Novo pacote argentino não vai conter insatisfação popular, diz Fogaça



O senador José Fogaça (PPS-RS) avalia que o novo pacote econômico argentino, anunciado no último domingo (3), embora tecnicamente acertado, não será capaz de conter a insatisfação popular no país. Ele lamenta que pequenas empresas, profissionais liberais e trabalhadores temporários, que vêm sofrendo muito com a crise, não tenham sido contemplados pelas últimas medidas.

- Parece que esse é o caminho mais acertado, mas não elimina a dor. O novo pacote não atende o problema do capital de giro de pequenas empresas, que continuará bloqueado. A injeção é dolorosa, o remédio é amargo e não vai evitar que a Argentina atravesse uma pesada recessão em sua economia - analisou Fogaça em entrevista à Agência Senado .

O senador acredita que a equipe econômica precisa ter muita habilidade para dosar corretamente a liberação dos depósitos bancários sem que haja a falência das instituições do sistema financeiro. Esse, segundo Fogaça, é o pior cenário possível, pois, com a quebra dos bancos, seria instalado o caos no país.

As medidas, na opinião do senador, também não vão impedir uma grande desvalorização do peso e o aumento da inflação. A emissão de certificados para a compra de imóveis e de bens duráveis, como automóveis, e o aquecimento das exportações, esperado com a desvalorização da moeda - disse Fogaça - poderão, no máximo, evitar uma maior evasão de divisas, mas não conseguirão reverter a tendência de crescimento negativo da economia.

Fogaça lamentou que, diferentemente do que aconteceu no Brasil, as empresas argentinas não tenham aproveitado o período de paridade no câmbio para se modernizar por meio de investimentos em tecnologia e em aumento da produtividade. Assim, prosseguiu, a Argentina depende fortemente do setor agropecuário exportador, com produtos como a carne bovina, trigo e frutas, que terão que dar maior sustentação à economia nos próximos anos. "Mas isso vai depender do nível de competitividade dos produtores argentinos e dos preços praticados no mercado internacional", afirmou o senador.

04/02/2002

Agência Senado


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