Tuberculose na população de rua é tema de oficina em Brasília
Nos dias 14 e 15 de junho serão discutidos, em Brasília, a alta incidência de tuberculose entre pessoas que vivem nas ruas dos grandes centros urbanos e as ações que podem minimizar o problema. O debate acontece durante a 2ª Oficina Regional sobre Tuberculose e População em Situação de Rua. O objetivo da oficina é mobilizar gestores e sociedade civil para a criação de um fluxo de trabalho que reduza os obstáculos existentes no atendimento prestado a essa população no Sistema Único de Saúde (SUS).
Pesquisas realizadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, apontam taxas de incidência de tuberculose de 1.576 casos por 100 mil habitantes a 2.750/100 mil entre pessoas que vivem nas ruas. Na população geral, a taxa é de 38 por 100 mil habitantes. Isso significa que a incidência de casos de tuberculose na população de rua pode ser até 70 vezes maior em relação à média nacional. Esses estudos foram realizados por secretarias de saúde dos municípios, universidades e instituições parceiras como o Projeto Fundo Global TB-Brasil.
Outra pesquisa, realizada recentemente em parceria pelos Programas de Controle da Tuberculose do estado e município do Rio de Janeiro, com recursos do Projeto Fundo Global, detectou taxa incidência de 1.839 casos por 100 mil entre moradores de rua da cidade da capital fluminense. Tomando por base a taxa da população geral (38/100 mil), o dado representa incidência 48 vezes maior do que a média no País.
"Daí a necessidade de articular nos municípios os serviços de saúde e assistência social para lidar com essa demanda. Entre os desafios está o de assegurar o cumprimento do tratamento de forma adequada por pessoas que vivem em condições de pobreza extrema", afirma o coordenador do Programa Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), Draurio Barreira.
A oficina em Brasília será realizada no Hotel Nacional (Setor Hoteleiro Sul - Quadra 01 - Bloco A) entre 8h30 e 18h, e reunirá técnicos do Ministério da Saúde e representantes das áreas de epidemiologia, atenção à saúde e sociedade civil dos estados das regiões Centro-Oeste e Norte. A sociedade civil será representada pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua.
A primeira edição da oficina foi realizada em Porto Alegre, nos dias 5 e 6 de maio, e reuniu representantes dos estados da região Sul. Depois de Brasília, o cronograma de oficinas sobre população de rua prevê eventos nas regiões Nordeste, nos dias 11 e 12 de agosto, no Recife (PE); e Sudeste, no dias 25 e 26 de agosto, no Rio de Janeiro.
Perfil
Estudo do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, divulgado em 2008, revelou que a população de rua é predominantemente masculina (82%) e 53% têm entre 25 e 44 anos. De acordo com a Pesquisa Nacional sobre População de Rua, pardos e pretos somaram 67% da amostra, que foi de 31.922 entrevistados, em 71 municípios (23 capitais e 48 cidades com mais de 300 mil habitantes).
Sobre vínculos familiares, 51,9% afirmaram ter algum parente na cidade onde moram, e 45,8% sempre viveram no município no qual a pesquisa foi realizada, ou seja, é originária do mesmo local em que se encontra. Sobre trabalho e renda, 70,9% exercem alguma atividade remunerada, como catador de material reciclável (27,5%) e flanelinha (14,1%). Porém os níveis de renda são baixos, variando entre R$ 20 a R$ 80 por semana. Apenas 15,7% declararam pedir dinheiro como principal meio para sobreviver.
Fonte:
Ministério da Saúde
13/06/2011 20:56
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