Ottomar critica retirada de "não- índios" de reserva Raposa Serra do Sol



O governo brasileiro está agindo "na contramão" da tendência internacional de povoar as áreas de fronteira, disse nesta quarta-feira (21) o governador de Roraima, Ottomar Pinto. Em audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele condenou a forma pela qual estão sendo retirados os "não-índios" da área da reserva indígena Raposa Serra do Sol, junto às fronteiras com a Venezuela e a Guiana.

- O grande prejudicado por essa política não é apenas o povo de Roraima, mas também o povo brasileiro. Aquela está se tornando uma terra de ninguém, onde até para se hastear uma Bandeira Nacional já houve problema, porque o tuxaua local não queria permitir - afirmou Ottomar, que esteve à frente de uma delegação de deputados estaduais de Roraima.

A audiência foi promovida a pedido do senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que presidiu a reunião. Em seu requerimento, o senador demonstrou preocupação com a realização de uma operação especial da Polícia Federal, intitulada Upakaton 3, destinada a retirar a população de não-índios que ainda se encontra na área da reserva. Assim como o governador, ele recordou que muitos residentes - inclusive plantadores de arroz provenientes do Rio Grande do Sul - encontram-se no local há muito tempo.

O senador Augusto Botelho (PT-RR) disse esperar que se alcance um acordo com os produtores de arroz, para que não morram pessoas no estado por causa de problemas de terras. O senador recordou ainda que muitas organizações não-governamentais (ONGs) pressionaram o governo para ampliar a área demarcada da reserva. Na sua opinião, está em jogo o "grande potencial mineral" de seu estado.

- Estão guardando reservas minerais para serem exploradas pelos países ricos - disse Augusto Botelho.

Também presente ao debate, o senador Mão Santa (PMDB-PI) ressaltou as "perspectivas invejáveis" de Roraima e elogiou a iniciativa de Mozarildo de promover a audiência pública. Por sua vez, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse esperar que o governo adote todas as medidas necessárias para se evitar um "derramamento de sangue" no estado, por causa da ação de retirada da população não-índia do local da reserva.

A busca de uma solução negociada também foi defendida pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), para quem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levou em conta "fortes apelos" em favor da demarcação da reserva.

Segundo o governador de Roraima, 47% da área do estado é de reservas indígenas e 23% refere-se a unidades de conservação ambiental. Ottomar disse ter informações de que as reservas minerais de Roraima seriam superiores às reservas da província de Carajás, no Pará.



21/11/2007

Agência Senado


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