OSMAR PEDE APOIO PARA OS PRODUTORES DE LEITE
A pecuária leiteira do país está atravessando a pior crise de sua história, afirmou hoje (dia 10) o senador Osmar Dias (PSDB-PR), acrescentando que o governo precisa adotar "medida rigorosa" para evitar a importação desnecessária do leite e combater as causas que afligem o setor. O problema enfrentado pelos produtores de leite "é uma luta que merece ser assumida por todos os brasileiros", disse.
- O governo não pode continuar oferecendo crédito para contratar importações com juros baixos. Além de exigir que o preço do leite importado seja, no mercado interno, o mesmo praticado nos países da União Européia, o governo deve dar prioridade ao produto nacional para os programas sociais - sugeriu.
Osmar Dias salientou que, embora o setor seja responsável por mais de 500 mil empregos diretos, há produtores hoje vendendo o leite a R$ 0,08 o litro. Reflexo, conforme informou, do forte subsídio oferecido pela União Européia, "que precisa encontrar países ingênuos como o Brasil para importar um produto de segunda categoria".
Após destacar que na Europa uma vaca recebe subsídio da ordem de U$ 2.400,00 e observar que em nosso país é necessário vender 50 litros de leite para se apurarem R$ 4,00, o senador disse que tal situação mostra também que "lá uma vaca vale mais que um produtor no Brasil".
Em aparte, o senador Ernandes Amorim (PPB-RO) disse que em Rondônia "os produtores de leite estão deixando de produzir e vêm sofrendo as conseqüências da lamentável política de importação" adotada pelo governo.
O senador Mauro Miranda (PMDB-GO), após informar que em Goiás - segundo maior produtor de leite do país - o produto está sendo vendido a apenas R$ 0,05 o litro, assinalou que, "se o governo desse preferência ao produto nacional nos programas sociais, poderíamos competir em condições de igualdade com os produtores externos". Ele propôs uma visita dos senadores ao ministro da Agricultura, Arlindo Porto, "para discutir o problema dos produtores de leite".
Já o senador José Bianco (PFL-RO) classificou como "dramática" a situação dos agricultores e considerou "ridículo" o preço do litro de leite, que em Rondônia estaria sendo vendido a R$ 0,08.
O senador José Andrade Vieira (PTB-PR) disse que "os pecuaristas e os produtores em geral sofrem a concorrência desleal dos importados e que o governo precisa se sensibilizar para evitar que o Brasil continue na corda bamba".
Por sua vez, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS), após solidarizar-se com Osmar Dias e definir o leite como "um divino alimento que poderia ajudar no combate à desnutrição", disse que ter sido procurado pelos produtores de leite de Mato Grosso do Sul, "pedindo que os programas sociais do próprio governo federal dêem exclusividade ao produto nacional".
Ao retomar seu pronunciamento, Osmar Dias lamentou a política de investimentos do governo federal que "gastou R$ 7 bilhões com a securitização da dívida rural e pôde gastar R$ 13 bilhões com o Proer". Ele dirigiu apelo ao presidente da Casa, senador Antonio Carlos Magalhães, no sentido de que ajude a "evitar que a vaca vá para o brejo".
- Vossa excelência sabe que poderá contar com o meu apoio e também com o apoio da Casa em relação ao leite, que é uma dos principais alimentos da população brasileira - respondeu Antonio Carlos.
10/02/1998
Agência Senado
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