Mozarildo pede explicações ao governo sobre utilização de yanomami como cobaias



O senador Mozarildo Cavalcanti (PFL-RR) pediu esclarecimentos ao Ministério da Justiça sobre denúncia veiculada pelo jornal O Globo, na edição do dia 30 de março, de que índios yanomami foram usados como cobaias em experiências financiadas pelo governo dos Estados Unidos. Segundo a matéria, alguns dos índios morreram em virtude das experiências.

O jornal O Globo noticiou ainda que a Comissão Pró-Yanomami, formada por antropólogos e indigenistas brasileiros, está movendo um processo judicial contra o governo norte-americano por uso indevido de material genético coletado na comunidade sem consentimento. Os yanomami estudam também a possibilidade de pedir reparação por danos causados pela coleta de amostras de sangue.

- É de estarrecer que os nossos índios estejam sendo utilizados como cobaias em experiências e que seu sangue tenha sido obtido de maneira no mínimo fraudulenta, sem consentimento prévio da comunidade, da Funai ou do Ministério da Justiça - afirmou o senador, acrescentando que a Amazônia está sendo invadida e servindo de palco para experiências as mais diversas.

Em aparte, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) disse que os índios brasileiros não podem ser utilizados como cobaias e que o fato que gerou a denúncia publicada pelo jornal O Globo atenta contra a soberania nacional.

- Os índios são nossos primeiros habitantes, temos a obrigação de defendê-los e não podemos permitir que eles sirvam de cobaias em experiências - afirmou Tebet. Ele acrescentou que muitos países desenvolvidos dizem agir em defesa dos povos indígenas brasileiros, mas estão interessados é nas riquezas do subsolo do país.

AmeaçaMozarildo Cavalcanti também registrou denúncia feita pelo jornal Brasil Norte, de Roraima, em 14 de março, de que o líder indígena da região de Surumu, Miracélio Peixoto, junto com sua mulher, Laiza de Souza Peixoto, teriam sofrido ameaças de morte e de expulsão de sua casa por índios de outras tribos.

Miracélio disse ao jornal que entidades como o Conselho Indígena de Roraima, a Funai, o Ibama, a Igreja Católica e algumas organizações não-governamentais - como a TWM - estão incitando uns índios contra os outros ao invés de defendê-los. Na opinião de Mozarildo, as denúncias de O Globo e do Brasil Norte comprovam que a política indigenista brasileira "está entregue ao deus- dará". Ele acrescentou que não existe uma orientação ou fiscalização eficiente por parte do governo.

No mesmo pronunciamento, Mozarildo repeliu trecho de artigo escrito pelo ex-ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, publicado no Correio Braziliense de 27 de março, segundo o qual os políticos de Roraima são classificados como "levianos" por terem afirmado que a demarcação das terras yanomami não observou nenhum critério. O senador disse que leviano foi Passarinho, ao atribuir a declaração aos políticos roraimenses. Segundo Mozarildo, a afirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Geraldo Quintão.

09/04/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Almeida Lima pede explicações sobre propaganda do governo no prédio do Congresso

Randolfe Rodrigues pede explicações ao governo sobre falta de combustível no Amapá

César Borges cobra crescimento e pede explicações do governo sobre queda do PIB em 2003

Mozarildo quer explicações da Venezuela sobre prisão de caminhoneiros brasileiros

Mozarildo pede ao governo que reveja decisão sobre delimitação de reservas indígenas

PREOCUPADO COM SAÚDE DOS YANOMAMI, SUPLICY COBRA ATENÇÃO DO GOVERNO