NEY SUASSUNA DEFENDEU ADOÇÃO DE POLÍTICA INDUSTRIAL MAIS SÓLIDA
O senador se considera um observador privilegiado nesse setor, por ser relator da Lei de Informática na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e acredita haver causas mais severas para uma balança comercial insustentável a médio prazo. Na opinião de Ney Suassuna, o financiamento do déficit tem sido conseguido com capitais voláteis e com privatizações de estatais.
- É preciso uma política industrial consistente a longo prazo, capaz de dar sustentação ao desenvolvimento econômico e de usar as exportações brasileiras como uma variável efetiva de desenvolvimento econômico - disse.
O senador acredita ainda que o Brasil deve investir em fontes alternativas de energia, como a eólica e o álcool, para "tomar em suas mãos o futuro". Para ele, se o aumento dos preços internacionais do petróleo é uma ameaça para os países ricos, que têm poucas armas para se defender das decisões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), responsável por 40% da produção mundial de petróleo, o Brasil, está em situação ainda mais frágil e não pode assistir passivamente a situação.
Mesmo sabendo que os países da Opep tiveram seu poder diminuído depois das crises de 1973 e 1979, o senador destacou que eles ainda têm peso importante na economia mundial, uma vez que houve poucos avanços no emprego de fontes alternativas e o mundo continua sendo movido basicamente a petróleo. Hoje o Brasil produz cerca de um milhão de barris de petróleo por dia, o que satisfaz dois terços das necessidades nacionais.
O senador afirmou que o aumento dos preços do petróleo faz crescer os lucros do Tesouro Nacional, proprietário da Petrobras, apesar de aumentar o déficit do amortecedor da variação dos preços, a Parcela de Preços Específicos (PPE). Mas o senador considera essa política inadequada a longo prazo, uma vez que a autosuficiência quantitativa só deve acontecer em cinco anos, o que deixa o país muito exposto às variações do mercado internacional.
Suassuna criticou também a atuação isolada da Petrobras, desvinculada de uma política global de energia. Na opinião dele, a empresa, ao invés de comprar petróleo de países que apresentem melhor preço, como vem fazendo, deveria priorizar os que apresentem alguma contrapartida na balança comercial para o Brasil, como o Irã.
07/11/2000
Agência Senado
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