Tião Viana e Gaudenzi defendem capital privado nos aeroportos



O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Apagão Aéreo, senador Tião Viana (PT-AC), defendeu mais uma vez na reunião desta terça-feira (21) a entrada do capital privado nos aeroportos brasileiros. O parlamentar lembrou que há aeroportos que estão "no limite ou além dele" e que há "grave escassez de infra-estrutura no setor".

Tião Viana pediu uma posição do governo sobre o assunto com rapidez, uma vez que, avaliou, o colapso é imediato. O senador fez ainda apelo ao novo presidente da Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária (Infraero), Sergio Gaudenzi, presente à reunião, para que também se empenhe no sentido de "convencer o governo que a expansão dos aeroportos não pode ser adiada". Gaudenzi concordou com o senador sobre a entrada de capital privado nos aeroportos.

- Acho que a vinda da área privada é muito boa. É uma injeção nova. E as empresas aéreas teriam que trabalhar com mais agilidade, porque serão mais exigidas - disse.

Gaudenzi afirmou ainda que é preciso melhorar o atendimento prestado pela Infraero aos passageiros. Para o diretor da empresa, muitas vezes o passageiro não se irrita apenas por causa dos atrasos e sim pela falta de informações. Sugeriu, por exemplo, que os passageiros sejam informados pelo celular sobre os horários de seus vôos. Gaudenzi disse também que muitas vezes a Infraero passa informações erradas aos passageiros por recebê-las de maneira incorreta das companhias aéreas.

O relator da CPI, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), apresentou a Gaudenzi várias questões sobre os mais de 100 inquéritos sobre corrupção relacionados com a Infraero. Mas Gaudenzi destacou que está há apenas oito dias na empresa, que tem 25 mil funcionários em 67 aeroportos e que "seria leviano se fizesse alguma acusação a algum órgão da empresa". Gaudenzi afirmou que aguardará que os órgãos fiscalizadores - entre eles a CPI - façam suas análises e garantiu que se forem apontados culpados tomará as providências necessárias. Demóstenes preferiu parar de fazer perguntas e dar tempo a Gaudenzi para "se inteirar mais da situação".

Gaudenzi disse ainda que pedirá que a Controladoria Geral da União (CGU) acompanhe a sua gestão e informou que trabalha junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) a fim de que seja elaborada uma nova planilha destinada ao exame das obras em aeroportos. Na avaliação do presidente da Infraero, as tabelas utilizadas pelo TCU são adequadas para obras populares, mas inadequadas para avaliar obras em aeroportos.

- Pode haver sobrepreço (nas obras dos aeroportos), mas pode não haver. A tabela usada para determinar os preços pode estar muito aquém da qualidade de materiais que se exige em aeroportos - disse.

O novo presidente da Infraero afirmou que está fazendo um levantamento dos problemas da empresa e disse que a retenção, pelo TCU, de parte do pagamento de reformas, como aconteceu em relação aos aeroportos de Vitória e Goiânia, é "absolutamente normal" em grandes obras. Garantiu ainda que, por ordem do ministro da Defesa, Nelson Jobim, todos os diretores da empresa serão trocados.

Na reunião desta terça-feira, ainda, o senador Mário Couto (PSDB-PA), ao participar do debate, disse acreditar que "há corrupção crônica" dentro da Infraero, e que o país perdeu até vidas com isso. Para o senador, é preciso "combater e castigar os que fizeram isso". O senador Raimundo Colombo (DEM-SC) também disse acreditar que há corrupção na Infraero.

21/08/2007

Agência Senado


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