OMS deve financiar vacina brasileira para esquistossomose



A Fiocruz obteve mais uma conquista no campo de inovação em saúde: o projeto de desenvolvimento da vacina para a esquistossomose, coordenado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), está na lista das propostas demonstrativas em P&D em saúde pré-aprovadas para receber financiamento da Organização Mundial da Saúde (OMS). O anúncio foi feito durante a reunião da Consulta Técnica Global da organização, que ocorreu em Genebra, Suíça. “Esse reconhecimento é fruto de um trabalho de 15 anos que vai dar origem à primeira vacina para helmintos no mundo, e ajudar a combater uma grave doença nas Américas e África”, declara o vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação, Jorge Bermudez. Segundo ele, o projeto será um dos líderes no mundo em demonstração da relação entre pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Os projetos demonstrativos submetidos à OMS deveriam ter como objetivo o desenvolvimento de tecnologias em saúde (medicamentos, diagnósticos, vacinas, entre outros) voltadas a doenças que afetam de forma desproporcional países em desenvolvimento, onde as lacunas no campo de P&D permanecem sem solução devido a falhas do mercado. As propostas, enviadas pelas seis regiões da OMS, deveriam demonstrar alternativas no uso da pesquisa e desenvolvimento que levem a resultados concretos de inovação. Foram submetidos, ao total, 22 projetos, dos quais sete foram selecionados.

As propostas escolhidas serão encaminhadas ao Conselho Executivo da OMS, que vai se reunir de 20 a 25 de janeiro e avaliar quais delas serão submetidas à Assembleia Mundial da Saúde, que vai acontecer em maio desse ano. “Temos expectativa de que o projeto vai continuar a ser apoiado pelos especialistas e países membros da Organização Mundial da Saúde e, com isso, ganhará maior visibilidade e prioridade para receber mecanismos de financiamento da OMS”, declara Bermudez.

Projeto

A vacina para esquistossomose, desenvolvida e patenteada pelo IOC/Fiocruz, é o primeiro imunizante para a doença no mundo. O projeto vem sendo desenvolvido há muitos anos pela equipe da pesquisadora Miriam Tendler, contando com o apoio da presidência da Fundação, que considera que, pelo seu impacto, ele deve ser assumido como um projeto institucional.

O projeto finalizou, no ano passado, a etapa de testes clínicos de fase 1, em seres humanos, que mostraram segurança e eficácia de proteção contra a doença. Para sua produção, os pesquisadores utilizaram a proteína Sm14 - obtida do Schistosoma mansoni, agente causador da enfermidade -, isolada no instituto ainda na década de 1990.

O imunizante também se mostrou eficaz para a fasciolose (verminose que afeta o gado), o que abre espaço para o desenvolvimento de vacinas voltadas a outras doenças humanas provocadas por helmintos. O modelo de pesquisa da Sm14 é também inédito na Fundação, já que é fruto da primeira parceria público-privada desenvolvida pela instituição, firmada com a empresa Ourofino Agronegócios. O anúncio da eficácia e segurança da vacina foi feito em junho do ano passado. O estudo foi apoiado financeiramente pelo IOC e pelos mecanismos de financiamento de pesquisas científicas como CNPq e Finep, entre outros. A esquistossomose atinge 200 milhões de pessoas, e afeta principalmente países mais pobres.

Fonte:

Fundação Oswaldo Cruz



18/12/2013 15:02


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