Onda Ciro poderá arrastar senador para a Câmara Federal









Onda Ciro poderá arrastar senador para a Câmara Federal
O inferno astral de Roberto Freire vai muito além da campanha presidencial. Na sucessão nacional, Freire preparou o ninho para Ciro Gomes e viu sua casa ser invadida por “gabirus”, para usar uma expressão do próprio senador. No processo eleitoral estadual, o problema é outro. Depois de ficar isolado entre os partidos de esquerda, Freire se viu obrigado a desembarcar num ninho desconfortável: o palanque do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) e de seus aliados do PFL, do PPB e do PSDB. Foi a forma que encontrou para aumentar as suas chances de vitória na disputa por uma vaga de deputado federal. Mas o desenrolar da campanha está mostrando que o principal cabo eleitoral de Freire não será Jarbas, mas o próprio Ciro, que com a sua onda poderá ‘arrastar’ a candidatura de Freire até a Câmara Federal.

O senador é o ‘homem de Ciro’ em Pernambuco e isso já está lhe rendendo frutos eleitorais. É cada vez maior o número de telefonemas do interior que chegam ao comitê político de Ciro no Recife, querendo apoiar a candidatura do presidenciável.

“São empresários, políticos, líderes de associação que querem entrar na campanha. E já avisam que além de apoiar Ciro, vão apoiar também o seu candidato a federal, Roberto Freire”, conta Waldemar Borges (PPS), coordenador do comitê de Ciro no Estado. Ele não fala em nomes, mas diz que políticos do Recife e Região Metropolitana também já ensaiam o mesmo movimento.

Borges comemora o ‘vento favorável’ nesse período conturbado enfrentado pelo senador. “As pessoas estão entendendo que Freire será uma presença essencial no Congresso para o Governo Ciro Gomes. Além de grande articulador, Freire ajudará a dar sustentação a um projeto do qual ele teve participação direta na sua formulação”, afirma.

E, no esforço de minimizar o isolamento de Freire dentro da Frente Trabalhista, Waldemar Borges ressalta que o próprio Ciro está empenhado na candidatura de Roberto Freire. “Veja quem está pedindo votos para Freire: Patrícia Pilar, a namorada de Ciro. Isso é uma demonstração do espaço que ele tem junto ao candidato.” Na verdade, é mais uma contradição desse tumultuado processo. O mesmo Ciro que hoje parece estar abandonando o projeto sonhado por Freire poderá ser o homem que vai ajudar a garantir a vitória do senador. Pelo menos, a eleitoral.


Visita simbólica ao túmulo de Vargas
SÃO BORJA – No momento em que sua candidatura vem sendo dominada por partidos e por representantes identificados com a direita, Ciro Gomes (PPS) visitou ontem o túmulo do presidente Getúlio Vargas, em uma clara tentativa de reforçar o verniz trabalhista que tenta imprimir à sua coligação. O dia 24 de agosto é uma das datas mais importantes para o trabalhismo. Há 48 anos, Vargas se suicidou no Rio.

Seu corpo está enterrado em São Borja (RS).

De grande carga simbólica, a visita aconteceu uma semana após o anúncio da entrada na campanha do PPS do economista José Alexandre Scheinkman, que lecionou por décadas em Chicago (EUA), considerado o berço ideológico do liberalismo.

Apesar de classificar sua candidatura como de centro-esquerda, Ciro tem hoje a seu lado setores fortes do PFL. Recebeu também o apoio oficial do tucano Tasso Jereissati (CE), que terá importante missão na campanha: aproximar o candidato de empresários e de banqueiros.

“Vargas é o pioneiro da indústria e da legislação social e inspiração para mim”, declarou Ciro. Ele também comentou rumores a respeito da fusão entre PPS, PDT e PTB após a eleição. O novo partido seria batizado de PTN (Partido Trabalhista Nacional). “A Frente Trabalhista é o embrião de um movimento para além dos partidos, que vai envolver o sindicalismo brasileiro, profissionais liberais e intelectuais para oferecer ao povo uma nova ferramenta de participação”, disse.


“Roberto Freire é o PL do projeto Ciro”
O cientista político Carlos Novaes é curto e grosso ao investigar as razões que levaram ao isolamento de Roberto Freire no palanque de Ciro Gomes: “Freire acreditou que idéias vencem interesses políticos”. Coordenador da área de pesquisa e análise política da TV Cultura de São Paulo, Novaes faz uma análise contundente do que se transformou a candidatura do presidenciável do PPS. E diz que Freire não tem razão para ficar surpreso com os rumos da campanha. Era a crônica de uma morte anunciada. Que começou a ser escrita quando Freire aceitou a companhia do PTB de Roberto Jefférson na formação da frente que dá sustentação a Ciro Gomes.

JORNAL DO COMMERCIO – O desembarque de Tasso Jereissati na campanha de Ciro é o tiro fatal em Roberto Freire?

CARLOS NOVAES – O tiro fatal em Freire quem deu foi ACM. Quando ele chegou, ficou claro o que era a candidatura de Ciro. Tão mortal que ACM nem se preocupa em responder Roberto Freire. Ele está simplesmente desconsiderando um senador da República respeitado, presidente do partido e que se diz autor do projeto do candidato que tem o segundo lugar nas pesquisas. Sabe por que? Porque foi ACM quem venceu a parada. Para que ele vai atrapalhar o candidato dele, discutindo com Roberto Freire que é a única reserva moral dessa candidatura? O que me espanta é que Freire aceita esse lugar. Se ele tivesse metade da disposição ideológica e política que tinha há dez anos, já tinha largado essa candidatura.

JC – O isolamento de Freire era previsível?

NOVAES – Totalmente. Só ele não percebeu isso. O projeto do Ciro sempre foi ganhar a eleição. E isso está provado agora. Na verdade, ele nunca teve esse espaço todo. Freire estava ali porque era útil ao projeto de Ciro. O PPS achou que estava dando uma grande cartada botando Ciro como candidato. O que eles estão descobrindo é que Ciro é que fez uma grande jogada pegando o PPS para lhe dar uma legenda. Se Ciro tivesse realmente assumido esse projeto de centro-esquerda não aceitaria os apoios que anda aceitando. O Ciro é um coronel do Nordeste. Freire rodou, rodou, e acabou apoiando um coronel.

JC – Por que as alianças do PT com o PL não produzem a mesma interferência que sofre Ciro? Por que projeto de Ciro é tão vulnerável, e o de Lula não?

NOVAES – Porque o PL não tem força no PT. Assim como Freire não tem força com Ciro. Freire na campanha de Ciro é como o PL na campanha de Lula. Não apita nada. Ele acha que construiu um projeto. Se tivesse construído não estava agora todo arrebentado. Seria dizer que o PT construiu o seu projeto junto com o PL. Construiu nada. O PL só aderiu.

JC – Mas esse discurso de adesismo é o mesmo que o PPS usa para ‘limitar’ a influência do PFL. Argumentam que eles chegaram quando o projeto já estava pronto.

NOVAES – Isso é uma grande bobagem. Freire está acreditando que idéias vencem interesses políticos. Mas a diferença é que ele é que é o PL. Alguém que tem o pensamento diferente, mas sem força para praticá-lo. Some todos os prefeitos, deputados, governadores, vereadores do PFL, PTB e compare com os do PPS. Tá claro que essa é uma frente de direita, com um penduricalho de centro (o PDT) e um brinco de centro-esquerda, que é o PPS. Freire não perdeu simplesmente o comando do projeto. O projeto, na verdade, nunca existiu. Freire tinha um projeto na cabeça dele. Ciro fingiu que concordava. Mas o que está se vendo é que o projeto de Ciro é cumprir o mandato do Fernando Henrique pela direita.

JC – Ciro então nunca embarcou no bonde de Freire?

NOVAES – Nunca entrou. Freire pensou que era o motorneiro, mas não era nem o
cobrador. Ele está pendurado no estribo do bonde. Se empurrarem, ele cai. Se puxarem, ele fica. Mas o que ele devia fazer era saltar.

JC – Mas o PPS acredita e d efende que esse plano de Governo de centro-esquerda será mantido, apesar de tudo.

NOVAES – Eles estão sonhando com o que? Quem é que vai apoiá-los? Quantos deputados eles vão fazer? Quantos ministros eles vão fazer se o Ciro ganhar? Você acha que o Roberto Freire, que não tem espaço nem para impedir ACM de subir no palanque, vai conseguir mudar o rumo do Governo? Qual a sustentação que o PPS vai ter? Vai apelar às massas? As massas dos coronéis que estão apoiando Ciro? Ciro está se reconciliando com as suas origens.

JC – Mas as forças que apóiam Ciro também apoiaram o Governo FHC...

NOVAES – É totalmente diferente porque o partido de Fernando Henrique era o PSDB, orgânico, com estrutura no Legislativo, no Judiciário, no empresariado. Se o FHC, que tinha o PSDB e o PMDB, teve que dar satisfações ao ACM e ao PFL, imagina o Ciro que não tem estrutura que se contraponha à estrutura do PFL.

JC – O único link é Freire...

NOVAES – Quer dizer que Freire vai representar sozinho o que o PSDB e o PMDB representaram para FHC? Então está óbvio que Ciro é o sonho da direita atrasada do Brasil. Voltar a ser o bolo dinâmico da hegemonia capitalista na política brasileira. A única hegemonia que ele representa é a das forças que estão com ele. O Freire está completamente fora do lugar. Quem está incoerente é ele. Freire tinha que estar na campanha do Serra ou do Lula. Ele leu errado a conjuntura brasileira e achou que ia construir um projeto de centro-esquerda. Agora, as amarras nas quais se meteu o impedem de fazer a única coisa que ele tinha de fazer que era romper com Ciro.


Lula promete gerar empregos
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considera a recuperação do direito ao trabalho o seu maior compromisso. De acordo com o programa petista, para criar 10 milhões de vagas seria preciso assegurar um crescimento de 5% do PIB ao ano, redução da jornada de trabalho e horas extras e mudança no padrão dos gastos públicos.

O Plano contempla dezenas de medidas em todas as áreas, dentre elas: política agressiva de promoção de exportações e incentivo à substituição de importações, evitar a permanência prolongada no mercado de trabalho, com a construção de regime previdenciário sustentável e que garanta a aposentadoria digna, com estímulo à previdência complementar, criar o Programa Nacional de Incentivo à contratação de jovens com ensino médio completo, reforma agrária, apoio à agricultura familiar e ampliação da multa do FGTS para empresas que apresentam índices de rotatividade
20% superior à média, como prevê a Constituição Federal.


Serra: oito milhões de vagas
A primeira providência do candidato José Serra (PSDB) em relação ao emprego, se for eleito, será, de acordo com seu programa, fazer as correções de rumo necessárias para que a economia cresça mais e aumente a procura por trabalhadores. Para Serra, o Brasil pode crescer 4,5%, em média, de 2003 a 2006, o que resultará em cerca de 8 milhões de postos de trabalho. Serra pretende estimular os setores que têm maior capacidade de geração de emprego, como a agricultura, a indústria de construção e o turismo. Além disso, a ampliação dos programas nas áreas de educação e saúde abrirá uma grande quantidade de novos postos. A previsão é que 5,6 milhões de empregos sejam criados nesses setores.

Além da criação de empregos, o programa de Serra prevê: expansão dos programas de qualificação e requalificação profissional, aumento dos anos de escolaridade e melhoraria da formação cultural e técnica das novas gerações de trabalhadores, além de apoio creditício, técnico e comercial às pequenas e microempresas, autônomos e agricultura familiar.


Ciro: casas, terra e turismo
De acordo com o programa de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, sua política em relação ao emprego passa por aumentar oportunidades de emprego através de medidas emergenciais que estimulem a retomada do crescimento.

Estas medidas seriam: regularizar a posse da terra nas periferias das grandes cidades, construir 300 mil casas populares por ano, com participação comunitária e técnicas simplificadas de construção, dar condições de estabilidade e modernização à agricultura, sobretudo de porte familiar, desenvolvimento do apoio técnico e comercial ao agricultor e implantação de um sistema nacional de segurança alimentar, trazer para o mercado formal os trabalhadores que trabalham sem carteira assinada, acabar com todos os encargos sobre a folha salarial (que seriam pagos de acordo com o faturamento das empresas) e criar um cartão único de acesso à previdência e a outros benefícios sociais.

Também cita a indústria do turismo como potencial geradora de novas vagas.


Artigos

A pobreza do Brasil
Manuel Correia de Correia

A pobreza é um tema sempre atual, está presente em quase todos os países, constituindo-se uma constante ameaça para a humanidade, porém, ela é mais premente naqueles países, como o Brasil, onde as riquezas já têm um dono, onde os salários são muito baixos, onde a maioria faz jus a apenas um salário mínimo por mês, onde há uma preocupação maior em combater a inflação do que o desemprego, e onde o ensino vem se deteriorando de forma assustadora, vigorando a fórmula de que quanto mais ignorante mais fácil a dominação.

O país sofre o impacto da pobreza, tanto de forma aguda como de forma crônica, apesar de possuir um vasto território, uma densidade demográfica relativamente baixa e um formidável potencial de riquezas. A sua pobreza é vista a olhos nus, para quem viaja no campo ou mesmo nas cidades, assiste aos programa de televisão ou lê os jornais, tudo é visto e sabido sem precisar de propaganda contra os governos e governantes. A miséria é exposta de forma gritante, na mídia, quando se vê a situação dos que vivem nas áreas periféricas (às vezes, nem tão periféricas) das cidades grandes e médias. Os seus habitantes vivem em casas modestas (quando não moram embaixo dos viadutos), que os arquitetos e planejadores chamam de sub-normais, situadas em ruas esburacadas, sem calçamento, cobertas de lama, de lixo, e de poeira, no período de estio, não dispõem de abastecimento d’água para o seu atendimento e muito menos esgoto. As águas servidas são jogadas na rua ou em canais entupidos pelo lixo, pelos restos não consumidos pela população e por animais mortos. As crianças, sem escolas, convivem nas ruas, com os porcos, os cães e as galinhas que procuram alimentos nos restos de comida. As feiras livres da pobreza são os lixões, onde ela disputa com os urubus os restos jogados fora.

Sente-se a ausência do poder público, que atende apenas às necessidades mínimas de uma população carente e desassistida de médicos, de escolas, de tudo.

Já na primeira metade do século 20, Gilberto Freyre chamava a atenção para a deficiência e o mau consumo dos alimentos. Josué de Castro não só chamava a atenção para o problema da fome no Brasil, como lembrava que mais da metade da população mundial também não dispunha do mínimo necessários à alimentação. Ele chegava a dizer que metade da população do mundo não dorme porque tem fome e a outra metade por temer a revolta dos que não tinham o que comer.

Com a política neo-liberal, a globalização e a rigidez dos programas traçados pelas nações ricas, a situação dos países periféricos, chamados, “carinhosamente”, de países
em desenvolvimento, vem se agravando.

Celso Furtado, um dos mais competentes economistas brasileiros, em livro recente,
“Em Busca de um Novo Modelo”, alarmado com a situação, chama a atenção para o fato de que a pobreza brasileira é flagrante, sobretudo através de três indicadores: a fome endêmica que atinge a maior parte da população do país, a deficiência da habitação popular, fazendo com que grande parte dessa população viva sob viadutos ou em barracos e palafitas, sem as mínimas condições de higiene, e a insuficiência de escolas, à qual acrescentaríamos, também, a baixa escolaridade e o baixo nível de educação. Cria-se um grande número de escolas para ostentar níveis de desenvolvimentos necessários e em mãos de professores mal pagos. O problema não é apenas o do analfabetismo em si, mas o de uma alfabetização mais formal do que real.

O Brasil possui uma taxa de alfabetização pouco elevada e baixa quantidade de escolas, quando poderia fornecer ao estudante um ensino mais bem qualificado, sobretudo através de escolas públicas e gratuitas, já que estas não visam lucro e poderiam dar acesso à população dos mais diversos segmentos sociais.

Hoje, vem se dando uma ênfase muito grande à estabilidade econômica do País, como base no baixo índice de inflação, mas esquecem que o desemprego, que atinge faixas elevadíssimas, é tão pernicioso à população quanto a inflação. Segundo os dados do IBGE, mais de 7% da população brasileira está desempregada, taxa que chega a 20% no principal centro econômico do País, São Paulo. O desemprego e a conivência de alguns setores da sociedade vêm, naturalmente, contribuindo para o impressionante crescimento da criminalidade, criminalidade que é incentivada também pela impunidade, pela crença de que rico não vai para a cadeia.

O desemprego estimula o êxodo rural, a grande concentração urbana e a baixa especialização da força de trabalho, contribuindo para que essa pobreza seja acompanhada do baixo nível sanitário da população, do ressurgimento de doenças endêmicas e epidêmicas, que pareciam já erradicadas nos fins do século 19, devido à promiscuidade, à ignorância, ao crime e à prostituição. Se não forem feitas reformas substanciais, como as defendidas em meados do século 20, a situação da população se tornará cada vez mais difícil e chegaremos a um clima de ingovernabilidade que nos levará ao caos e ao estágio do qual será difícil de sair, o da anarquia total.


Colunistas

PINGA FOGO – Inaldo Sampaio

O pós eleições
Supondo-se que Jarbas seja reeleito, conforme as pesquisas estão indicando, deverá haverá em Pernambuco depois dessas eleições uma profunda rearrumação no quadro.

Há muito pouco espaço no “Arenão” para acomodar todos os projetos, o que obrigará muitos parlamentares a buscarem saída em outras legendas, inclusive de oposição.

Caso sejam eleitos em outubro, Carlos Eduardo Cadoca, Raul Henry, Roberto Magalhães e Joaquim Francisco serão potenciais candidatos a prefeito do Recife em 2004, que é quando se começa a armação do jogo para a disputa do governo estadual em 2006.

Isso vale também para Inocêncio Oliveira, Armando Monteiro Neto e Sérgio Guerra, possíveis candidatos à sucessão da sucessão, caso se elejam em 6/10. Com os R$ 2 bi da venda da Celpe nos cofres do governo, Jarbas, mesmo aos trancos e barrancos, conseguiu ser o ponto de união dessas forças políticas. Mas daqui a quatro anos não haverá outro Jarbas concorrendo nem outra Celpe para ser vendida.

Por isso, chega a ser sintomática a aproximação cada vez maior, nessas eleições, de Joaquim Francisco com Armando Monteiro, e deste com Carlos Wilson. Esse trio unido e com mandato poderá operar grandes transformações na política local a partir de 2003.

Cartas na mesa
Reeleito vereador no Recife pelo PMDB, Jorge Chacrinha (foto) está tentando um mandato de deputado estadual nessas eleições fazendo dobradinha com Cadoca. Hoje, eles inauguram um comitê conjunto na Av. Boa Viagem, 2072, a partir das 11 da manhã. Chacrinha está filiado ao PSC, que não se coligou com ninguém no pleito atual, mas tem um bom número de candidatos, a começar por ele próprio, Ana Rodovalho, Wálter Souza, Ana Cavalcanti e Eduardo Rodovalho.

Sem o “João”
Depois que João Arraes (PSB) apareceu na última pesquisa do Ibope com 12% das intenções de voto, contra 16% de Sérgio Guerra (PSDB), com quem disputa, hoje, o 3º lugar, um marqueteiro que não tem nada a ver com a campanha dele o aconselhou a espalhar outdoor no Estado unicamente com esta inscrição: “Arraes para senador”.

Além do horizonte
Diferentemente de Osvaldo (PFL), que é uma espécie de “deputado distrital” do Vale do São Francisco, seu sobrinho Clementino Coelho (PSB), também deputado federal, começa a expandir seu raio de influência. Graças a um pedido de Sérgio Guerra ele será apoiado em Gravatá pelo prefeito Joaquim Neto (PSDB). E deverá ser majoritário.

Petistas vão a Petrolina atrás do primeiro voto
À caça do 1º voto, o advogado e candidato a deputado federal Maurício Rands (PT) esteve em Petrolina na última 6ª feira, onde se realizava um congresso de estudantes universitários, com Carlos Wilson e Humberto Costa.

Democracia verde está apostando em seis estaduais
Pelos cálculos do vereador Sílvio Costa, a “Democracia Verde” (PV-PSD) elegeria 6 estaduais. Ele próprio, Braga, Sebastião Oliveira, Ricardo Costa, Lourival Simões, Eduardo Melo e Denivaldo Freire seriam os nomes de maior cacife.

Guerra seria o 1º
Raul Henry (PMDB) “herdou” em Arcoverde os votos de Orisvaldo Inácio (PMDB) e José Marcos (PFL), que desistiram da reeleição, mais os de Roberto Coelho, que é o atual vice-prefeito. Tem o apoio da prefeita Rosa Barros (PFL) mas, por não ser filho da terra, deverá ter menos votos que Israel Guerra (PSDB).

Ausente da briga
A troca de acusações entre Serra e Ciro lembra o que ocorreu no Recife, em 85, na disputa pela prefeitura. Naquela época, enquanto Jarbas se digladiava com Sérgio Murilo, João Coelho distribuía flores pelas ruas e quase ganha a eleição. Hoje, é Lula quem está alheio à briga entre o candidato de FHC e o pupilo de Tasso.

A entrada do PPS na aliança governista foi um mal negócio para o deputado Lula Cabral, que concorre à reeleição pelo PMDB e deverá disputar a prefeitura do Cabo em 2004. É que o prefeito Elias Gomes (PPS), seu principal adversário no município, tem mais trânsito junto a Jarbas e ao governo do que ele.

O ex-prefeito Nílton Carneiro (PST) reapareceu anteontem em Jaboatão pedindo votos para deputado estadual. Numa roda, disse que já alertou seus familiares: não tem dinheiro para custear o funeral. E como a Assembléia Legislativa não banca mais enterro de ex-deputado, eles devem apelar para Geralda Farias, na Cruzada de Ação Social.

Eleito com o apoio de Arraes no ano 2000 e hoje aliado de Jarbas Vasconcelos, o prefeito de São José do Egito, Paulo Jucá (sem partido), foi para a entrada da cidade esperar Humberto Costa e João Paulo (PT), que estiveram naquele município para participar de um comício. Segundo ele, Lula será vitorioso, lá.

Mesmo que Ciro derrote Lula num eventual 2º turno vai precisar do PT no futuro governo. Essa é a opinião de Roberto Freire (PPS), referendada também por Mangabeira Unger, que disse o seguinte: “Precisamos do PT porque lá estão os melhores quadros da política brasileira para contrabalançar as alianças (de Ciro) com o campo conservador”.


Editorial

REDUÇÃO DE DANOS

Há cerca de um mês, abordamos aqui a questão da exposição de adolescentes e jovens aos perigos do alcoolismo, vício capaz de levá-los ao consumo de drogas mais pesadas e ilegais. Realiza-se agora, de 27 e 30 deste mês, aqui no Recife, a 1ª Conferência Internacional sobre Consumo de Álcool e Redução de Danos, o que nos faz voltar a tema de tanta importância. O evento tratará principalmente da implantação de um programa de redução de danos para os consumidores de bebidas alco ólicas, nos países em desenvolvimento ou transição (como os países do extinto bloco soviético).

Trata-se de um conceito elaborado e praticado há alguns anos, cujo objetivo é estabelecer e manter um vínculo do viciado com a sociedade. Esse vínculo, mesmo tênue e questionado por alguns, torna-se o único caminho para que o alcoólatra, ou o viciado em qualquer droga, tente resgatar sua dignidade humana, auto-estima e cidadania.

Essa conferência trata apenas do álcool e suas conseqüências, porque, por se tratar de uma droga lícita, ele fica fora de políticas nacionais de saúde. A história do conceito e de sua prática começa no final dos anos 70 do século passado, com ações, ainda realizadas esporadicamente e sem organização, na busca de uma melhor qualidade de vida para os consumidores de drogas. Foi a propagação da Aids entre os que se drogam por meio de injeção na veia que incentivou a organização e multiplicação de ações visando à redução de danos aos consumidores. Em 1981, já havia programas de troca de seringas na Holanda, com vista a evitar a propagação da hepatite B, prática que se espalhou depois pela Inglaterra e a Suíça, quando a Aids começou a avançar descontroladamente. Em Berna, capital da Suíça, uma fundação privada criou um lugar para acolher, confortar viciados e permitir sua sobrevivência, iniciativa a princípio malvista.

Inicialmente reprimidos pela polícia, esses programas de redução de danos terminaram ganhando, primeiro, o apoio dos pais e parentes dos toxicômanos e, finalmente, de vários segmentos da sociedade. Isso deve nos servir de exemplo, pois já ficou claro que não é com repressão que se resolve o problema do alcoolismo, da toxicomania em geral. A chamada Lei Seca, nos Estados Unidos dos anos 20, não conseguiu inibir o consumo de bebidas alcoólicas e só incrementou a máfia. O tráfico, sim, tem que continuar sendo reprimido com decisão. Os usuários de drogas, porém, precisam ser tratados como doentes, que devem ter tratamento e atenção da sociedade e do Estado.

O alcoólatra, o drogado em geral, necessitam de atenção especial, para que não causem ainda mais danos a si mesmos e problemas para a sociedade. É o sentido da idéia dos que se dedicam a ações com vista à redução de danos, e das propostas que serão discutidas na conferência internacional que se realiza a partir de terça-feira. A educação tem um papel eminente na conscientização das novas gerações em relação a essas questões. É necessário mostrar a crianças e adolescentes, no lar e nas escolas, os perigos e ciladas do álcool e drogas em geral. O que deve ser feito de maneira sistemática, e não eventual e esporadicamente, como vimos em editorial anterior, na palavra do psiquiatra Frederico Vasconcelos.

Adultos também precisam ser conscientizados. Em Berna, organizações beneficentes tentam se comunicar com os viciados e lhes fornecem meios de sobrevivência.

Também na capital suíça, o Movimento de Coordenação dos Alunos e Alunas da Cidade de Berna decidiu ajudar toxicômanos que tinham sido dispersados nas ruas da cidade pela repressão. Nessa luta, se conscientizaram sobre o problema e levaram a sociedade a aceitar as ações de redução de danos.


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08/25/2002


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