Osmar Dias cobra retomada de pesquisas sobre alimentos transgênicos



Com a aprovação da medida provisória que autoriza a comercialização da soja transgênica produzida no Rio Grande do Sul, o senador Osmar Dias (PDT-PR) disse nesta segunda-feira (26) que se abriu -um novo cenário- para o debate sobre os alimentos geneticamente modificados no país. E anunciou que, se o governo não enviar ao Congresso, em 30 dias, projeto fixando critérios para a safra do segundo semestre, vai elaborar proposta estabelecendo um tratamento -técnico, e não ideológico- para a produção nacional de alimentos com alterações genéticas.

Segundo advertiu, a tese defendida por setores do governo e da sociedade de que não é possível plantar e comercializar transgênicos por se desconhecerem os danos causados à saúde -cai por água abaixo- com a liberação dessa venda. Osmar Dias reivindicou a edição de uma lei específica para regulamentação da prática, observando que, enquanto os pesquisadores continuam impedidos de realizar esses experimentos, corre solto o contrabando de sementes geneticamente modificadas, uma fonte de problemas fitossanitários para a agricultura brasileira.

- Os cientistas estão fazendo um abaixo assinado para que se faça uma lei que lhes permita trabalhar - informou. A proibição de pesquisas com transgênicos, de acordo com Osmar Dias, passou a vigorar com seu enquadramento na lei de agrotóxicos. O senador pelo Paraná também considerou -temerária- a decisão do Ministério da Ciência e Tecnologia de transformar a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio) de instância decisória em consultiva.

Embrião

Após serem submetidos a testes -profundos-, que afastem riscos à saúde e ao meio ambiente, Osmar Dias disse que é viável liberar a produção de transgênicos, sob pena de condenar o país ao atraso na área técnico-científica. Diante da contradição que envolve países da União Européia, que criticam esse tipo de cultivo, mas não deixam de investir em pesquisa e importar sementes geneticamente modificadas, o senador considerou que interesses comerciais pretendem moldar a postura de certos países no mercado internacional.

Em aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PPS-RR) manifestou sua preocupação com que -a discussão ideológica impeça a pesquisa com transgênicos e colabore para o país ficar no atraso-. Passados 25 anos de estudo no Brasil sobre o assunto, o senador Jonas Pinheiro (PFL-MT) observou que nada se provou, até hoje, sobre danos causados à saúde animal e à agricultura. O senador Eurípedes Camargo (PT-DF) lembrou da cautela da ministra do Meio Ambiente, a senadora licenciada Marina Silva, com a matéria, admitindo, no entanto, que a questão suscitada por Osmar Dias pode ser -um embrião- para solucionar essa controvérsia.



26/05/2003

Agência Senado


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