Pacote argentino afeta o Brasil



Pacote argentino afeta o Brasil

O Brasil vai pagar, de novo, um pedaço da conta da confusão econômica argentina. Sem crédito para continuar sustentando a ilusória política cambial, pela qual um peso vale um dólar, o governo de Fernando de la Rúa tenta aumentar as reservas cambiais do país a qualquer preço.

No sétimo pacote econômico em 23 meses de mandato, transferiu para o Brasil boa parte da fatura da crise, na visão de empresários ouvidos pelo "Jornal do Brasil".

Anunciou isenção total de impostos para empresas exportadoras argentinas. Quer reduzir custos de produção e, assim, baratear preços dos produtos vendidos no exterior. O alvo é o Brasil, destino de pelo menos 38% das vendas externas na Argentina.

Ocorre que os acordos do Mercosul têm como premissa a igualdade de condições de competição empresarial. O novo pacote cria um desequilíbrio estrutural entre os sócios.

"É ilegal", critica a Associação de Comércio Exterior Brasileiro (AEB), que planeja pressionar o governo para levar a Argentina ao tribunal da Organização Mundial do Comércio (OMC) sob acusação de concorrência desleal.

Os credores internacionais descobriram no pacote um calote de US$ 95 bilhões, o maior da história. (pág. 1 e 12)


  • Desde que acabou a lei de fidelidade partidária, em 1985, houve 1.021 trocas de partidos na Câmara. A revoada envolveu 843 deputados, segundo estudo feito pelo professor Carlos Ranulfo, da Universidade Federal de Minas Gerais.

    Na atual legislatura, 199 trocaram de legendas, com a naturalidade de quem muda a camisa. No dia 20 de setembro, quando comunicou à Câmara que saiu do PTB para o PFL, Eduardo Paes - atualmente, em licença, na Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio - tornou-se o 1.000º parlamentar a mudar de sigla. Ao saber da marca histórica, soltou um grito de surpresa: "Jura? Meu Deus." (pág. 1 e 3)


  • A canadense TIW e o Grupo Nexxy, desmentiram nota do Opportunity, ontem, na qual o banco de Daniel Dantas negou ter sido impedido, pela Corte de Cayman, de usar documentos roubados em ações a que responde. A decisão do juiz Sanderson proíbe o Opportunity de "receber, rever ou examinar" os papéis furtados. (pág. 1 e 14)


  • A greve das universidades públicas completa hoje 74 dias. Se as aulas fossem retomadas na segunda-feira o semestre letivo, que por lei tem 100 dias, se estenderia até 19 de março de 2002.

    Como o comando de greve e o Ministério da Educação não chegam a acordo, as aulas avançarão até abril.

    Férias, só entre o Natal e o Ano Novo. Do fim deste semestre e até o início do próximo ano letivo, só haverá uma semana de descanso. (...) (pág. 1 e 17)


  • No caso de o governador Anthony Garotinho (PSB) desistir de concorrer à Presidência da República para tentar a reeleição, o PT pode ser forçado a buscar um candidato quase às vésperas da eleição.

    Favorita para vencer a prévia, a vice-governadora Benedita da Silva afirmou em reunião com a bancada estadual do partido, na semana passada, que não vai disputar a eleição contra Garotinho. "Ela disse que não enfrentaria Garotinho se ele concorresse à reeleição", lembra o deputado Hélio Luz. (...) (pág. 3)


  • O delegado Luiz Fernando Tubino, ex-diretor da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, pôs mais lenha na fogueira das denúncias que vinculam o governo petista de Olívio Dutra ao jogo do bicho. Ele afirma que o governador o aconselhou a ir à casa do economista Diógenes de Oliveira, em março de 1999, para tratar de assuntos de governo.

    A gravação da conversa, feita sem que Diógenes soubesse, foi entregue à CPI de Segurança da Assembléia Legislativa do Estado no último 25, pelo advogado Wilson Müller. Diógenes, que atuou como coordenador da campanha de Olívio Dutra em 1998, aconselhou o delegado a ser leniente com o jogo do bicho, caso os bicheiros não se envolvessem com o crime organizado. (...) (pág. 5)



    EDITORIAL

    "Desvios de Conduta" - Não é a primeira vez que o PT vai para a berlinda em condições inesperadamente negativas para quem se prepara para a campanha eleitoral de 2002, na qual deposita as melhores esperanças.

    A revelação da fita contendo o diálogo entre o presidente do Clube de Seguros da Cidadania, patrocinado pelo partido, e o ex-chefe de polícia do Rio Grande do Sul, é dessas peças de múltiplo uso político com potencial de repercussão duradouro.

    Depois de recuperar-se do choque, o PT gaúcho optou pelo processo de expulsão que já abriu. Diógenes de Oliveira utilizou o nome do candidato Olívio Dutra para pedir que os bicheiros de Porto Alegre não fossem mais importunados pela polícia. (...)

    É bom que o PT aprenda em tempo que o poder tem lados diferentes e tanto alterna efeitos agradáveis quanto desagradáveis. O importante é encontrar a saída política e formular, no caso de Porto Alegre, a explicação que satisfaça à opinião dos que não são petistas, mas democratas reocupados com a melhoria da democracia. (pág. 10)



    COLUNAS

    (Coisas da Política - Dora Kramer) - Andam um tanto mal explicadas as posições do Planalto e do PMDB com relação a Itamar Franco. No mesmo dia defendem-se versões conflitantes: uns dizem que o plano é enfrentar o homem nas prévias e derrotá-lo, da mesma forma que se fez na convenção peemedebista de setembro último, e outros defendem a tese de que não, o esperto é deixar Itamar concorrer pelo partido, abandoná-lo à própria sorte e deixar que ele tire um bom quinhão de votos da oposição. (...) (pág. 2)


    (Informe JB - A edição de hoje do "Le Monde" traz reportagem de página inteira, com chamada de capa, sobre o intercâmbio cultural Brasil-França.

    O jornal destaca as exposições de Mira Schendel e Tunga, no Jeu de Paume, além da retrospectiva de Oscar Niemeyer, programada para dezembro no mesmo museu. (pág. 6)



    11/03/2001


    Artigos Relacionados


    Para mercado, pacote argentino é moratória

    Novo pacote argentino não vai conter insatisfação popular, diz Fogaça

    Brasil recebe ministro da Defesa argentino em Brasília

    Chanceler argentino diz que é preocupante deficit comercial com Brasil

    Novo chanceler argentino diz que Brasil é país irmão

    Mão Santa elogia pleito argentino e diz que Brasil vive uma barbárie