Mulheres construindo uma nova ordem econômica mundial



A Marcha Mundial das Mulheres deixou um saldo qualitativo na luta internacional das mulheres. Muitas delas, pela primeira vez, compreenderam a relação entre a qualidade de vida de suas famílias e as decisões dos organismos internacionais. Em 17 de outubro do ano passado, mais de 20 mil feministas de todas as nacionalidades protestaram em Nova Iorque contra a pobreza e a miséria. E entregaram um documento para o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e a Organização Mundial do Comércio. Camponesas peruanas, trabalhadoras rurais da República Dominicana, indianas, africanas, brasileiras e tantas outras mulheres de diferentes países estão empenhadas na luta por uma melhor distribuição de renda entre os povos. Críticas ao sistema neoliberal, estas mulheres querem mais do que o respeito às diferenças de gênero, reivindicam um mundo onde seus filhos tenham saúde, educação, segurança, trabalho enfim, condições para uma vida digna. Se na idade média as mulheres eram queimadas e estigmatizadas, hoje infelizmente elas ainda sofrem toda a ordem de discriminações nos seus locais de trabalho, amargam com salários inferiores aos dos homens nas mesmas funções e lutam contra a violência praticada por seus maridos, namorados e companheiros, além de se rebelarem contra o assédio sexual. Mas estas bravas mulheres estão escrevendo uma nova história. E uma passo importante, sem dúvida, foi a Marcha Mundial de outubro de 2001. Mesmo sem entender o idioma uma das outras, mulheres dos cinco continentes se uniram na América do Norte para lutar por um mundo melhor. Desafiaram os donos do mundo a terem um novo olhar para a sociedade. Os dirigentes dos organismos internacionais não podem mais ignorar tal realidade. Além de atravessar os oceanos para firmar suas posições, as mulheres estão sustentando suas famílias, lutando pela educação dos filhos, brigando por um leito hospitalar e experimentando novas formas de geração de emprego e renda. Neste 8 de março, saúdo as mulheres de todos os hemisférios nesta audiência pública da Comissão de Finanças e Planejamento da Assembléia Legislativa. É uma honra para mim ser a primeira mulher a presidir esta importante Comissão. E da mesma forma que as chilenas, as canadenses, as chinesas, nós gaúchas estamos preocupadas com os rumos deste modelo econômico desastroso. E, no nosso caso em particular, estamos construindo no Rio Grande do Sul uma sociedade mais participativa. Aqui onde homens e mulheres decidem onde serão aplicados os recursos públicos. Desejo que esta força rompa as fronteiras e contribua com a luta de outras companheiras. Afinal, todas sonhamos com um mundo democrático, participativo, justo e sem discriminação.

03/09/2001


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