OSMAR DIAS: REFORMA AGRÁRIA NÃO SE FAZ COM VALENTIA E FRASES FEITAS



O senador Osmar Dias (PSDB-PR) criticou hoje (dia 19) o discurso radicala seu ver praticado por representantes da UDR (União Democrática Ruralista) e do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra), dizendo que reforma agrária não se faz com ameaças. "Em vez de frases feitas e desafios sobre quem é macho, os interessados em resolver o problema podiam discutir mais seriamente o assunto", aconselhou.

Ele sugeriu que o presidente Fernando Henrique Cardoso reúna as forças que podem interferir nesse processo - Executivo, Congresso Nacional, Judiciário, MST e produtores rurais - para discutir todos os entraves que existem na execução da reforma agrária. "Vamos, por exemplo, cadastrar as famílias que realmente precisam de uma terra para trabalhar, porque ficar apenas discutindo é inútil", disse.

Osmar Dias condenou as ameaças feitas pelo presidente da UDR, Roosevelt Roque dos Santos e afirmou ter aprendido em casa que "fazer ameaça é desobedecer a lei e a Justiça". Em sua opinião, o radicalismo da linguagem utilizada por esse ruralista não é representativo do que pensam os verdadeiros produtores rurais do país. Assim como, em sua avaliação, o discurso de conotação estudantil dos líderes do MST não representa os agricultores sem terra.

- Custo a acreditar que a reforma agrária esteja sendo tratada com tamanha irresponsabilidade. De um lado, líderes que parecem estar num diretório acadêmico, com questões puramente ideológicas. De outro lado, a truculência e arrogância do presidente da UDR, que não está ajudando a preservar o direito de propriedade quando faz um discurso agressivo contra o presidente da República e contra pessoas humildes do MST.

Osmar Dias afirmou que não conhece nenhum produtor rural que tenha a arrogância de desafiar invasões de terra "para ver quem é mais homem". Ele disse que o presidente da UDR se posiciona como chefe de um exército, pronto para a guerra, quando a reforma agrária tem conotação completamente diferente.

Sobre o discurso dos líderes do MST, Osmar Dias comentou: "Os agricultores sem terra são trabalhadores e eu duvido que, entre eles, alguém se identifique com Stédile, Gilmar Mauro e outros líderes, que são verdadeiros estimuladores de conflitos". Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Pedro Simon (PMDB-RS) apartearam, para também pregar equilíbrio nessa discussão.



19/08/1997

Agência Senado


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