NEY SUASSUNA CONDENA LUCROS DOS LABORATÓRIOS ESTRANGEIROS NO BRASIL



O Brasil precisa agir contra a ambição dos laboratórios farmacêuticos que atuam no país, praticando irregularidades sem sofrer nenhuma sanção das leis nacionais. Com essa tese, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) lembrou nesta terça-feira (dia 14) em plenário que os dez maiores laboratórios estrangeiros em atividade no Brasil enviaram para o exterior, entre 1995 e 1999, cerca de US$1,7 bilhão.

Conforme Suassuna, esse é apenas o valor legal da sangria de divisas operada pelo setor farmacêutico estrangeiro. "É claro que os recursos enviados ao exterior são bem mais robustos que esses, porque os laboratórios estrangeiros são useiros e vezeiros na prática chamada preços de transferência, pela qual eles compram de suas matrizes matéria-prima a preços superfaturados", afirmou o senador.

A prática, de acordo com o senador, é conhecida pelas autoridades brasileiras, pelos laboratórios nacionais, pelos sindicatos de farmácias e drogarias e pela imprensa. "Mas nada é feito a respeito", lastimou. Conforme Suassuna, ao comprarem de suas matrizes componentes a preços até 1.400% superiores aos praticados no mercado internacional, os laboratórios aumentam ilegalmente sua remessa de dinheiro para o exterior, diminuindo também ilegalmente o lucro tributável no Brasil.

Suassuna disse que a prática do superfaturamento foi verificada pela CPI dos Medicamentos e amplamente divulgada sem produzir conseqüências. Ele pediu que o Brasil tenha mais respeito consigo mesmo e imponha sua soberania e suas leis sobre a falta de escrúpulo desses laboratórios. Depois de almejar que um dia o interesse da indústria farmacêutica estrangeira seja contido em favor da saúde do brasileiro, o senador indagou: "quantas CPIs teremos ainda de criar para que chegue esse dia?".

Em aparte, o senador José Alencar (PMDB-MG) considerou importante que o Brasil se conscientize do quanto tem sido explorado. "A gente chega a não acreditar que o país aceite esse tipo de tratamento. E o Brasil, ainda que seja um país grande, forte e rico, vive nesta subserviência, nesse endividamento e nesse déficit crescente", lastimou ele. Depois de dizer que há outros setores no país que importam componentes de si mesmos, José Alencar considerou extremamente necessário que as autoridades fazendárias não admitam impunidade nessa área.

14/11/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


Collor condena 'sofreguidão' de estados produtores sobre lucros do pré-sal

SUASSUNA ACUSA LABORATÓRIOS MULTINACIONAIS DE PRATICAREM PREÇOS ABUSIVOS

Sergio Souza condena 'xenofobia' contra médicos estrangeiros

OSMAR DIAS CONDENA RIGOR DE BANCOS ESTRANGEIROS COM AGRICULTORES

Paulo Paim condena atitude de entidades médicas contra profissionais estrangeiros

Suassuna condena uso político da tragédia do rompimento de barragem na Paraíba