadora defendeu o direito que as comunidades indígenas têm, garantido pela Constituição, de demarcar não apenas uma área física tradicionalmente usada, mas também de preservar sua cultura e costumes.Mozarildo Cavalcanti explicou que áreas estão sendo demarcadas em Roraima sem que as próprias comunidades indígenas sejam ouvidas a respeito e que chegam mesmo a discordar dessas decisões. O senador condenou a nivelação geral que se faz no momento de definir as áreas indígenas, colocando toda e qualquer comunidade no nível primitivo. "Mais da metade dos índios que discordaram da demarcação da nova reserva são funcionários públicos, comerciantes, prefeitos e vereadores", revelou o senador.
10/03/1999
Agência Senado
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