ODACIR SOARES: ABRIR A AMAZÔNIA AO CAPITAL ESTRANGEIRO NÃO É ENTREGA



Depois da abertura de várias atividades econômicas brasileiras ao capital estrangeiro, o senador Odacir Soares (PTB-RO) afirmou que não considera "uma ação de entrega" a permissão para investimentos estrangeiros na exploração mineral da Amazônia. Citando entrevista do geólogo Carlos Oití Berbet, presidente da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), ele lembrou que a Constituição de 1988 eliminou as restrições ao capital estrangeiro.

Na opinião do senador, somados aos recursos nacionais, os investimentos estrangeiros "haverão de impulsionar não somente as pesquisas, estudos e levantamentos do potencial mineral da Amazônia, mas principalmente a sua ativação, em favor da economia regional e do bem-estar das populações daquela região". Mas reconheceu que o projeto de Oití Berbert favorável a essa abertura deverá "ser alvo de uma polêmica similar à que cercou a privatização da Companhia Vale do Rio Doce".

Odacir Soares resumiu o documento "Amazônia, o gigante desconhecido", onde o presidente da CPRM detalha a posição que adota sobre aquela região, afirmando que o país está passando para um período histórico cujas características estão no tripé globalização-meio ambiente-informação. No documento, disse o senador, Oití Berbert critica a situação de abandono a que a Amazônia foi relegada e afirma que a região nunca poderia deixar de ser prioridade nacional, muito menos para a CPRM.

O senador se manifestou solidário com esse entendimento e explicou que, se essa prioridade for dada, "logo virá a resposta positiva, sem dúvida grandiosa, a exemplo do sucesso dos programas governamentais voltados para o conhecimento geológico, que levaram à descoberta de alguns dos maiores depósitos minerais do Brasil e do mundo, nas décadas de 60 e 70". Ele se referia a descobertas como as jazidas de caulim do rio Capim (no Pará), o estanho do Pitanga (no Amazonas), a bauxita (minério de alumínio) do Baixo e Médio rio Amazonas, além do ferro, manganês, cobre e ouro da província mineral de Carajás.

Odacir Soares alertou para o fato de que, se atenção não for dada à região, "advirão apenas resultados negativos, também imediatos e desastrosos para o presente e futuro do país, e até mesmo do continente, visto que a continuação de mazelas antrópicas, como as queimadas, a ocupação desordenada e a poluição urbana estão contribuindo para a destruição de importantíssimas cadeias ambientais".



07/11/1997

Agência Senado


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