Mozarildo pede explicações ao governo sobre utilização de yanomami como cobaias
O jornal O Globo noticiou ainda que a Comissão Pró-Yanomami, formada por antropólogos e indigenistas brasileiros, está movendo um processo judicial contra o governo norte-americano por uso indevido de material genético coletado na comunidade sem consentimento. Os yanomami estudam também a possibilidade de pedir reparação por danos causados pela coleta de amostras de sangue.
- É de estarrecer que os nossos índios estejam sendo utilizados como cobaias em experiências e que seu sangue tenha sido obtido de maneira no mínimo fraudulenta, sem consentimento prévio da comunidade, da Funai ou do Ministério da Justiça - afirmou o senador, acrescentando que a Amazônia está sendo invadida e servindo de palco para experiências as mais diversas.
Em aparte, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) disse que os índios brasileiros não podem ser utilizados como cobaias e que o fato que gerou a denúncia publicada pelo jornal O Globo atenta contra a soberania nacional.
- Os índios são nossos primeiros habitantes, temos a obrigação de defendê-los e não podemos permitir que eles sirvam de cobaias em experiências - afirmou Tebet. Ele acrescentou que muitos países desenvolvidos dizem agir em defesa dos povos indígenas brasileiros, mas estão interessados é nas riquezas do subsolo do país.
AmeaçaMozarildo Cavalcanti também registrou denúncia feita pelo jornal Brasil Norte, de Roraima, em 14 de março, de que o líder indígena da região de Surumu, Miracélio Peixoto, junto com sua mulher, Laiza de Souza Peixoto, teriam sofrido ameaças de morte e de expulsão de sua casa por índios de outras tribos.
Miracélio disse ao jornal que entidades como o Conselho Indígena de Roraima, a Funai, o Ibama, a Igreja Católica e algumas organizações não-governamentais - como a TWM - estão incitando uns índios contra os outros ao invés de defendê-los. Na opinião de Mozarildo, as denúncias de O Globo e do Brasil Norte comprovam que a política indigenista brasileira "está entregue ao deus- dará". Ele acrescentou que não existe uma orientação ou fiscalização eficiente por parte do governo.
No mesmo pronunciamento, Mozarildo repeliu trecho de artigo escrito pelo ex-ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, publicado no Correio Braziliense de 27 de março, segundo o qual os políticos de Roraima são classificados como "levianos" por terem afirmado que a demarcação das terras yanomami não observou nenhum critério. O senador disse que leviano foi Passarinho, ao atribuir a declaração aos políticos roraimenses. Segundo Mozarildo, a afirmação foi feita pelo ministro da Defesa, Geraldo Quintão.
09/04/2001
Agência Senado
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