Representantes do setor aeronáutico defendem Decea e pedem investimento em aeroportos



Formação de controladores de voo, infraestrutura aeroportuária e políticas de apoio à aviação geral (atividades aéreas diferentes de voos regulares ou aviação militar, abrangendo principalmente aeronaves particulares e táxis aéreos) foram algumas das preocupações dos representantes do setor aeronáutico ouvidos em audiência pública da Subcomissão Temporária sobre a Aviação Civil (Cistac) nesta quarta-feira (8).

A subcomissão, subordinada à Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) e presidida pelo senador Vicentinho Alves (PR-TO), debate a implantação do CNS/ATM, sistema que visa à modernização do controle do espaço aéreo em todo o mundo para enfrentar o crescimento no tráfego aéreo projetado para o futuro. Essa situação foi classificada pelo tenente-brigadeiro-do-ar Marco Aurélio Gonçalves Mendes, diretor-geral do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), como “momento crítico” para o órgão que dirige. Em sua explicação sobre a formação e funcionamento do Decea, esclareceu que só na Amazônia Legal a abrangência da vigilância aérea equivale a 32 países europeus.

Decea

A gestão do Decea recebeu elogios de George William Cesar de Araripe Sucupira, presidente da Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, principalmente pela capacitação do corpo de trabalho do órgão – profissionais que, segundo ele, atuam na aviação “desde a pós-adolescência”. Sucupira acredita que é preciso crescer muito antes de se colocar civis para controlar certos segmentos da aviação.

- Falta doutrina, falta educação, falta a formação que o pessoal que cursou uma academia militar tem. Falta ao povo brasileiro essa estrutura para que tenhamos, em todos os segmentos da vida pública, um comportamento adequado, transparente, digno. É o que o Brasil precisa para chegar à sua soberania plena e absoluta – afirmou, reiterando que “não cabem cargos políticos” na aviação.

Aviação geral

Sucupira, que declarou que o avião é “a única solução” diante dos problemas no transporte de superfície no Brasil, também defendeu um espaço nas políticas públicas para a aviação geral quando os órgãos gestores têm estado muito ocupados com a aviação regular. Em especial, ele cobrou definição quanto à estrutura aeroportuária, que não tem atendido a aviação geral com eficiência, e pediu modernização nos parâmetros da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) para controle do setor.

Raul Francé Monteiro, coordenador do curso de Ciências Aeronáuticas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC/GO), também elogiou o trabalho do Decea, mas sublinhou a necessidade de mais controladores de voo com melhor formação. Ainda assim, para ele, não é possível “de uma canetada” começar a formar controladores imediatamente.

- Os investimentos que deveriam ser feitos em favor de algumas instituições relacionadas a aviação não são feitos há muitos anos na modalidade e na quantidade necessária - disse.

Francisco de Lyra, diretor da C-Fly Aviação, lembrou que o Brasil tem a segunda maior frota de jatos executivos do mundo, mas a política pública brasileira tem sido pouco sensível a esse setor. Para ele, faltam infraestrutura e investimentos específicos para a aviação geral, que segue sendo considerada “atividade marginal”. Conforme ressaltou, os investidores precisam ir pessoalmente aos locais de seus investimentos.

- Mas, se ele for hoje na malha de transporte público de massa, só poderá investir em 139 cidades. A aviação executiva deve ser contemplada na política pública, porque é quem pode fazer o país dar o salto de investimentos de que precisamos – argumentou, defendendo liberdade tarifária na aviação geral que permita ao gestor do aeroporto fazer as obras de infraestrutura necessárias.

Francisco de Lyra ainda propôs a criação de um aeroporto-escola, frisando que, em uma atividade eminentemente operacional não é simples fazer a transição direta da sala de aula para o dia-a-dia de uma operação intensa.

 



08/08/2012

Agência Senado


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