Mozarildo pede sociedade mobilizada contra a corrupção
O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) fez na tarde desta segunda-feira (10) um discurso em que condenou a corrupção como uma fonte de sofrimento social e atraso econômico. Ele felicitou a campanha "O que você tem a ver com a corrupção?", que vem sendo promovida pelo Ministério Público do Estado de Roraima desde o mês de agosto.
- A corrupção é um mal que prejudica todos e temos de estar preparados para enfrentá-la desde cedo - disse o senador.
Segundo o parlamentar, a campanha busca não somente ressaltar a importância de punir e reprimir práticas corruptas e ilegalidades do grande escalão, o que estaria sendo feito pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário. O aspecto principal seria o de induzir uma transformação cultural de longo prazo na forma de se encarar a corrupção.
- Muita gente ainda trata o uso da máquina pública para proveito pessoal, por exemplo, como natural. É preciso eliminar essa compreensão que se enraizou, ao longo de séculos, na cultura brasileira. Ela começa nas pequenas coisas, nos pequenos atos anti-éticos e imorais, para chegar aos níveis mais elevados - observou.
Para Mozarildo, é dever de todos ensinar as crianças que furar filas, tirar vantagem com o troco ou discriminar minorias não são comportamentos adequados e traduzem o preconceito, o egoísmo e a corrupção.
De acordo com o senador, no ranking internacional da corrupção divulgado pela Agência Transparência Internacional, O Brasil tem piorado com o passar dos anos. Em um conjunto de 180 países, do mais honesto ao mais corrupto, o país aparece em 80º lugar, com uma nota de 3,5. Estudos do professor Marcos Fernandes, da Fundação Getúlio Vargas, a corrupção consome mais de R$10 bilhões por ano do Produto Interno Bruto do Brasil, o equivalente a meio por cento das riquezas produzidas no País. Com esse dinheiro, poderiam ser construídas mais de 500 mil casas populares.
- A classe política, com freqüência, é associada à corrupção. Entre nós ela existe, não há nem como pensar em negar. Mas, infelizmente, atos corruptos não se restringem ao Congresso Nacional ou ao Poder Executivo. Aparecem em todos os segmentos sociais - disse Mozarildo, lembrando que uma pesquisa de opinião divulgada pelo Ibope confirmou que 69% dos eleitores já haviam transgredido pelo menos uma vez a lei e que 75% deles cometeriam um dos atos de corrupção listados naquela pesquisa.
- É por isso que é tão difícil eliminar a corrupção. A mudança tem de vir justamente do seio da sociedade, como entende a campanha do Ministério Público - aconselhou o parlamentar.
Ele disse, durante o discurso que há suspeitas de atos de corrupção cometidos na área de saúde do estado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). O parlamentar petebista pediu providências ao Ministério Público, à Polícia Federal, e ao Ministério da Saúde
- A informação que eu tenho é que, na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), a ordem é a seguinte: projeto decorrente de emenda parlamentar é o parlamentar quem indica quem faz a obra. Agora, os projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a cargo do governo federal, têm que ser indicados pelo senador Jucá. Funcionários da Funasa me informaram isso - afirmou Mozarildo.
Segundo ele, em 25 de outubro a Polícia Federal "estourou" um esquema de corrupção na Funasa. Em Roraima, foram presas 32 pessoas acusadas de participar de desvios da ordem de R$ 35 milhões. Essa operação foi batizada de "Metástase". A ela se seguiu a "Operação Anopheles", nome do mosquito transmissor da malária, porque contratos fraudulentos estavam sendo assinados com uma prefeitura do interior para uma obra que deveria evitar a proliferação desse mosquito.
Conforme Mozarildo tanto o coordenador da Funasa no estado, à época da "Operação Metástase", Ramiro José Teixeira, que foi preso e demitido, quanto o coordenador da Funasa no momento da "Anopheles", Marcelo de Lima Lopes, também preso, foram indicados por Jucá.
Mozarildo informou que Lopes foi secretário da Prefeita Teresa Jucá, foi candidato a deputado federal e seria "o preferido" do grupo de Jucá e da sua esposa, Teresa Jucá, que é atualmente secretária do Ministério das Cidades.
- Eu pergunto: vai resolver o problema prender os 'pau-mandados' e não tomar providência contra quem indica os 'pau-mandatos'? - questionou o senador pelo PTB.
Mozarildo afirmou ainda que, há poucos dias, "um experiente, mas comedido senador", aconselhou-o a "ir mais devagar' e "não confrontar o presidente da República, porque sempre sobra para os mais fracos." O parlamentar roraimense disse ter respondido: "Eu nunca confrontei com o presidente da República de maneira gratuita".
- Não encaro o presidente da República como alguém sacrossanto e que não erra. Aliás, para usar uma frase dele, nunca antes, na história deste país, se viu um presidente que nunca sabe de nada - ironizou Mozarildo.
Para o senador, "não se justifica roubar em setor nenhum, mas roubar da saúde realmente é um crime hediondo, porque está tirando da boca do doente o remédio que devia tomar, está tirando da ação de prevenção o equipamento que devia ter".
10/11/2008
Agência Senado
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