César Borges cobra crescimento e pede explicações do governo sobre queda do PIB em 2003



O senador César Borges (PFL-BA) disse que o ano de 2003 foi perdido para o Brasil, lembrando que a queda de 0,2% no Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado foi o pior resultado econômico alcançado pelo país em 11 anos. - Para se ter uma idéia da gravidade desse dado, basta dizer que, nos últimos 60 anos, em apenas cinco o Brasil apresentou taxa de crescimento negativo - disse o senador baiano. César Borges citou dados que demonstram uma queda de 3,3% no consumo das famílias no ano passado, "o que representou mais fome e mais miséria", acrescentando que o desemprego tem batido sucessivos recordes e que a renda do trabalhador caiu mais de 12%. - Não posso deixar de mencionar que há um ano o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, esteve nesta Casa para reafirmar as previsões do governo de que o Brasil cresceria 2,8% em 2003 - lembrou. César Borges disse que na ocasião ele próprio questionou o ministro sobre um possível otimismo excessivo na previsão, diante do quadro recessivo do momento. O ministro, no entanto, disse ter certeza de que, aprovadas as reformas tributária e previdenciária, e revertidas as expectativas negativas sobre o Brasil, o país poderia terminar o ano com crescimento maior até do que os 2,8% previstos, lembrou. - Pois o Congresso aprovou as reformas que o governo queria, o risco Brasil despencou, o dólar foi controlado, mas não veio o espetáculo do crescimento prometido pelo ministro da Fazenda e pelo presidente da República - lamentou o senador. Na avaliação de César Borges, o Brasil não cresce e não distribui renda porque não há condições para isso. - Temos uma das maiores cargas tributárias do planeta e somos os campeões mundiais quando o assunto é taxa de juros - disse. O senador lembrou que as empresas do setor produtivo são obrigadas a comprometer 35,1% de suas receitas com despesas e encargos financeiros. Em 1994, as despesas financeiras eram de 3,5%; em 1998, 14,2%, e em 2002, chegaram praticamente um terço do faturamento, disse. César Borges também cobrou do governo as promessas de revitalização do Rio São Francisco, a recriação da Sudene e da Sudam, além dos investimentos em infra-estrutura. Ele ressaltou que o país não tem nem mesmo um Plano Plurianual de Investimentos (PPA), porque foi rejeitado o relatório do senador Roberto Saturnino (PT-RJ) que previa uma redução do superávit primário.

Em apartes, os senadores Eduardo Siqueira Campos (PSDB-TO) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA) elogiaram o discurso de César Borges e acrescentaram novos números ao seu pronunciamento. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) concordou com alguns pontos do discurso, mas lembrou aspectos positivos, como o controle da inflação, o aumento de investimentos no Programa Bolsa-Escola e o Bolsa-Família.



03/03/2004

Agência Senado


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