Novo diretor do BC diz que "arroubos" em política monetária levam a fracassos



A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) sabatinou e aprovou na noite desta terça-feira (3) os novos diretores de Política Econômica do Banco Central, Afonso Sant"Anna Belivaqua, e de Estudos Especiais, Eduardo Henrique de Mello Motta Loyo. Por mais de duas horas, eles sustentaram o acerto da política do governo de controlar a inflação por meio de juros elevados, para depois promover o crescimento econômico.

Eduardo Loyo afirmou que o mundo dos últimos anos mudou a forma de combater a inflação e sustentar crescimento.

- Há consenso agora de que não há espaço para arroubos de originalidade em política monetária. Nessa área, o experimentalismo está quase sempre fadado ao fracasso - garantiu.

Por sua vez, Afonso Bevilaqua, tetraneto de Benjamin Constant Magalhães, que passou à história como um dos fundadores da República brasileira, admitiu que os indicadores de inflação dos últimos dias mostram queda efetiva, o que abre caminho para que seja -repensado seriamente- o debate sobre queda de juros.

Queda de juros foi a tônica do questionamento dos senadores. Fernando Bezerra (PDT-RN) disse que o Banco Central tem de agir para reduzir a taxa de juros praticada pelos bancos com seus clientes. Aloizio Mercadante (PT-SP), líder do governo no Senado, defendeu a tese de que é questionável o uso de juro alto na quebra de inércia inflacionária, mas não obteve apoio de Afonso Bevilaqua.

César Borges (PFL-BA) e Rodolpho Tourinho (PFL-BA) perguntaram até onde o governo pretende manter a -estagnação econômica-, o desemprego e os juros altos para combater a inflação. César Borges afirmou que o país -está estarrecido- com a divulgação de que, no primeiro trimestre deste ano, a carga tributária do país superou os 41%. Tourinho disse que os juros cobrados hoje pelos bancos -viraram um caso de polícia-, pois chegam a quase 300% ao ano.

Por sua vez, Eduardo Suplicy (PT-SP) voltou a defender a idéia de que as reuniões do Comitê de Política Monetária devem ser transmitidas pela televisão, mas também não recebeu apoio dos novos diretores do BC. Para eles, uma transmissão dessas inibiria a discussão da política monetária. O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) observou que todos os -números bons- da economia -brandidos pelo governo- ou resultam da política do governo passado, como a super-safra de grãos, ou apenas retornam à situação anterior -ao medo da eleição- do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.



03/06/2003

Agência Senado


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