Nas mãos de Serra









Nas mãos de Serra
Caberá ao próprio ministro da Saúde aparar as arestas no PSDB e reconciliar-se com Tasso Jereissati. Os tucanos entedem que a unidade é fundamental para que a candidatura dele empolgue e deslanche

O PSDB deu o aval que o ministro José Serra, da Saúde, precisava para assumir sua pré-candidatura à Presidência da República. Mas entregou a ele a tarefa de unificar o partido em torno de seu nome e conquistar o envolvimento dos tucanos que preferiam ter como candidato o governador Tasso Jereissati, do Ceará. Entre eles, o próprio Tasso, cuja irritação com a cúpula do tucanato foi exposta em áspera discussão com o ministro Aloysio Nunes Ferreira, da Justiça, revelada pelo Correio. Serra deve procurar Tasso até o próximo final de semana e aparar as arestas necessárias para que sua candidatura seja lançada na próxima quarta-feira sem provocar dissidências no PSDB.

Na noite de ontem, o trabalho de pacificação iniciou-se. O presidente do PSDB, José Aníbal pegou um avião e embarcou para Fortaleza. Jantou com Tasso, que deixou claro que engolirá a candidatura Serra, apesar das desavenças. “Sou um homem de partido. Não vou criar dissidências. Vou me voltar para o Ceará”, disse Tasso a Aníbal. O governador cearense informou a Aníbal que disputará o Senado. Tasso não criará mais problemas. Nem por isso, porém, se sente já empolgado o suficiente para vir a Brasília na próxima semana para o lançamento da candidatura de Serra. “Vou esperar que ele me ligue para ver o que vou fazer”, disse a José Aníbal.

Os detalhes da estratégia que será adotada para o lançamento da candidatura Serra e para o trabalho de pacificação interna foram discutidos num improvisado almoço na casa do deputado Márcio Fortes. Indigesto como o assunto, foi a comida. A empregada de Fortes improvisou macarrão ao alho-e-óleo com peixe e carne. De sobremesa, doces de mamão e de jaca feitos pela mulher do porteiro do prédio. ‘‘Foi ruim à beça’’, admitiu o próprio Márcio Fortes.

A reunião de emergência acertou também como se dará o lançamento da candidatura de Serra — oficialmente uma pré-candidatura, a única, que será confirmada na convenção de 24 de fevereiro. O presidente do partido, José Aníbal, o secretário-geral, Márcio Fortes, e o líder na Câmara, Jutahy Júnior, desembarcaram em Brasília para o encontro. Também estavam lá o próprio Serra, Aloysio Nunes e o ministro Pimenta da Veiga, das Comunicações.

‘‘Serra é o candidato do PSDB à Presidência e quanto a isso não temos mais dúvida’’, disse Pimenta da Veiga ao Correio, lembrando que preferia Tasso Jereissati. ‘‘Mas a unificação do partido em torno dessa candidatura depende da ação do próprio Serra. E isso tem tempo e modo. Se ele agir rápido e com competência, pode ser bem sucedido.’’

O sucesso a que Pimenta da Veiga se referia vai além de conseguir a adesão formal dos tassistas — e de Tasso — à candidatura tucana. O ministro falava da empolgação necessária para fazer uma campanha deslanchar. E, embora tenha formalmente assumido a defesa de Serra depois da desistência de Tasso, o grupo que apoiava o governador cearense ainda não foi seduzido pelo ministro paulista. Nessa situação se encontram os senadores Geraldo Melo e Teotônio Vilela Filho, o ex-governador mineiro Eduardo Azeredo, o governador Almir Gabriel (AL), o secretário-geral da Presidência, Arthur Virgílio Neto, e o presidente da legenda, José Aníbal.

Entusiasmo
Um antigo companheiro de partido de José Serra, e defensor da candidatura do ministro, admite que ele precisará ‘‘fazer os movimentos dele para construir o entusiasmo partidário’’ em torno de seu nome. ‘‘Isso é mais importante que a unidade formal’’, diz. ‘‘Serra não é uma pessoa fácil, mas é inteligente e sabe que não se constrói uma candidatura sem conquistar aliados.’’

Este é o pensamento predominante no PSDB, não apenas no grupo de Tasso. Pimenta disse tudo isso a Serra na terça-feira. ‘‘Ele já compreendeu, agora falta agir.’’ Foi este o tom da conversa de ontem no apartamento de Márcio Fortes.

Apesar do cardápio indigesto, todos procuraram demonstrar que o partido está unido em torno de Serra e minimizar uma possível dissidência de Tasso Jereissati. Mesmo antes da viagem de Aníbal a Fortaleza, os tucanos não acreditavam na hipótese de Tasso formar uma dissidência. ‘‘Pimenta e José Aníbal já estão com Serra. Tasso terá uma decisão partidária e não apoiará outro candidato’’, disse Jutahy. Pimenta confirma a interpretação de Jutahy. ‘‘Tasso não é o mais empolgado ator dessa candidatura, mas não vai, até por inteligência política, abrir uma dissidência. Tasso sabe da importância de preservar o partido’’, garante.
Afastado o perigo de dissidência, os serristas agora têm uma outra preocupação. Precisam garantir dos tassistas um engajamento real. Obter essa empolgação, no entanto, concordam todos eles, depende hoje de uma única pessoa: seu nome é José Serra.


Jungmann irrita cúpula do PMDB
A anunciada pré-candidatura do ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, à Presidência da República irritou toda a cúpula do PMDB, que ontem não poupou críticas à atitude ‘‘atabalhoada’’ do ministro. O presidente do Senado, Ramez Tebet (MS), em entrevista à rádio CBN de Campo Grande, classificou de absurda a pretensão de Jungmann de concorrer à prévia para a escolha do candidato do partido.‘‘A prévia do PMDB não pode servir para alguém se projetar e sair candidato a deputado federal. Ora ... tenha paciência’’, disse o senador, sem esconder sua irritação. ‘‘O PMDB não pode servir trampolim ou pretexto para outras intenções. A atitude de Jungmann não foi adequada’’, concluiu Tebet.

O líder do PMDB na Câmara, Geddel Vieira Lima (BA), também reagiu com ironia e irritação ao lançamento da candidatura Jungmann. ‘‘Processo mal conduzido, extemporâneo, amador, mal preparado, sem consistência’’, classificou Geddel, que ontem ligou para o presidente Fernando Henrique Cardoso para conversar sobre o comportamento do ministro. ‘‘É muita pretensão de alguém que se filiou ao PMDB há menos de quatro meses lançar-se dessa maneira como se o partido não existisse’’, considerou.

Surpreendido por um telefonema de Jungmann às 11h30 da noite da última segunda-feira, véspera do lançamento de sua candidatura, Geddel alertou o ministro: ‘‘Isso não é uma aventura’’. Após ouvir a advertência, Jungmann falou também com o presidente do partido, Michel Temer, a quem mandou um emissário entregar uma carta em que anunciava sua disposição de ser candidato. ‘‘O Michel só não o xingou porque é educado’’, afirmou Geddel.

O presidente do PMDB de Pernambuco, Dorany Sampaio, negou ontem que o partido no Estado tenha declarado apoio à pré-candidatura de Raul Jungmann, como chegou a afirmar o ministro. ‘‘Sou presidente do partido no Estado, não um ditador para impor uma decisão antes de consultar as bases’’, declarou. ‘‘Seria prematuro dizer que a candidatura dele (Jungmann) tem esse apoio no momento’’, disse. Segundo Sampaio, que também é secretário de governo do estado, Jungmann apenas comunicou a ele e ao governador Jarbas Vasconcelos que disputaria as prévias. ‘‘Ele nada solicitou, nada pediu’’, afirmou. O contato com o governador foi feito por telefone, no início da noite de segunda-feira.

O presidente estadual do PMDB nega também que o diretório local tenha recuado em razão das críticas feitas pela cúpula nacional do partido à decisão do ministro de disputar as prévias de março. Ele disse que não sabe o que teria motivado Jungmann a declarar ter o aval das lideranças pernambucanas. ‘‘Ele é quem pode responder isso’’, afirmou.


Bornhausen propõe pacto
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), quer fechar um pacto de não-agressão com a aliança governista que dure até maio. A partir dessa data, ele espera que os outros quatro partidos que integram a base aliada - PSDB, PMDB, PPB e PTB - apóiem o candidato a presidente com maiores condições de vencer as eleições. Ele aposta na governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), que está na segunda posição nas pesquisas de intenção de voto.

Bornhausen almoça hoje em São Paulo com os presidentes nacionais do PSDB, deputado José Aníbal (SP), e do PMDB, Michel Temer (SP), para tratar do assunto. ‘‘É legítimo cada partido procurar seu pré-candidato, mas esperamos que, em maio, possamos convergir para a candidatura que tiver condições de vencer’’, disse o senador, após uma reunião da cúpula do PFL para decidir estratégias de publicidade da campanha de Roseana.
A reunião de hoje também tem como objetivo manter estável a coalizão para garantir a governabilidade do presidente Fernando Henrique Cardoso no Congresso. Os presidentes das legendas devem reunir-se ainda este mês com FHC para discutir o tema. ‘‘Queremos mostrar que estamos procurando, com diálogo, encontrar uma solução de manutenção da aliança para que o País possa manter a rota de sucesso’’, disse Bornhausen.
Ele acredita na possibilidade de a base governista não sair com candidato único no primeiro turno. No entanto, ele promete lutar para que isso não aconteça, apesar de Aníbal sustentar que os tucanos encabeçarão uma chapa, de qualquer jeito. ‘‘Desejamos os cinco partidos juntos’’, disse Bornhausen.

Hoje, os presidentes dos três partidos da base governista _ Bornhausen, José Aníbal, do PSDB, e Michel Temer, do PMDB, almoçam juntos para discutir a cada vez mais improvável manutenção da aliança governista


Oiapoque adere ao euro
Moradores de cidade do Amapá também aprendem a negociar com nova moeda da União Européia, uma das quatro em circulação no município

Não são só os moradores dos países membros da União Européia que estão tendo que se acostumar com o euro. Na pequena Oiapoque, cidade localizada no extremo norte do Amapá, os cerca de 12 mil habitantes também estão se adaptando à nova moeda.

O euro substitui o franco francês, moeda corrente no município por influência da vizinha Guiana Francesa. Há anos, todos os dias, dezenas de guianenses atravessam o Rio Oiapoque, que divide os dois países, para comprar produtos e serviços do lado brasileiro. Além disso, os brasileiros que trabalham no território francês, quando voltam, passam pelo Oiapoque carregados de francos.

‘‘Sem o franco, e agora o euro, dificilmente o comércio local sobreviveria’’, acredita Firmino Martins, dono de uma loja de confecções na cidade. Assim como o estabelecimento de Martins, todos os demais aceitam a moeda francesa.

Apesar de o real ser a moeda oficial brasileira, no Oiapoque é apenas um dos quatro meios de pagamento em circulação: real, euro, franco (que continuará a existir por um curto espaço de tempo) e ouro em espécie (devido às áreas de garimpo existentes na região).

Por enquanto, a moeda unificada da União Européia ainda é escassa na cidade. ‘‘Até agora só fiz duas vendas em euro’’, conta José Carlos Leal, proprietário da Leal Jóias, que fabrica e vende jóias. De acordo com o empresário, o troco para esses dois negócios teve que ser dado em francos. ‘‘Acredito que os próximos 15 dias, quando o euro vai circular em maior volume, serão confusos, mas depois a gente se acostuma.’’

‘‘Estamos vivendo um período semelhante ao início do Plano Real, quando foi instituída a Unidade Real de Valor (URV). Dependendo da forma de pagamento, temos que fazer um cálculo diferente’’, diz Reginaldo da Costa Quaresma, gerente da maior loja do Oiapoque, a Jumaq, especializada em equipamentos para garimpagem e eletrodomésticos.

Dos cerca de R$ 5 mil faturados diariamente pela Jumaq, aproximadamente R$ 1,2 mil são recebidos em francos. Na opinião de Quaresma, o euro vai dar mais poder de compra aos vizinhos guianenses. ‘‘Como o euro é uma moeda mais forte do que o franco, poderemos ter um incremento nas vendas.’’ Nem todos, porém, compartilham do otimismo. ‘‘Os comerciantes do Oiapoque estão iludidos’’, diz Ismael de Oliveira, tabelião da cidade e dono da farmácia Droga Minas. ‘‘É uma simples troca de moeda, o poder de compra dos guianenses não vai mudar’’, sentencia.


Gasolina a R$ 1,55 em Taguatinga
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) divulgou na internet uma lista com os preços da gasolina comum em 61 postos de combustível do Distrito Federal. Cerca de 90% dos estabelecimentos pesquisados estão vendendo o litro por R$ 1,57. Os dois mais baratos, da rede ML Souza e Cia, estão oferecendo o combustível a R$ 1,55. Esses postos ficam na EPTG (QS 01 lt.01) e em Taguatinga Centro (R C-06 lt.01 e 2). Evaldo Andrade de Moraes, gerente dos postos, explica que a redução nos preços foi possível, porque os estabelecimentos cortaram custos. ‘‘Não aceitamos mais cheques por causa da alta inadimplência, nem cartões de crédito devido às taxas cobradas pelas administradoras’’. A rede agora só trabalha com dinheiro e cartões de débito. De acordo com a ANP, os dois postos mais caros são o Elo Comércio e Serviços, que vende a gasolina a R$ 1,59, e o GS Comércio e Produtos Derivados de Petróleo, com o combustível a R$ 1,58. Os dois ficam no Lago Sul. A queda de preço em Brasília está na faixa de 10%. Algo semelhante acontece em todo o país. São percentuais muito distantes dos 20% previstos pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Por isso, convocou para hoje, às 11 horas, uma reunião no Palácio do Planalto com ministros das áreas econômica e energética.


GM pára de produzir caminhões
A General Motors do Brasil anunciou ontem o fim da produção e importação de caminhões GMC no país por causa do baixo desempenho de vendas e do elevado custo de fabricação. No ano passado, foram vendidos 3.970 caminhões, com aumento de 27,08% em relação a 2000. Apesar do crescimento, o volume de vendas foi considerado insuficiente.


Artigos

O respeito e a vassalagem
Luís Costa Pinto

‘‘Notícia é tudo aquilo que incomoda alguém, em algum lugar. O resto é propaganda.’’ Impressa artesanalmente por normógrafo, há alguns anos essa máxima compunha a inusitada e improvável decoração da sala do Serviço de Comunicação Social do Exército. Ela só não está 100% correta porque notícia não precisa necessariamente incomodar, mas singelamente revelar algo desconhecido do público. Urge explicar meu conceito de notícia para seguir esse texto.

Ontem, um pré-candidato à presidência da República (não importa se homem ou mulher) telefonou para reclamar o tratamento ‘‘desrespeitoso’’ que considera estar recebendo do jornal — sobretudo dos textos que eu e Rudolfo Lago, editor de política, assinamos. Avaliou como desrespeitoso o fato de publicarmos a recomposição de diálogos sem que tivéssemos protagonizado tais bate-bocas. Tentou desautorizar avaliações sobre o futuro. Duvidou da veracidade de histórias apuradas com seus adversários. Por fim, desqualificou nossos interlocutores. Ainda submeteu a aceitação de um convite para uma conversa pessoal ao ‘‘bom comportamento’’ que passássemos a ter com ele e com a sua candidatura.

Pretensioso, esse pré-candidato (ou pré-candidata, quem sabe? Não revelarei o gênero de quem me telefonou) não está preparado para o exercício do poder. Não aprendeu a lidar com a transparência. Não consegue sobreviver sob a luz dos holofotes de palanqu e — nutre-se da penumbra que encobre as articulações de bastidor da política. Forjou a própria carreira sob o elogio fácil dos aduladores, apesar da imensa capacidade técnica e da invejável visão das questões públicas que tem.

Temo a ascensão de personalidades que perseguem a unanimidade e encaram a divergência como desrespeito. Tenho medo de quem aniquila o debate para fazer reinar, absolutas, as próprias teses. Decepciono-me com a personalidade pública que amesquinha sua biografia pondo-se no coração de teorias conspiratórias que só existem em sua fértil ilusão. Surpreende-me assistir a alguém que tem mais tempo de política do que eu tenho de jornalismo reconhecer méritos naqueles que, diante dele, se comportam como vassalos. Quero seguir me nutrindo de notícia.


Editorial

DESAFIO

Foi um quase desesperado pedido de ajuda. O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Carlos Ruckauf, veio ao Brasil implorar ao presidente Fernando Henrique Cardoso que o Brasil assuma a liderança do Mercosul. Com o peso da sua importância econômica e territorial no continente, Ruckauf espera que o Brasil auxilie a Argentina a sair da crise.

Pode o Brasil, pelo que representa, contribuir para que organismos internacionais, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), dêem crédito ao vizinho em graves dificuldades. Em um contexto de continente, de Mercosul, espera Ruckauf que, de certa forma, o Brasil avalize as ações argentinas.

O Brasil não deve se furtar ao desafio apresentado pela Argentina. Depois de um enlouquecido período de arrogância, que poderia jogar por terra todo o esforço de cooperação continental e de formação de um imprescindível bloco econômico no Cone Sul da América, a Argentina compreende agora o papel de liderança que cabe ao Brasil no processo.

Nação mais industrializada e de mais forte economia do continente, é mesmo do Brasil que se espera a condução do reerguimento do Mercosul. O país tem a chance de assumir a condição de líder, aceita por todos os países vizinhos. Mais do que isso, pedida por seus parceiros.

É claro que não poderá o Brasil simplesmente ser mero avalista da Argentina. Temos o nosso projeto econômico e os nossos problemas. Lutamos para demonstrar ao mercado internacional que a crise argentina não nos afeta diretamente. Que estamos descolados da economia vizinha. Nesse sentido, nossas ações não podem ser no rumo de nos colar de novo. E a solução da crise na Argentina deve ser técnica, não política. A Argentina cometeu erros, de avaliação e de condução econômica. Terá de admiti-los.

Há, porém, uma condição real de liderança que é pedida ao Brasil que assuma. E o Brasil deve assumir. Com independência e consciente de seu papel. Líder de um bloco econômico, coeso, unido em torno dos mesmos objetivos, tem o país a oportunidade de mudar de patamar, de assumir novo e mais importante papel nas relações internacionais, especialmente nas relações entre os países da América. Se entendido assim, o apelo de Ruckauf pode marcar o início de uma nova era, muito mais rica para o Brasil, na sua relação com os países vizinhos.


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01/10/2002


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