Mozarildo diz que educação ainda distingue grupos raciais



Com base em dados do Censo de 2000, o senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) afirmou nesta terça-feira (11) que a educação no Brasil ainda é distinta para diferentes grupos raciais. Ele reconheceu que aumentou o acesso dos jovens à educação básica e que o país está muito próximo da universalização do ensino, mas sustentou que o Brasil continua sendo uma sociedade com profundas marcas do passado colonial.

De acordo com o parlamentar, a taxa de analfabetismo entre crianças em idade escolar, dos 10 aos 14 anos, é de 3% entre os que se declararam brancos, passa por 8,5% dos pardos, 9,9% dos negros, até chegar a 19,8% entre os indígenas. Constatando que os números reproduzem a velha ordem social do Brasil-Colônia, ele indagou se o Brasil está condenado a repeti-los eternamente.

Na avaliação do parlamentar, a linha capaz de eliminar as diferenças passa por uma ação focalizada, centrada num grupo específico. Em sua opinião, a educação indígena, fundamental para Roraima, devia receber maior atenção do Ministério da Educação, à semelhança do que aconteceu com a educação de afro-descendentes no final do governo de Fernando Henrique Cardoso.

Mozarildo Cavalcanti também notou que os índices de melhora educacional, considerando o critério raça ou cor, são muito próximos uns dos outros, revelando que a ação educacional está sendo levada a cabo de maneira uniforme. Daí por que, no seu entender, a uniformidade da ação mantém as diferenças reveladas e mantidas em nossa história.

O parlamentar considerou ainda preocupante que os índices de analfabetismo no Brasil sejam maiores nas cidades de menor porte.

- Isso indica que tem sido mais fácil para o governo agir nas grandes metrópoles das regiões mais ricas do que nas pequenas cidades, mais pobres - disse ele.

Na análise dos números do censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Mozarildo reconheceu que a situação brasileira já foi pior. Disse que, comparados com os dados do Censo de 1991, todas as taxas apresentaram melhora. E observou que a queda do índice foi maior na faixa de 10 a 14 anos, foco das ações de educação básica convencional, e menor na faixa de mais de 15 anos, normalmente atendida em esquemas como o Programa Alfabetização Solidária e outras ações destinadas a adultos.



11/03/2003

Agência Senado


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