Oposição e governo pedem capital privado nos aeroportos



Senadores da oposição edo governo e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, sugeriram a entrada de capital privado no setor aéreo nacional durante a reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo desta quarta-feira (8). O senador Tião Viana (PT-AC), presidente da CPI, disse que o governo anuncia investimentos de R$ 3 bilhões no setor, quando as necessidades da área são de pelo menos R$ 10 bilhões.

- Porque não somos agressivos na chamada do setor privado para participar? - questionou Viana.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, afirmou que existe a idéia de "abrir o capital da Infraero" e que trabalhará com essa possibilidade. Para o ministro é preciso ser pragmático e questionar:

- Pode o capital público sozinho resolver o problema? Não. Tem que entrar capital privado. Pode-se pensar na concessões de aeroportos - sugeriu.

O senador José Agripino (DEM-RN), por sua vez, acredita que seriam necessários investimentos de R$ 20 bilhões para colocar em ordem o setor aéreo nacional. Na opinião do senador, um dos pontos-chaves na solução dos problemas do controle aéreo é a privatização de aeroportos.

- Temos que quebrar tabus e entrar no capital privado - defendeu.

Agripino sugeriu ainda a desmilitarização do controle de vôo. Para o senador, o maior problema com os controladores de vôo é que "faltava comando", situação que deve mudar com a chegada de Nelson Jobim, na opinião de Agripino.

- Os controladores estão quietinhos. Mas o problema que havia continua existindo. Serenou, mas podem voltar - disse Agripino.

O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO) sugeriu a entrada de capital privado tanto na administração de aeroportos quanto na construção de outros e também questionou possibilidade da entrada de capital externo nas empresas de aviação, como forma de "acabar com o duopólio" existente atualmente no setor.

Respondendo a questionamentos dos senadores, o ministro Nelson Jobim destacou que é preciso otimizar o processo de fiscalização da manutenção de aeronaves "com urgência" e que o grande problema com a questão salarial dos controladores aéreos é que eles são membros das Forças Armadas e têm remuneração específica.

- Se mexer com a remuneração deles tem que mexer com a dos outros. Temos que discutir que modelo de Forças Armadas nos interessa. Nosso território é enorme e temos limitações orçamentárias. A discussão tem que ser transparente e não ideologizada, em busca de resultados - disse Jobim.

O senador João Pedro (PT-AM) reclamou do descaso com os passageiros por parte das empresas aéreas. O senador Mário Couto (PSDB-PA) disse que viajou de ônibus de Belém a Brasília, com medo de viajar de avião. O ministro disse que é preciso "afastar o medo de voar" que muitos brasileiros têm sentido.

Jobim acrescentou que fatos graves como os dois grandes acidentes aéreos ocorridos no último ano "levam a ódios" e reconheceu, referindo-se especificamente aos parentes das vítimas dos acidentes, que "as famílias tem o absoluto direito a essa catarse emocional e temos que saber compreender isso".



08/08/2007

Agência Senado


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