NEY SUASSUNA DEFENDEU ADOÇÃO DE POLÍTICA INDUSTRIAL MAIS SÓLIDA



O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) defendeu nesta terça-feira (dia 7) a adoção, pelo Brasil, de uma política industrial sólida e consistente, que permita ao país reverter o déficit na balança comercial. Suassuna comentou documento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, publicado pela Folha de S. Paulo, indicando a necessidade urgente de o Brasil estimular a fabricação local de componentes eletrônicos, sob pena de gerar uma nova crise cambial, uma vez que o déficit nesse tipo de importação chegou a US$ 6,6 bilhões em 1999. Estudos indicam que esse déficit setorial pode dobrar em cinco anos.

O senador se considera um observador privilegiado nesse setor, por ser relator da Lei de Informática na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e acredita haver causas mais severas para uma balança comercial insustentável a médio prazo. Na opinião de Ney Suassuna, o financiamento do déficit tem sido conseguido com capitais voláteis e com privatizações de estatais.

- É preciso uma política industrial consistente a longo prazo, capaz de dar sustentação ao desenvolvimento econômico e de usar as exportações brasileiras como uma variável efetiva de desenvolvimento econômico - disse.

O senador acredita ainda que o Brasil deve investir em fontes alternativas de energia, como a eólica e o álcool, para "tomar em suas mãos o futuro". Para ele, se o aumento dos preços internacionais do petróleo é uma ameaça para os países ricos, que têm poucas armas para se defender das decisões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), responsável por 40% da produção mundial de petróleo, o Brasil, está em situação ainda mais frágil e não pode assistir passivamente a situação.

Mesmo sabendo que os países da Opep tiveram seu poder diminuído depois das crises de 1973 e 1979, o senador destacou que eles ainda têm peso importante na economia mundial, uma vez que houve poucos avanços no emprego de fontes alternativas e o mundo continua sendo movido basicamente a petróleo. Hoje o Brasil produz cerca de um milhão de barris de petróleo por dia, o que satisfaz dois terços das necessidades nacionais.

O senador afirmou que o aumento dos preços do petróleo faz crescer os lucros do Tesouro Nacional, proprietário da Petrobras, apesar de aumentar o déficit do amortecedor da variação dos preços, a Parcela de Preços Específicos (PPE). Mas o senador considera essa política inadequada a longo prazo, uma vez que a autosuficiência quantitativa só deve acontecer em cinco anos, o que deixa o país muito exposto às variações do mercado internacional.

Suassuna criticou também a atuação isolada da Petrobras, desvinculada de uma política global de energia. Na opinião dele, a empresa, ao invés de comprar petróleo de países que apresentem melhor preço, como vem fazendo, deveria priorizar os que apresentem alguma contrapartida na balança comercial para o Brasil, como o Irã.

07/11/2000

Agência Senado


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