Oficina debate ações de combate à tuberculose no Nordeste
O Ministério da Saúde iniciou a primeira etapa de discussões sobre políticas de combate à tuberculose no Nordeste. Foram realizadas duas oficinas - “Tuberculose em população em situação de rua” e “Tuberculose e o Sistema Único de Saúde (SUS)” - durante encontro em Recife, Pernambuco, na quinta-feira (18).
Dados de 2009 mostram que entre as capitais, a média de mortes por tuberculose é de 3,5 por grupo de 100 mil habitantes. Recife registra o pior índice de mortalidade, com 7,7 óbitos/100mil; já Brasília tem o menor, com 0,3 óbitos/100 mil.
O ministério foi representado nos debates pelo coordenador-adjunto do Programa Nacional de Controle de Tuberculose da Secretaria de Vigilância em Saúde, Fábio Moherdaui. De acordo com ele, alguns grupos, segundo levantamento realizado na cidade de São Paulo, apresentaram maior propensão a desenvolver a tuberculose. “Na população indígena as incidências são quatro vezes maiores. Na população de rua, 37 vezes e a população carcerária chega a ter 67 vezes mais casos do que a população comum”, disse.
O coordenador-adjunto avalia que é necessário ampliar as informações sobre a tuberculose, mas ressalta o reconhecimento mundial das ações do Ministério da Saúde contra a doença. “Alcançamos o melhor programa de combate à tuberculose entre países em desenvolvimento. Ciclos de debates como estes servem para orientar e desenvolver novas ações. A realização de estudos e pesquisas da incidência da tuberculose nas grandes metrópoles também pode nos ajudar”, explicou.
As oficinas pretendem mobilizar gestores e sociedade civil para a criação de estratégias que reduzam os obstáculos existentes no atendimento prestado a esta população no SUS. A sociedade civil será representada pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua. As primeiras edições da oficina foram realizadas em Porto Alegre e Brasília. A quarta edição será realizada no Rio de Janeiro, nos dias 25 e 26 de agosto, e envolverá gestores e parceiros da região Sudeste.
Preconceito
Um dos maiores entraves ao atendimento do morador de rua nos serviços de saúde é o preconceito, que interfere no seu acolhimento no SUS. Pesquisas realizadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, em parceria com o Fundo Global, apontam taxas de incidências de tuberculose de 1.576 casos por 100 mil habitantes a 2.750/100 mil entre pessoas que vivem nas ruas. Na população geral, a taxa é de 38 por 100 mil habitantes.
Perfil
Estudo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, divulgado em 2008, revelou que a população de rua é predominantemente masculina (82%), sendo que 53% têm entre 25 e 44 anos. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre População de Rua, pardos e pretos somaram 67% da amostra, que foi de 31.922 entrevistados, em 71 municípios (23 capitais e 48 cidades com mais de 300 mil habitantes).
Sobre vínculos familiares, 51,9% afirmaram ter algum parente na cidade onde moram, e 45,8% sempre viveram no município em a pesquisa foi realizada, ou seja, é originária do mesmo local em que se encontra. Sobre trabalho e renda, 70,9% exercem alguma atividade remunerada, como catador de lixo (27,5%) e flanelinha (14,1%). Porém os níveis de renda são baixos, variando entre R$ 20 a R$ 80 por semana. Apenas 15,7% declararam pedir dinheiro como principal meio para sobreviver.
Fonte:
Ministério da Saúde
19/08/2011 16:18
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