Oposições na reta final dos debates
Oposições na reta final dos debates
Termina o prazo estipulado pelos líderes partidários para negociar um palanque único das esquerdas, mas o clima entre as legendas ainda está longe do consenso
O prazo estabelecido pelos partidos de oposição no Estado para a conclusão das articulações eleitorais – previsto para depois do Carnaval – terminou, mas o clima entre as legendas parece estar longe do consenso. Ontem, um dia depois de responder duramente às críticas do senador Roberto Freire (PPS)- que cobrou uma postura mais forte de João Paulo (PT) diante das dificuldades de diálogo entre as oposições - o prefeito do Recife recebeu o apoio de outros petistas.
De acordo com o presidente estadual do PT, Paulo Santana, João Paulo será um dos principais cabo eleitorais do partido e participará da reta final das decisões eleitorais, mas não como articulador. “João Paulo é prefeito da capital. É um ótimo quadro do PT, mas sua prioridade é a administração da cidade. De seu sucesso depende o sucesso do PT no Estado. Todos no PT compreendem a situação”, afirmou Santana, minimizando os comentários de Freire.
Ainda assim, os líderes partidários encaram o período da Quaresma como uma reta final para concluir as negociações. “Os partidos estabeleceram um cronograma e é em cima disso que estamos trabalhando. O senador Roberto Freire participou desses entendimentos”, comentou Santana, ao se referir à série de debates marcados pelas lideranças de esquerda. “Já realizamos um, mas por causa das férias e do Carnaval não conseguimos dar andamento. Até o final do mês realizaremos outro. O cronograma será encerrado em março, conforme acordado”, salientou.
Após os debates, os partidos pretendem iniciar a construção de uma proposta única de programa de governo. Hoje, o prefeito se reúne com o deputado federal José Genoíno (PT/SP), na Prefeitura do Recife, para discutir as eleições presidenciais e questões da segurança pública.
Na próxima semana, o secretário municipal de Saúde e pré-candidato do PT, Humberto Costa, se reúne com representantes das oposições (PSB,PDT, PPS e PTB) para discutir uma pauta de consenso que assegure a unidade ainda no 1º turno. Humberto não sabe se reunirá todos de uma vez ou em encontros isolados para conversar sobre os pontos convergentes e os interesses de cada um. “O certo é que vamos buscar os partidos a partir da semana que vem”, ressaltou.
O pré-candidato petista – que admite trocar a candidatura ao Governo pela disputa ao Senado, caso o seu nome não una as esquerdas – disse que pretende conversar com todas as legendas antes do dia 23 deste mês, quando viaja aos Estados Unidos, a convite do Governo norte-americano. Humberto vai conhecer o sistema de saúde pública do país, visitando estados como Nova Iorque, Washington e Oregon.
PT cada vez mais próximo de uma aliança com o PL
Lula visita, em Minas Gerais, empresas do senador José Alencar, tido como o favorito no PL para ocupar a vice na chapa petista. Os liberais já falam em influenciar o programa econômico em um governo do PT
MONTES CLAROS (MG) – Maior partido de oposição no Brasil, o PT deu ontem o primeiro passo concreto para abrir seu leque de alianças fora do espectro da esquerda. Em Montes Claros, norte de Minas Gerais, o líder nacional da legenda, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou em ponto de conclusão a aliança com o Partido Liberal (PL) e informou que vai abrir seu programa de governo para sugestões dos futuros aliados – o que inclui os liberais, que já falam em ter influência no programa econômico petista.
“Quem for o candidato do PT vai ter que cumprir e executar o programa do partido. Obviamente, se fizermos alianças políticas, esses aliados terão uma co-participação na elaboração do projeto”, admitiu Lula, pré-candidato do partido à Presidência. Segundo ele, é preconceito afirmar que os liberais representam a direita. “Queremos fazer uma aliança com o PL não apenas para ganhar as eleições, mas para governar”, afirmou Lula, ontem, após visitar, juntamente com lideranças nacionais do PT e do PL, parte das fábricas da Coteminas, em Montes Claros, de propriedade do senador José Alencar (PL-MG), cotado para a vaga de vice na chapa petista.
“A primeira coisa que vamos propor é que o PL tenha uma forte influência na área econômica do governo (um eventual governo do PT). O senador José Alencar, com toda sua experiência, é o nome ideal para cuidar disso”, disse o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. Segundo ele, a maior probabilidade, no momento, é que as duas legendas fechem a aliança. “Eu gostaria que o meu partido tivesse um entendimento nesse sentido”, reforçou Alencar. Considerado a principal figura do PL, o senador também é cotado para concorrer ao Governo de Minas e garantir um palanque forte ao PT no segundo maior colégio eleitoral do País.
De acordo com o deputado José Dirceu, presidente nacional do PT, não há dificuldade das duas legendas elaborarem juntas o programa de governo. “As idéias do senador Alencar sobre o Brasil, sobre o desenvolvimento nacional e sobre a política econômica são próximas das nossas”, disse.
As tendências e propostas apresentadas ontem na cidade mineira encontram, porém, resistências em setores dos dois partidos. No PT, as alas mais à esquerda não vêem com bons olhos alianças fora do leque tradicional do partido. No PL, o grupo ligado à Igreja Universal do Reino de Deus prefere apoiar o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, pré-candidato do PSB à Presidência, que é evangélico. Na Bahia – importante colégio eleitoral – PT e PL são adversários inconciliáveis.
“O PT está convencido de que essa é a melhor chance, nesses 22 anos de existência, de ganhar as eleições. Mas é preciso fazer alianças que antes seriam consideradas difíceis”, disse Lula. José Alencar comanda a maior empresa têxtil do País em patrimônio líquido (R$ 933 milhões) e já foi vice-presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias). “A eleição de um cidadão como o Lula significaria entregar o Brasil aos brasileiros”, afirmou. A comitiva visita hoje a unidade da Coteminas no Rio Grande do Norte e amanhã vai à Paraíba.
Roseana e Serra firmam pacto de não-agressão
SÃO PAULO - Com um pacto de não-agressão em vigor, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), e o ministro da Saúde, José Serra (PSDB-SP) fecham, nos próximos dias, as agendas de campanha. Adversários da base aliada, os pré-candidatos à sucessão presidencial, Roseana e Serra irão investir em terreno alheio e tentar garantir, com os resultados das pesquisas de intenção de voto, apoios e alianças.
O presidente do PFL paulista, Cláudio Lembo, confirma a série de viagens pelo Brasil, mas assegura que São Paulo não é o alvo prioritário da campanha pefelista. “Não tem nenhuma programação especial para o Estado”, disse. Há cerca de quatro meses, antes de Roseana se destacar nos programas de TV do PFL, o partido chegou a programar uma caravana da governadora pelas 20 maiores cidades do Estado. Diante do sucesso da pré-candidatura, que ultrapassou os 20% nas pesquisas só com os programas de TV, o PFL desistiu da caravana.
Serra, ao contrário de Roseana, está por conta da pré-convenção do PSDB, no dia 24, para iniciar uma extensa agenda de viagens, com visitas a cerca de 300 cidades. Entre elas, Imperatriz, segunda maior cidade do Maranhão e, numa segunda etapa, a capital São Luís. A incursão tucana em campo adversário, no entanto, não está sendo avaliada pela direção do PFL como um ato de provocação ou de ameaça. “Imagino que ele vai lá em missão de paz”, prevê Lembo.
José Serra passou o Carnaval descansando em Campos do Jordão (SP) e retorna hoje a Brasília para iniciar uma extensa agenda programada para seus últimos nove dias no Governo. Ele deixa o Ministério da Saúde no dia 22 para reassumir sua cadeira no Senado e cuidar da campanha. Ele vai se dedicar, nos próximos dias, ao programa do partido na TV, que vai ao ar em 6 de março. A idéia é explorar suas ações na Saúde. Em destaque, o esforço em favor medicamentos genéricos, a produção de remédios contra a aids e a batalha contra o fumo.
A estratégia é semelhante à de Roseana, que mostrou, no programa do PFL, as melhorias em seu Estado. Ela também ampliou sua agenda de campanha. Para isso, tirou uma licença de 20 dias do Governo.
PPS negocia com PDT e PTB frente de apoio a Ciro Gomes
BRASÍLIA - As executivas nacionais do PPS, PDT e PTB encontram-se no dia 21 para articular uma frente nacional de apoio à candidatura presidencial do ex-ministro Ciro Gomes (PPS). Os presidentes dos três partidos - senador Roberto Freire (PPS), Leonel Brizola (PDT), e José Carlos Martinez (PTB) - pretendem marcar um encontro nacional conjunto dos seus diretórios para o dia 18 de março. A partir desta data, segundo Freire, os três partidos trabalhariam nos Estados para fazer coligações que repetissem a aliança nacional.
Ciro Gomes disse ontem que com a construção da frente trabalhista, poderá vencer a eleição. Caso a aliança seja fechada, o pós-comunista deverá ganhar mais espaço nos programas de rádio e televisão. Quando Brizola decidiu apressar o acordo com o PTB e com o PPS, ofereceu a Ciro justamente um maior tempo na mídia.
Ontem, O pré-candidato do PPS desmentiu o suposto encontro que teria, na próxima semana, com a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). Apesar de a informação ter sido confirmada pelas direções do PFL e do PPS e pela assessoria de Roseana, Ciro a classificou como uma manobra do Palácio do Planalto para desestabilizar sua candidatura. De acordo com a direção do PFL, os dois candidatos fechariam uma espécie de frente e tentariam levar a proposta a outros candidatos, para que o Nordeste recebesse tratamento privilegiado.
Decretada prisão de cinco suspeitos no caso Daniel
SÃO PAULO - A Justiça decretou a prisão temporária por 15 dias dos cinco suspeitos do seqüestro e morte do ex-prefeito de Santo André, no Grande ABC (SP), Celso Daniel (PT). São considerados foragidos Itamar Messias Silva dos Santos, Juscelino da Costa Barros (Cara de Gato), Mauro Sérgio Santos de Souza (Serginho), e os irmãos Andrelison dos Santos Oliveira (André Cara Seca) e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira (Bozinho).
A prisão foi pedida pelo Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado (Deic) e decretada na sexta-feira (08) pelo juiz Júlio Caio Farto Salles. Itamar e Juscelino têm passagens pela polícia por furto, roubo a mão armada e porte ilegal de arma. A polícia chegou aos nomes após o depoimento de Manoel Dantas de Santana Filho, o Cabeção. Ele afirmou que o bando - suspeito de praticar seqüestros relâmpagos e usar a Favela Pantanal, zona sul, como esconderijo - guardou um Santana azul na garagem de uma casa de sua propriedade. O mesmo tipo de carro foi usado no crime e um canhoto de um plano de saúde em nome de Daniel foi localizado num bar abandonado na favela.
Hoje foram ouvidas três testemunhas. Cíntia de Oliveira, assessora do deputado Donisete Braga (PT) e ex-namorada do empresário Sérgio Gomes da Silva, que estava com Daniel no momento do seqüestro, e dois assessores da Prefeitura de Santo André.
O presidente nacional do PT, José Dirceu, informou ontem que estuda a promoção de uma investigação paralela pelo partido sobre os crimes contra os prefeitos petistas Antonio da Costa Santos, o Toninho do PT, de Campinas, e Celso Daniel, de Santo André. Ele afirmou que está descontente com os rumos das investigações da polícia estadual. O PT vai discutir uma forma de investigação paralela, buscando auxílio da população de Campinas e Santo André e de policiais voluntários, caso não aconteçam avanços nas investigações das mortes dos dois prefeitos nos próximos dias.
BRINDEIRO DENUNCIA RORIZ
O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu ontem ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a abertura de inquérito penal contra o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, por suspeita de crime de racismo. Brindeiro se refere ao fato de Roriz ter declarado, no último dia 31, durante uma solenidade pública, que “ali tem um crioulo petista, vamos dar uma salva de vaia nele”.
Colunistas
Pinga-Fogo - Inaldo Sampaio
A hora da verdade
Está chegando a hora da verdade no que tange às próximas eleições para o governo estadual e as duas vagas no Senado. Vencida a etapa “carnaval”, que era o limite de tempo que muitos políticos se impuseram para começar de fato a trabalhar, vem por aí a Semana Santa, porém antes do sábado de Aleluia as negociações deverão estar adiantadas, senão concluídas, e cada partido ou coligação com seu bloco pronto para enfrentar o time adversário.
Com relação a Jarbas Vasconcelos, duas coisas estão totalmente definidas: ele não será o vice de José Serra e sim candidato à reeleição. Se seus adversários estão no aguardo de uma definição política dele para armar o jogo de outubro próximo, tratem urgentemente de cair em campo porque a decisão lá já está tomada. Por questão de tática política e conveniência pessoal, ele só tornará pública a sua decisão do final de março para o início de abril.
As oposições é que estão meio sem rumo no que diz respeito ao seu futuro. Não chegaram ainda a um consenso, por exemplo, se é melhor disputar com candidato único ou com vários candidatos. Mas mesmo que pravaleça a primeira hipótese esta pergunta é inevitável: o PT abriria mão do cabeça de chapa? Ver para crer.
Candidato-reserva
Não fosse suas divergências com o PSB de Petrolina, que tem como principal liderança, hoje, o deputado Gonzaga Patriota, e suas recentes alfinetadas no PT, o prefeito Fernando Bezerra Coelho, do PPS, tinha grandes possibilidades de ser escolhido candidato único das oposições para enfrentar Jarbas Vasconcelos, tal como sugeriu Roberto Freire. Duas coisas pesam em seu favor, em comparação com os outros postulantes: garra e vontade de ser governador.
Longe do partido
Segundo a “Folha de São Paulo”, Roseana (MA) está querendo distância do PFL. Iniciará um périplo pelo país para fazer contatos políticos, mas não agendou encontros nem com ACM (BA) nem com Marco Maciel (PE). Convém lembrar que em 1988 Joaquim Francisco elegeu-se prefeito do Recife exatamente assim: “escondendo” o PFL.
Presença maciça
Sérgio Guerra (PSDB) irá a Brasília no próximo dia 24, à frente de uma grande caravana, para a pré-convenção do seu partido que oficializará a candidatura de Serra à sucessão de FHC. O tucanato pernambucano está em falta com o ministro. Quando ele se anunciou como candidato, em 17/01, ninguém daqui deu o ar da graça.
Prefeito de Bezerros está sem candidato
Tio de João Batista Alves, que é secretário-geral do PSDB-PE e ligado a Luiz Piauhylino, o prefeito de Bezerros, Samuel Martins, não disse ainda se ficará ou não com Inocêncio Oliveira (PFL), que era o candidato de Lucas Cardoso.
Assembléia volta ao trabalho nesta 6ª feira
Pelo regimento interno, a Assembléia Legislativa de Pernambuco deverá retomar suas atividades amanhã. Mas é pouco provável que haja quórum porque a maioria dos parlamentares permanece no interior em visita às bases.
Saída anunciada
Dono de um estilo que lembra o de Jânio (Quadros), o prefeito do Rio, César Maia (PFL), é o mais novo desafeto do PSDB. Além de ser um crítico da candidatura de Serra, ele está prevendo que o ministro da saú de não se manterá no páreo até o final. Desistirá, segundo ele, na 2ª quinzena do mês de maio.
Caiu na rede...
Como quem não quer, mas querendo, o deputado Carlos Eduardo (PMDB) colocou um pé em Nazaré da Mata, que era reduto de André de Paula (PFL). O prefeito Jaime Corrêa (PFL), por sua vez, está-se afastando do secretário de agricultura. Homenagou Cadoca e a Antonio Moraes (PSDB) em plena 2ª de carnaval.
Até o ministro Paulo Renato (educação) deu uma cutucadazinha em Roseana (MA): “Precisa mostrar que é uma candidata viável e competente e que tem uma proposta para o país. Até agora isso não foi mostrado, foi apenas uma campanha de imagem”. Com a palavra Gustavo Krause, um dos redatores do programa de governo da governadora.
O Nordeste nunca esteve tão em evidência como nos desfile deste ano das escolas de samba do RJ. A Império Serrano teve como enredo uma obra de Ariano Suassuna e a campeoníssima, Mangueira, as tradições culturais desta região, com destaque para pastoril, fandango, quadrilha e boi bumbá.
De Liberato Costa Júnior (PMDB) sobre o possível retorno de Humberto Costa (PT) à Câmara a partir de 7 de abril: “A oposição está ansiosa, particularmente eu. Desejo ouvir do nobre vereador uma proposta de emprego para os desempregados do Recife, outra para os servidores municipais e visitar os 40 postos de saúde que ele disse que inaugurou”.
Mais intelectualizado quadro do PT, o pernambucano Cristóvam Buarque fala mas o partido não lhe escuta. Defendeu que Lula antecipe os nomes do presidente do BC e do ministro da fazenda do seu hipotético futuro governo, a fim de tranquilizar os investidores internacionais. Mas o partido silenciou.
Editorial
Apagão portuário
A paralisação de operações no terminal de containers do Porto de Suape (Tecon) é uma má notícia para a economia de Pernambuco. Um problema causado por questões de corporativismo sindical e que não se restringe a esse porto. Há poucos dias, uma linha de cargueiros que freqüentava Suape passou a operar com o Porto de Pecém (Ceará). Com a paralisação, a movimentação de cargas está mais lenta. Na semana passada, mais de 40 carretas se aglomeravam na entrada da única empresa que agora trabalha, ali, com containers. A demora para descarregar era de cerca de dois dias, quando antes era de duas horas. O fechamento do pátio público de containers, que estava previsto no contrato com o Tecon, está prejudicando as operações com esse tipo de carga.
O grupo filipino que opera o Tecon não consegue chegar a um acordo com os trabalhadores portuários sobre escalas de trabalho e composição de equipes. Logo após o início dos trabalhos do Tecon, em 20 de janeiro passado, os sete sindicatos que atuam em Suape, que haviam feito um acordo provisório com o grupo filipino, recusaram-se a um acordo definitivo. O grupo quer contratar os operadores das máquinas por tempo indeterminado, por intermédio do Órgão Gestor de Mão-de-obra (Ogmo), criado pela nova legislação portuária, que os sindicatos se recusam a cumprir. Os órgãos de classe dos trabalhadores exigem a continuação do velho rodízio, sob seu controle, que abre espaço para mais gente trabalhando. Acontece que os modernos equipamentos precisam de trabalhadores especializados para operá-los, o que a antiga massa sindicalizada não tem. O resultado é que, não apenas em Suape, mas em quase todos os portos brasileiros, as tarifas são das mais altas do mundo.
Os portos brasileiros têm gente demais e são caros demais. Os altos custos das operações estão congestionando as docas também nos maiores portos do país, que são os do Rio de Janeiro, Santos, Paranaguá e Vitória. Numa comparação entre os portos de Santos e de Barcelona (Espanha), que têm idêntica movimentação de containers, descobre-se que o primeiro opera com mais de 11 mil trabalhadores, enquanto o porto espanhol tem apenas 500. O diretor da Câmara de Comércio Exterior (Camex), Roberto Fonseca, afirma que os grandes portos do país estão sob ameaça de colapso por questões políticas, administrativas e estruturais; e que os esforços de modernização têm sido insuficientes. Na verdade, não é possível mudar as regras durante o jogo, mas os responsáveis pelos portos tentam mudar normas, regras de licitações, à medida que avança o processo de privatização do setor.
Esse processo não teria sido bem conduzido, conforme conclui levantamento da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes: falta um órgão especial do Governo para fiscalizar as concessões portuárias. Convém lembrar que, apesar das agências controladoras, os setores de energia elétrica e telecomunicações estão tendo sérios problemas. No setor portuário, investimentos privados elevaram a produtividade e reduziram o tempo de espera, mas os portos estariam “aquém das metas esperadas” (relatório do BNDES). Para alguns técnicos, a Lei de Modernização dos Portos, que tem nove anos, teria engessado o sistema, sobretudo por falta de investimentos; o que poderia nos levar a um ‘apagão’ portuário. Nas análises, não poderia faltar o preconceito, filho da ignorância. O superintendente do Porto de Itajaí, Amílcar Gazaniga, brada que o “Governo Federal tem de entender que precisa investir em portos que dêem retorno rápido; e não naqueles portos do Nordeste, que vão demorar cinco, seis anos para dar em alguma coisa”. Esquece que nos armazéns de seu porto faltam até tomadas elétricas para manter os freezers.
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02/14/2002
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