No seu primeiro discurso na legislatura, Serra homenageia Covas



Pela primeira vez na tribuna, desde que deixou o Ministério da Saúde, o senador José Serra (PSDB-SP) prestou um tributo à memória de Mário Covas, político que, afirmou, dedicou toda a sua vida à causa pública, sabendo conciliar, política, ética, honra e mudança.

- A homenagem que agora prestamos a Covas é um gesto que não apenas enaltece a figura do ex-senador, do ex-governador, mas também engrandece o Senado e a nação - disse Serra.

Como Simon, Serra lamentou que o destino não tenha permitido a Covas que alcançasse a Presidência da República. Porém, ele acredita que o país não esquecerá que Covas fez parte de um grupo de líderes políticos que ajudaram a resgatar a democracia, moralizar a administração pública, estabilizar a economia e iniciar uma nova fase de desenvolvimento para o país.

- Desenvolvi com Mário uma relação cordial, politicamente próxima e por vezes controvertida, como costuma acontecer entre personalidades independentes e teimosas. Nem sempre cultivamos as concordâncias, embora elas fossem muitíssimo maiores que as divergências. Sempre mantivemos uma convivência de respeito e de solidariedade nas horas difíceis - afirmou.

Covas, disse o senador, nunca abriu mão de ser um "democrata radical", apesar de sua atitude ter um custo político e pessoal muito grande, que lhe custou a prisão em 1968 e a cassação do mandato de deputado federal.

- É preciso enfatizar também a austeridade impecável de Covas no tratamento do dinheiro público, que ele sabia aliar a critérios rigorosos na definição das prioridades sociais do gasto - declarou o senador.

Serra lembrou, ainda, que Covas sempre assumia a responsabilidade das medidas que fossem impopulares, característica rara na vida pública. Outra característica do ex-governador, continuou, era a lealdade para com os adversários e a aceitação de idéias contrárias.

- Muitas vezes se disse que Mário Covas era uma força da natureza, que se alimentava do compromisso com a verdade. O que é a coerência se não a reiteração da verdade, sem desvios de conveniência? Ele trouxe para a política essa virtude, privativa dos justos e destemidos - ressaltou Serra.



05/03/2002

Agência Senado


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