Oposição quer acordo apenas para 2º turno






Oposição quer acordo apenas para 2º turno
Adversários de Jarbas admitem ser difícil construir aliança agora

A "unidade da oposição" foi o principal tema dos encontros realizados no final de semana pelo PCdoB, PPS e PSB (este fez o seu congresso estadual), mas na prática o discurso de quase todos apontou para a divisão. O prefeito do Recife, João Paulo (PT), admitiu que em 2002 as esquerdas podem ter "candidatos diferenciados para o Governo e para o Senado". O vice-prefeito Luciano Siqueira, do PCdoB, defendeu a aliança mas ressalvou que isso não deveria ser feito "descolorindo nossas bandeiras, flexionando nosso discurso, numa tentativa vã de agradar às forças conservadoras" - uma clara indireta ao PT e às posições moderadas que o partido tem adotado.

Siqueira e João Paulo fizeram estas declarações ao discursar, ontem, no congresso do PSB. O prefeito - que falou em nome do PT - ressalvou que o fato de a oposição disputar as eleições com mais de uma palanque não significará, necessariamente, que esteja dividida. "Podemos estar separados no primeiro turno, mas estaremos juntos no segundo", disse ele, lembrando quea tática deu certo nas eleições para prefeito do Recife, ano passado.

O senador Roberto Freire (PPS) - que se reuniu com João Paulo, anteontem - reconhece que, dado o fato de quase todos os partidos de esquerda terem um candidato próprio à Presidência, a formação de um palanque único nas eleições estaduais enfrenta dificuldades. Considera, porém, que as divergências podem ser superadas com diálogo.

Já o PSB (que é o partido de oposição com melhor estrutura para uma campanha estadual) quer a unidade, mas desde que ela seja encabeçada pelo partido. "Não tem sentido permanecermos caudatários de outros partidos, comportando-nos quase como uma sublegenda", dizia cartaz exposto com destaque no congresso do partido.


Presidência petista requisita fita
PORTO ALEGRE E SÂO PAULO - Coordenador da campanha eleitoral do governador Olívio Dutra, Diógenes de Oliveira afirmou ontem ter usado indevidamente o nome de Olívio ao pedir à polícia que não reprimisse o jogo do bicho. A CPI da Segurança Pública do Rio Grande do Sul divulgou uma gravação de março de 1999 na qual Diógenes fazia o pedido ao então chefe de polícia, Luiz Fernando Tubino. Segundo o deputado José Genoínio, o presidente nacional do PT, José Dirceu já requisitou uma cópia da fita. A direção do partido também quer ouvir a defesa de Diógenes.

Presidente do Clube da Cidadania, entidade assistencial ligada ao PT, alegou que fez o pedido por ser amigo dos apontadores do jogo do bicho, que se queixavam constantemente da repressão policial. Ele também lançou suspeitas sobre a autenticidade da fita.

Num trecho da conversa, Diógenes diz: "Nós sempre tivemos uma relação muito boa e muito estreita com esse pessoal do carnaval e do jogo do bicho. Depois da divulgação da fita, o governador negou sua participação no episódio. Dutra disse que não autorizou Diógenes a defender o jogo do bicho em seu nome. A CPI quer aprofundar as investigacões para apurar se houve doações de bicheiros para a campanha de Olívio Dutra.

O PT promete divulgar amanhã o resultado final das prévias que vão escolher o candidato do partido a governador de São Paulo. Disputam o deputado federal José Genoíno e o deputado estadual Renato Simões. Diferentemente das eleições para a presidência do partido, quando a apuração dos votos atrasou devido ao uso de urnas eletrônicas, desta vez o PT usou as velhas cédulas de papel.


Jader pede à AL pensão precoce
BRASÍLIA e BELÉM - O ex-senador Jader Barbalho (PMDB) pediu aposentadoria à Assembléia Legislativa do Pará. Segundo o jornal O Liberal, o pedido foi enviado ao Instituto de Previdência da Assembléia Legislativa (Ipalep) e a decisão deve sair esta semana. Jader teve apenas um mandato de deputado estadual, de 70 a 74, e atualmente, a aposentadoria é concedida apenas para quem cumpre no mínimo dois mandatos.

Mas ele pode se beneficiar de uma antiga lei, que permitia a incorporação à aposentadoria dos deputados estaduais o tempo em que eles exerceram o mandato de vereador ou tempo de função em outro serviço público, de acordo com o jornal.

A senadora Heloísa Helena (PT-AL) insistirá numa denúncia contra o recém-empossado senador Fernando Ribeiro (PMDB-PA) por sua suposta participação no desvio de recursos do Banpará, em 1984. Ribeiro era o 2º suplente de Jader, que renunciou para escapar da cassação. Ele assumiu sob a ameaça de um processo. Mas até os senadores de oposição sabem que o clima não é favorávela punições por atos anteriores ao mandato.

"Pode ser que nem os colegas da oposição concordem com minha tese, mas acho que temos que marcar posição", disse a senadora. O bloco de oposição do Senado se reúne amanhã para tratar da questão. Mas o líder do bloco, José Eduardo Dutra (PT-SE), não acredita que a denúncia vá adiante.


Pancadaria e tumulto em vestibular
Campus da Universidade Federal do Rio foi palco de confrontos entre militares e dezenas de estudantes

RIO - Um tumulto no Colégio de Aplicação da UFRJ, na Lagoa, impediu que 560 candidatos ao vestibular realizassem a prova. Manifestantes invadiram o prédio antes do começo da prova e oito pessoas foram presas. Vinte estudantes rasgaram os cartões-resposta. Por sua vez, o "campus" da UFRJ na Ilha do Fundão, foi palco de confrontos entre policiais e estudantes, que exigiam o adiamento do vestibular. Vidros foram quebrados, manifestantes ficaram feridos e alguns foram detidos. O Batalhão de Choque foi chamado. Só ontem de madrugada, duas liminares que adiavam o vestibular, foram cassadas pelo Tribunal Regional Federal.

A confusão teve início em frente ao prédio do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, quando cerca de 200 estudantes e servidores tentaram impedir a realização da prova. A polícia dispersou a multidão com golpes de cassetetes e bombas de gás lacrimogêneo e os estudantes jogaram pedras. Um servidor foi atingido por um golpe de cassetete na cabeça e levado ao Hospital Clementino Fraga, no Fundão.

Eles tentaram invadir o prédio e a polícia reagiu. Vários vidros da unidade de ensino foram quebrados e quatro alunos se feriram. Dois foram detidos. Além dos tumultos, outro incidente pode levar à anulação das provas de ontem: uma candidata conseguiu sair do CCMN com a prova na mão.

O comandante da PM, coronel Wilton Soares Ribeiro, disse que a ação dos policiais durante as manifestações contrárias ao vestibular foi acertada. Segundo ele, os policiais estavam no campus para "manter a ordem" e "garantir que os estudantes pudessem fazer a prova em paz". Antes dos protestos, havia 120 PMs na UFRJ. Outros 40 foram mandados pelo comandante depois que a situação começou a ficar tensa.

Segundo Cesar Scelza, coordenador do vestibular, as provas para estes cursos serão anuladas. Todos os alunos, inclusive os que faltaram e chegaram atrasados, poderão fazer novo exame, ainda sem data marcada. A comissão organizadora do vestibular informou que 11,4% dos 56.037 candidatos inscritos faltaram às provas ontem.

A União Estadual dos Estudantes decidiu impetrar na Justiça duas ações contra o vestibular. A primeira delas para responsabilizar os agressores dos manifestantes, e a segunda, pedindo a anulação do concurso. A argumentação é que muitos não conseguiram chegar até o local das provas.


Colunistas

DIARIO Político

O exemplo de Lula
Os adversários de Jarbas Vasconcelos (PMDB) ainda estão perdidos. Continuam medíocres no papel de oposição, três anos depois de terem sidos derrotados. Nos últimos dias, até tentaram começar a se enco ntrar. Ensaiaram um trégua na guerra inútil para escolha dos nomes que formarão a chapa majoritária em 2002. E discutiram assuntos de maior interesse público, neste momento, como a violência. Mas tudo está muito aquém, por exemplo, da bem montada campanha que Lula, o presidenciável do PT, vem desenvolvendo. Enquanto a base de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) se desfaz em conflitos em torno da chapa governista, Lula vem envolvendo a sociedade na discussão do que realmente interessa: um projeto de desenvolvimento para o País. Em poucos meses, o petista já lançou as bases de seu programa de gestão da economia e de intervenção nos gigantescos bolsões de miséria do Brasil. Os documentos que divulgou são interessantes exatamente porque discutíveis. Têm mexido com a sociedade. Provocado calorosos debates. E, inclusive,forçado a base de FHC a entrar no debate e a rever o modelo em implantação desde 94. Na semana passada, Tasso Jereissati e José Serra, nomes mais fortes do PSDB para disputar a presidência, foram às ruas mostrar o que pensam sobre a política que ajudaram a legitimar. Foram obrigados a fazer auto-crítica e uma revisão do projeto gerido por Pedro Malan. Também começou a circular um pré-projeto de política econômica que segue linha semelhante e elaborado pelo ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros. No País, o debate está dinâmico. Aqui, ridículo.

O deputado federal José Mendonça (PFL) tem explorado muito bem sua condição de presidente do Santa Cruz. Ele ocupou generosos espaços nas resenhas esportivas durante todo o domingo

Deputada I

A filha de Inocêncio Oliveira (PFL) fez, no sábado, seu discurso de estréia na corrida por uma vaga na Câmara dos Deputados. Shirley Oliveira escolheu o município de Barra de Guabiraba, no Agreste Meridional, que é administrado por uma mulher, Valéria Lima, para começar a campanha. Ela pretende explorar o mesmo mote feminista da presidenciável Roseana Sarney.

Deputada II

Shirley começa na vida pública com razoável patrimônio político transferido pelo pai. Estavam em Barra de Guabiraba para ouvi-la nada menos que sete prefeitos, três ex-prefeitos, lideranças locais, além de Inocêncio e do deputado estadual José Marcos.

Comunistas I

A Prefeitura de Olinda foi a grande beneficiada com as emendas individuais ao Orçamento da União dos deputados da bancada federal do PCdoB, partido de Luciana Santos. Dos 10 parlamentares, 9 destinaram suas cotas de R$ 100 mil a obras na periferia da cidade. Nenhum deles é de Pernambuco.

Comunistas II

Mirandiba, no Sertão do Estado, ganhou outros R$ 100 mil do comunista Sérgio Miranda, de Minas Gerais. O prefeito da cidade, Jorge Rubens, filiou-se ao PCdoB recentemente, junto com o deputado estadual Nélson Pereira, que saiu do PT brigando com todo mundo.

Interesse

O governador Jarbas Vasconcelos continua evitando a sucessão estadual e a formação da chapa para 2002. Na sexta-feira, disse que não havia visto ainda as inserções do PFL na TV sobre Marco Maciel. Garantiu que só tinha lido a repercussão nos jornais. Estranho, já que é uma pessoa atenta a tudo o que veicula na mídia.

Inaugurações

O prefeito do Recife, João Paulo (PT), manteve intensa agenda no sábado. Depois da conversa com Roberto Freire, inaugurou a pavimentação de ruas e obras de urbanização nas encostas do Alto do Maracanã, em Dois Unidos. São projetos do Orçamento Participativo, que contará em 2002 com R$ 120 milhões. Dos quais, 25% serão aplicados em infra-estrutura.

Expropriação

Graças à Advocacia Geral da União, o Incra está assumindo 15 fazendas nos municípios de Cabrobó, Orocó, Carnaubeira da Penha e Belém do São Francisco. São imóveis onde se cultivava maconha e que serão destinados à reforma agrária.

Aniversário

O ex-cassado Eudo Magalhães (PPB) tem pavimentado sua reeleição para deputado estadual. Em toda a Mata Sul, há cartazes que o homenageiam por seu aniversário, comemorado no dia 25.

O pré-candidato do PT ao Governo do Estado, o secretário de Saúde do Recife, Humberto Costa, estava ausente e não foi lembrado nos discursos de João Paulo no sábado. Ainda assim, o prefeito procurou mostrar o que considera como avanços na gestão da saúde do município. Costa está em São Paulo participando de reuniões do partido sobre as eleições de 2002.


Editorial

O desafio das greves

Há quase três meses funcionários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) se encontram em greve. É contingente de 55 mil trabalhadores que reivindica equiparação com os restantes 22 mil servidores que, há tempos, receberam reajuste de 47,1%. E há 68 dias professores das universidades federais cruzaram os braços. No ponto crítico da agenda submetida ao Ministério da Educação como postulação da classe, figura a incorporação ao salário da Gratificação de Estímulo à Docência (GED). Trata-se de espécie de bônus entre R$ 100 e R$ 1.670 a ser pago de forma variável segundo o número de pesquisas e aulas dadas.

Quando o constituinte de 1988 elevou o direito de greve à categoria de prerrogativa constitucional, estabeleceu equilíbrio mais justo nas relações entre o capital e o trabalho. A colocação do conflito trabalhista à disciplina da mais alta instância do ordenamento jurídico deveria, também, conduzir as partes ao exercício da cautela no tratamento de eventuais choques de interesses.

Assim é, pelo menos, o espírito da norma escrita na Constituição. E, a fim de fazê-lo eficaz, cumpre à força de trabalho e a seus empregadores efetivar negociações baseadas na tolerância e na transigência para evitar greves ou encerrá-las com a maior brevidade. Ambos os setores levados à inércia causam graves prejuízos. O poder público vê-se alvo de verdadeiro colapso na prestação de serviços essenciais. Mas a grande vítima, como sempre, é o povo.

A União já deixou de pagar a centenas de milhares de pessoas cerca de 800 mil benefícios de responsabilidade do INSS, até mesmo aposentadorias. Já a suspensão das aulas nas universidades federais prejudica cerca de 300 mil alunos. É provável que o segundo semestre do ano letivo esteja perdido de forma irremediável, salvo inesperado acordo de última hora. O único avanço alcançado nas negociações refere-se à flexibilização da pauta de reivindicações.

O problema crucial nos dois movimentos paredistas é a adoção de posturas intransigentes. No caso do contingente funcional do INSS, o Governo já assumiu o compromisso de aprovar plano de carreira para melhorar os níveis de remuneração. Quanto aos mestres universitários, convém lembrar que os investimentos públicos nas universidades federais correspondem a 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB). Em outras palavras, 70% de toda dotação orçamentária do Ministério da Educação. Os salários pagos somam 90% de tais recursos.

Os níveis de retribuição salarial no âmbito do poder público para previdenciários, professores universitários e demais categorias são insatisfatórios. Mas é indispensável situar a luta por melhores padrões de vencimentos sem recorrência a condutas radicais. Tanto de um lado quanto de outro, reclama-se a prevalência da consciência social sobre os arroubos sectários. E aqui se colhem as razões de tanto desperdício de tempo para solução do impasse. Posições de força só conduzem a confrontos estéreis.


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10/29/2001


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